sexta-feira, 28 de maio de 2010

COMENTÁRIO DE THIAGO COSTACKZ

Ola Gibsom, td bem com vc?

Vi suas fotos no Orkut, no blog e também o vídeo de youtube sobre a situação do antigo Museu de Ceara-Mirim! Meu deus que problema este não? Uma parte tão importante da historia da cidade sendo condenada ao inferno aos pouquinho não só pela ação do tempo mais também pelas mãos assassinas destes aborígenes jurássicos inaculturados!

Quem administra ou responde pelo lugar?
(ninguém claro, se não... Não estaria assim ne?)

Bom, eu tenho muitos contatos aqui com toda mídia nacional e tenho muitos amigos, celebridades e políticos influentes.. Talvez eu possa ser útil de alguma forma... Sei La de repente vou ai pintar toda aquela fachada com minha arte para chamar atenção para a preservação do local... Meu trabalho da muita mídia e sempre que posso ajudo causas. Não sei.. é uma idéia.

Conte comigo

Thiago Costackz

POETA ZÉ BARACHO

José Severino... o Poeta Zé Baracho. Cantador de Côco, Cantador de Viola, Romances, Poemas, Temas, Galopes, Martelos, Incelências, Conhecedor de rezas e medicina popular. Como seria importante que as autoridades locais e do país olhassem nossos mestres com respeito e proporcionassem ações que valorizassem e reconhecessem esses verdadeiros representantes da cultura popular. Estar com eles é como se passasse por uma catarse e fico revigorado, não canso de ouví-los e quando surgem esses momentos tento absorvê-los com todas as minhas energias. A sabedoria dos mestres está ao alcance de todos, no entanto, poucos conseguem captá-las!!! São oitenta anos cantando o coração e a alma!!!

COMENTÁRIO DE CÍCERO MILITÃO

Amigo Gibson,

Um homem apaixonado pela sua terra, que vai buscar as raizes do seu povo, amigo do tempo, da arte e da vida. Homem sábio que conta a história dos seus casarões antigos, que varre as ruas com sua câmera, que vai nas chamadas da budega ao oitão das suas igrejas lindas. Sua família é o retrato fiel de sua verdade. Filho da arte do mato grande, filho da terra que brota a vida de um povo que esbanja cultura. Tua gente deve muito a te não apenas pelo que fázes, mas pelo que representas para Ceará-mirim e para a História desse nosso Rio grande do Norte.

COMENTÁRIO DE MARIA JOSÉ RAMALHO

Parabéns Gibson, eu, como todo povo de Ceará-Mirim, devemos nos orgulhar de tão ilustre pessoa que você é, trazendo para conhecimento de todos e, principalmente das gerações mais jovens, a cultura popular muitas vezes esquecida. É um projeto fantástico. Orgulho-me de ser sua conterrânea.

COMENTÁRIO DE JADSON QUEIROZ

Parabéns Gibson!!!
São momentos como esses que nos orgulha e mostra o amor que dedicamos a nossa terra tão querida e amada. A pureza dos músicos, a singeleza do Hino executado, o amor com que Zé Luiz o compos e a dedicação de sua parte, em mostrar a todos, o seu grande amor ao Ceará-Mirim!!! São ingredientes que tornam esses momentos tão especiais e inesquecíveis!!!!

Um grande abraço do teu pai, Jadson.

COMENTÁRIO DE ROBERTO SALES

Sr Gibson,

Procurando pelo título deste texto, encontrei o seu blog e constatei que o seguinte comentário “O Ceará Mirim, por suas belezas naturais, tem despertado em seus filhos a sensibilidade artistica. Esta cronica de Mariza Roque (tia do escritor Franklin Jorge?) é prova disto.”, do Sr. José Eduardo Cunha no blog de Franklin Jorge , é a mais pura verdade pois aqui, encontro mais um filho desta terra com a sua sensibilidade artística despertada. Parabéns pelo seu blog e pelo amor que tem a sua terra!Aproveito, para colocar o mesmo comentário que fiz no blog de Franklin Jorge sobre este mesmo texto: “Tenho acompanhado o blog de Mariza e acho a sua sensibilidade artística uma dádiva para os seus seguidores. Tanto as suas crônicas quanto as suas poesias são de primeira grandeza. Mariza é uma artista sensível e, todos os seus textos, sejam em prosa ou sejam em verso, me surpreendem constantemente. Esta mulher tem a veia artística à flor da pele! Extremamente romântica, ela nos faz viajar pelos seus textos como se fôssemos nós, os protagonistas dos seus escritos.
Quero hoje, desejar a Mariza Roque todo o sucesso do qual ela é merecedora e parabenizar a cidade de Ceará-Mirim por esta filha ilustre que valoriza a sua terra e a sua gente.
Quero também, parabenizar você, Franklim Jorge, por ter esta jóia rara como tia.”
Parabéns a vc também, Gibson, por tê-la como amiga
Um grande abraço deste mais novo seguidor.
MADALENA ANTUNES PEREIRA


A Ata Diurna da Sexta-feira, 12 de junho de 1959, de Luiz Câmara Cascudo, publicada no Jornal da República transmite preciosos dados da vida e morte da eterna Sinhá moça do Ceará-Mirim.

Maria Madalena Antunes Pereira nasceu à 25 de maio de 1880 e faleceu aos 11 de junho de 1959. Sinhá moça do oiteiro, menina de engenho sonoro, coméia de escravos sem troncos e sem chibata, labuta dos citos sem lágrimas. Última sobrevivente da aristocracia rural de Ceará-Mirim sempre demonstrou um espírito fidalgo, irmã das escravas e senhora das amigas. Para todos nós, era uma valorização feminina, valorizava o sexo pela graça, pela malícia, pela finura, pela elevação da conduta vivida, em linha reta erguendo a mão para abençoar e baixando-a para escrever. Escreveu o primeiro livro de memória feminina do norte brasileiro “Oiteiro”, onde reviveu o passado trazendo-o a fixação presente pelo irreversível impulso de alegria sonora e rica como um guiso de ouro cristal. Não envelheceu para entristecer-se para anoitecer os dias contemporâneos, apenas a vida, tornou-se a mais experiente, mas vibrante, recobrindo de intenção notiva as causas que tinham desaparecido. Deus lhe deu a varinha de condão de “Maria Borralheira”, transformava em música cantigas, festas coloridas de crepúsculo e reais e noites de luar sideral as paisagens sumidas e pobres. Tudo era possível voltar a viver quando ela queria evocar.
Quando não podia mais andar, sentou-se na cadeira como uma rainha no trono para aceitar a servidão jubilosa de todos os seus, a família e os amigos que era todos a sua família também.
Ficou como uma roseira, flor de todo ano, não precisando mover-se para frutificar e deslocar-se para o milagre do perfume e da compreensão total.
Madalena lia muito, mas a sua cultura era uma soma de intuições surpreendentes. O livro pouco trazia de ensino, era sua vida interior que a iluminava toda, como uma lâmpada de prata derrama a transparência clareada pela amplidão informe. Morreu aos 79 anos ainda moça, muito mais moça do que suas trisnetas. Conservava a força exultante de um júbilo espontâneo e poderoso que se derramava ao derredor como uma luz cheia de benção.
Morreu pensando em escrever, escrever para perpetuar sua terra e sua gente num ambiente de ternura, de bondade, de cores leves e românticas do amanhecer de noivado.
A vida não conseguiu decepciona-la, torturou-a, mas não a venceu. Madalena estava por cima do tempo, da vida, das tempestades que sacodem aqueles que andam arrastados nos caminhos do mundo. Ela voava livre de todas as leis da gravidade, no tapete mágico dos sonhos tendo na mão fina e nobre, a lâmpada de Aladim.
Só sabia escrever evocando, matando a morte pela saudade, enchendo o horizonte de versos, de anseios, de lembranças, de pensamentos idos e vividos, bailantes, intermináveis, incessantes como pirilampos.
Cascudo afirmou: Não posso vê-la, pela primeira vez imóvel e silenciosa, os olhos claros apagados e a voz sem as águas vivas da comunidade criadora. Voltando para o céu, deixo-nos a última alegria viva, familiar e linda em sua legitima telúrica, da terra do vale do Ceará-Mirim.

13O ANOS DE MADALENA ANTUNES

130 ANOS DE MADALENA ANTUNES
Por Franklin Jorge

http://www.franklinjorge.com/blog/category/o-santo-oficio/

Pertence Maria Madalena Antunes Pereira ao seleto grupo de escritores do Ceará-Mirim, que, pelas características que tem em comum configuram uma escola literária. A “Escola do Ceará-Mirim”, conforme a definição argutamente forjada pelo grande critico e ensaísta José Livio Dantas:
“O traço característico dessa escola é a síntese que seus membros fazem do particular com o geral, da aldeia com o mundo, do detalhe com a macrovisão. Nisso são magistrais. Olham para o pormenor e vêem a paisagem; falam de sua querência – para nordestinizar esse bonito vocábulo gauchesco – e se universalizam; voltam-se para dentro de si próprios e redescobrem a humanidade. Não é sem razão que são chamados de humanistas, ceará-mirimente humanistas.”
Madalena Antunes não apenas se inscreve nessa tradição: funda-a, ao restaurar em um livro delicioso seus primeiros anos de vida, o que significa dizer, sua infância e adolescencia vividas na casa-grande do Engenho Oiteiro, um dos muitos engenhos então em plena atividade no ubérrimo Vale do Ceará-Mirim.
Em conferencia que fiz no Ceará-Mirim, para cerca de 400 pessoas que compareceram ao Centro Social Urbano, há alguns anos, justamente sob o tema “a escola do Ceará-Mirim”, enfatizei essa contribuição fundadora de Madalena Antunes e me detive na apreciação da obra de seus dois mais ilustres discípulos, os escritores Edgar Barbosa e Nilo Pereira, que se notabilizaram como humanistas integrais.
Neste dia 25 transcorre o 130º. Aniversário de nascimento da autora de “Oiteiro, memórias de uma menina-moça”, obra que é como que o contraponto feminino de “Massangana”, do pernambucano Joaquim Nabuco. Publicado há pouco mais de 50 anos, não se inscreve entre as obras de ficção, mas do memorialismo, da etnografia e da sociologia, embora, neste aspecto, a autora não tenha procurado ser, deliberadamente, uma fria especialista.
Seu livro é fruto da memória, da observação e da experiência; além de constituir-se em um singular documentário e o registro de uma época. Nele, avulta a presença da escrava Patica, uma espécie de astuciosa Xerazade do Vale do Ceará-Mirim, e aquela página tocante em que a autora eterniza o 13 de Maio em que a Princesa Isabel aboliu definitivamente a escravidão no Brasil.
Agora a sua neta, a neta da escritora canônica do Ceará-Mirim, Lucia Helena Pereira, chama-nos a atenção para a importância desta data que de outra forma teria certamente passada despercebida: os 130 anos de uma autora que é sem duvida a fundadora da Escola do Ceará-Mirim, cujo traço particular, conforme a admirável síntese de José Livio Dantas, seria essa maneira de urdir com talento, cultura e sensibilidade admiráveis, “(…) a síntese que seus membros fazem do particular com o geral, da aldeia com o mundo, do detalhe com a macrovisão. Nisso são magistrais. Olham para o pormenor e vêem a paisagem; falam de sua querência – para nordestinizar esse bonito vocábulo gauchesco – e se universalizam; voltam-se para dentro de si próprios e redescobrem a humanidade. Não é sem razão que são chamados de humanistas, ceará-mirimente humanistas.”

domingo, 23 de maio de 2010

I CONCURSO DE FOTOGRAFIA DR JULIO GOMES DE SENNA

No Brasil estamos vivendo um período em que a supervalorização de culturas importadas pela globalização da informação, sobrepõe-se às nossas tradições, entrando em um processo gradativo de desvalorização da cultura genuinamente brasileira.
O patrimônio histórico e cultural de Ceará-Mirim tem sofrido intenso processo de deterioração, principalmente os patrimônios arquitetônicos, através de seus casarios e dos velhos engenhos construídos no período da aristocracia canavieira. Embora não podemos esquecer os patrimônios imateriais que já estão em avançado processo de extinção.
O Centro Esportivo e Cultural, juntamente com a família do cearamirinense Julio Gomes de Senna, engenheiro agrônomo que tanto contribuiu para o registro da história do município, quando publicou os livros Ceará-Mirim Exemplo Nacional volumes I e II e, também, registrou através de fotografias o cotidiano da cidade nas décadas de 1930 a 1970, estão promovendo o “I Concurso de Fotografias Dr. Julio Gomes de Senna”, com o objetivo de divulgar e valorizar o patrimônio histórico, artístico e cultural de Ceará-Mirim, através das escolas publica e privada.
O concurso levará os alunos do município a pesquisar, conhecer e divulgar o patrimônio histórico e cultural do município através da “I Exposição Olhares sobre o patrimônio histórico e cultural de Ceará-Mirim” que será realizada pelo Centro Esportivo e Cultural nos dias 05 e 06 de Agosto de 2010.
As pesquisas realizadas pelos estudantes de Ceará-Mirim proporcionará o acesso ao conhecimento da história e da formação sócio-econômica e cultural de nosso povo. Dessa forma esperamos acender a chama do "patriotismo" local de modo que nossas tradições sejam revigoradas e valorizadas por esta geração "cibernética".
O olhar através da fotografia possibilitará o aluno a ver o patrimônio de Ceará-Mirim com mais sensibilidade o que tornará possível uma visão crítica sobre a importância da preservação e da manuntenção da memória baquipiana.
O Centro Esportivo e Cultural através da Diretoria de Cultura tem buscado contribuir para o desenvolvimento cultural de Ceará-Mirim, no entanto, a instituição não tem condições de manter projetos culturais permanente, por isso, espera o apio cultural do comercio local, dos amigos do Centro e dos amantes de Ceará-Mirim.
Informações com Gibson Machado: 9104-9145

JULIO GOMES DE SENNA

JULIO GOMES DE SENNA
Julio Gomes de Senna nasceu em Ceará-Mirim a 20 de maio de 1897, era filho de Galdino Gomes de Senna e Maria Gomes de Senna e casado com Maria Salomé Fernandes de Senna. Do casamento teve três filhos, Nilton Fernandes Senna (felecido), Jose Fernandes Senna e Nedy Fernandes Senna. Faleceu no Rio de Janeiro aos 10 de junho de 1972.
Concluiu o curso secundário no Atheneu Norte Riograndense, em Natal, formou-se em 1933, como Engenheiro Topógrafo e Rural, na Escola Superior de Medicina Veterinária e Agronomia de Belo Horizonte/MG e, como Engenheiro Agrônomo pela Escola Agrícola da Bahia, Salvador, em 1935. No Rio de Janeiro fez o Curso Normal de Técnico em Assuntos Postais-Telegráficos, na Escola de Aperfeiçoamento dos Correios e Telégrafos, em 1940. Recebeu títulos do Curso de Agrônomo Regional pelo Ministério de Agricultura e do Curso de Ecologia Agrícola do Professor Girolamo Azzi, da Escola Nacional de Agronomia. Foi também diretor, em 1938, do Campo Experimental “Octavio Lamartine”, em Jundiaí – Macaíba – RN, do Ministério da Agricultura.
No DCT, exerceu ainda, entre outras chefias, a de chefe de tráfego postal da Diretoria Regional do Distrito Federal (GB-Rio); de Inspetor Geral do DCT e de Presidente de várias Comissões de Inquéritos Administrativos.
Em 1942 foi comissionado chefe da Seção do Pessoal da Diretoria Regional dos Correios do Estado de Goiás, sendo em 1944, requisitado por Dr. Pedro Ludovico, Interventor Federal, ao Sr. Presidente da República, para chefiar a Seção de Engenharia e produção, do Município de Anápolis, Estado de Goiás.
A experiência com pesquisas científicas se deu a partir da defesa da tese de graduação “O algodão e as secas do Nordeste”, em 1935 quando colava grau de Engenheiro-Agrônomo na Escola Agrícola da Bahia.
Em 1939 foi convidado pelo então prefeito de Ceará-Mirim Pedro Heráclito Pinheiro, para fazer o levantamento geográfico do município, ainda não existente, em obediência aos dispositivos do Decreto 311, de 2 de março de 1938 e, naquela ocasião completou suas anotações anteriores, já enriquecidas de dados colhidos em 1915, quando, como diarista da “Comissão de Estudos do Vale do Ceará-Mirim”, do Governo Federal e sob a direção do engenheiro Abreu e Lima, foram encarregados de fazer a medição e o alargamento do leito do Rio Água Azul, no trecho Usina São Francisco – Bacia do Pirpiri, além de outros trabalhos.
Em 1956 apresentou no II Congresso Brasileiro de Engenharia e Indústria, realizado no Rio de Janeiro sob os auspícios do Clube de Engenharia uma tese sobre a cultura do trigo, baseada nas condições ecológicas do Goiás. Intitulada “A Farinha de Trigo poderá ser fabricada no Centro Geográfico da Nação Brasileira”, que foi aprovada, conforme consta em seus “Anais”.
As anotações registradas por Dr. Julio Senna durante o período em que prestou serviços no vale do rio Ceará-Mirim resultaram na publicação dos livros Ceará-Mirim exemplo nacional volumes I e II, que trata de um estudo detalhado sobre o município porque é Geografia, uma História, uma Sociologia, um trabalho de reflexão e pesquisa, em que o autor deixa fluir todo o sentimento pela terra e um apelo às novas gerações para que estudem os nossos problemas.
O acesso à obra de Julio Senna está restrita a poucos livros e são muito difíceis de serem encontrados. Os livros estão esgotados e não há interesse do poder público em reeditá-los. Estamos fazendo o possível para terminar a diagramação do material para a publicação do volume III do Ceará-Mirim exemplo nacional, que trata de anexos dos volumes anteriores. É possível que a publicação esteja pronta até setembro de 2010.


Gibson, José Fernandes (filho de Julio Senna) e Lucineide (vice-diretora da Escola Julio Senna)


Meu primeiro contato com Dr. José Fernandes Senna, filho de Julio Senna, foi em 2007 quando visitou Ceará-Mirim junto com sua esposa e sua irmã Nedy. Conversamos uma tarde inteira e, desse encontro, surgiu uma grande amizade entre nós. Durante todo esse período em que nos comunicamos, ele foi trazendo muitos pertences de seu pai para que no futuro colocássemos em uma sala na Escola Municipal Dr. Julio Senna.

Exposição com equipamentos e arquivos pertencentes a Julio Gomes de Senna

Em março o corrente ano, durante a programação de aniversário da escola, fui convidado pela direção para expor o material usado pelo Dr. Julio Senna em suas pesquisas pelo vale e, também, fazer palestra sobre o seu patrono. Aceitei o convite e sugeri que convidássemos o sobrinho de Julio Senna, o também cearamirinense Inácio Magalhães de Sena, para falar sobre seu tio e sua importância para Ceará-Mirim.


Inacio Magalhães de Sena (sobrinho de Julio Senna) e Gibson Machado

O evento foi muito gratificante e o público presente estava muito atento e concentrado nas palavras de Dom Inácio, que emocionado, contava toda a história do grande pesquisador, sua trajetória para o sul e seus trabalhos no Brasil central.
Após a palestra de Inacio, fiz uma pequena viagem através de registros fotográficos feitos pelo engenheiro agrônomo durante seus trabalhos no vale de Ceará-Mirim entre 1939 e 1970. São fragmentos históricos que chamaram a atenção de todos como se tivessem em um túnel do tempo.

Gibson Machado fazendo exposição fotográfica sobre Julio Senna

Para homenagear Julio Senna o Centro Esportivo e Cultural, através da diretoria de cultura, realizará o I concurso fotográfico Dr. Julio Gomes de Senna com o tema: “Olhares sobre o patrimônio histórico e cultural de Ceará-Mirim”. O objetivo do concurso é proporcionar aos alunos das escolas publica e privada, a pesquisa e o conhecimento da história do município através de seu patrimônio histórico e cultural e, também, incentivar a fotografia como meio de contar história e fazer arte.
As inscrições serão feitas nas escolas parceiras e terá premiações para duas categorias: 6º ao 9º ano (1º lugar: 200,00, 2º lugar: 100,00 e 3º lugar: 50,00) e Ensino Médio (1º lugar: 300,00, 2º lugar: 200,00 e 3º lugar: 100,00).
A culminância do concurso será nos dias 5 e 6 de agosto de 2010 com a I exposição “Olhares sobre o patrimônio histórico e cultural de Ceará-Mirim”. A premiação será divulgada no dia 06/08 e terá uma premiação surpresa através de eleição feita pelo publico.

sábado, 15 de maio de 2010

MESTRE TIÃO - 96 ANOS

VIDA VIVA E BEM VIVIDA!

Gibson Machado e Mestre Tião com sua "concertina"

Hoje é mais um dia especial! Especial porque, depois de tantas tentativas de visitar meu amigo Mestre Tião, consegui superar os tropeços diários da falta de tempo. Ontem, 14 de maio de 2010 foi mais um dia inesquecível na vida do mestre Tião Oleiro do Congo de Guerra de Tabuão. Há 96 anos nascia um caboquinho, um neguinho – como ele costuma dizer – no eito do canavial, cheirando a bagaceira e mel de engenho. São anos de experiências enveredadas por caminhos diversos, caminhos que, muitas vezes, foram tortuosos e amargos. No entanto o que torna esse relicário humano especial é sua forma de viver. Sua senectude é a prova maior de que a vida está sendo generosa, pois o que mais o faz feliz é poder contar com a presença de seus familiares e amigos. O mestre em sua plena sabedoria entende que a idade altera a forma como se sente a vida. Lembra que a mocidade, quando no frescor da vida, envolve quimeras e utopias, otimismos e uma intensidade de anseios que os mais velhos não têm… e que a passagem da juventude, à maturidade e à velhice, envolve experiências, verdades, reflexões novas, que alteram os nossos valores e a forma como vemos e sentimos a vida. Cada ano que passa é como uma fita cinematográfica cujos quadros se projetam na tela da memória e contam toda sua trajetória de vida: a lembrança do tempo de pastorador de porteira na bagaceira do Engenho Grande, as brincadeiras com os meninos do Engenho Laranjeiras de Joca Sobral. São vivencias que o ajudaram a construir uma vida repleta de experiências cujos fragmentos de memória fazem marejar os olhos sulcados pelo tempo, esse senhor passageiro que, como diz Marco Aurélio, imperador e filósofo romano, “é de uma voragem tremenda; assim que uma coisa nos é trazida à vista, logo é dela varrida, e outra toma o seu lugar, antes de também ela desaparecer. Dessa forma a vida do homem na natureza, nasce, vive e transcende e diante do mistério da vida, nos comparamos ao inexistente, que segundo Pascal, na natureza somos um nada comparado ao infinito, um tudo comparado ao nada, algo intermédio entre o nada e o tudo. Somos incapazes de ver o nada de que somos feitos, o infinito em que estamos engolidos. Minha visita à comunidade de Tabuão foi muito gratificante, pois tive a felicidade de levar comigo dois amigos muito especiais: O pintor e poeta Vilella e Mestre Joaquim, um octogenário no alto dos seus 86 anos, que nos presenteou com o inseparável companheiro de 78 anos, um surrado cavaquinho cujos acordes nos fazia sonhar junto ao mestre.

Mestre Joaquim (86 anos) e seu inseparávl cavaquinho

Ao chegar à comunidade fizemos uma surpresa ao Mestre Tião, pois o mesmo fazia muito tempo que não encontrava seu amigo e companheiro de congada Joaquim. Foi uma verdadeira festa que ficou mais emocionante quando o velho embaixador do Congo de Guerra Zé Baracho se juntou ao grupo. Fiquei um bom tempo observando a sintonia que existia entre os amigos e, nesse ínterim, cantavam, tocavam e relembravam tempos pretéritos de orgias e festas. Eu, que não fui bôbo, filmei e fotografei aquele momento inesquecível.

Mestre Zé Baracho, Mestre joaquim, Gibson Machado, Mestre Tião e familiares

Não esperava que fosse ser uma tarde de grande significado cultural. Para se ter uma idéia da importância desse dia, os mestres juntos somam 262 anos de vida e, desses, 226 anos foram dedicados a cultura popular. Mestre Tião começou a brincar congo aos oito anos, portanto, são 78 anos de folclore; o Mestre Zé Baracho tem oitenta anos e setenta de folclore; o Mestre Joaquim, tem oitenta e seis anos e 78 de folclore, portanto, esses baluartes são bastiões de nossa cultura popular e tem toda uma trajetória de vida dançando, cantando e conduzindo uma tradição popular secular, cujo fim, infelizmente, é a eminente extinção, uma vez que nossas manifestações tradicionais estão esquecidas e não temos meios para fazê-las resistirem ao abandono. Atualmente nossas manifestações populares estão tendo um tratamento secundário, talvez, a situação financeira que o país passou tenha contribuído para que nossos grupos folclóricos não tenham sido convidados para nenhum evento, sejam privados ou públicos, e, também, é incompreensível como os autênticos representantes de nossas tradições não tenham participado dos encontros de cultura realizados no município e no Estado. Penso que é necessário romper as barreiras do individualismo forrento e buscar soluções coletivas que salvem nossa história, nossa memória, nossas tradições da invasão de culturas alienígenas, introduzidas em nossas vidas através da globalização e da aculturação feroz que nos impõem as esferas superiores. Na Lei Orgânica do Município de 2006, no capítulo VII da Educação, Art. 115, § 2º diz que: As escolas de primeiro e segundo graus incluem entre as disciplinas oferecidas o estudo da Cultura norte-rio-grandense e cearamirinense, envolvendo noções básicas de literatura, artes plásticas e folclore do Estado e do Município, bem como noções básicas de agricultura, pecuária, especialmente, nas escolas da zona rural. Diante disso, é preciso refletirmos, enquanto educadores, se realmente estamos cumprindo o que a Lei orienta. Sinceramente, não acredito que isto esteja sendo feito em todas as escolas. Certamente há algumas isoladas que obedecem essa orientação. Outras, o fazem em datas comemorativas cujos trabalhos são praticamente os mesmo ano após ano. É imprescindível que os educadores da rede estadual e municipal, façam capacitações dentro da área de estudo solicitada pela Lei, para que possam ajudar nossos estudantes a conhecer sua história e, com isso, aprender a valorizar e proteger as tradições, a memória e, acima de tudo, crescer como cidadão amando sua terra, aquilatando cada pedacinho deste vale suntuoso e ubérrimo. Há a esperança de que haja uma sensibilização por parte dos gestores municipais quando sinalizam com possíveis políticas públicas culturais que, provavelmente, venham fortalecer e valorizar nossas tradições e, assim, tenhamos a certeza de que os verdadeiros representantes de nosso folclore sejam redescobertos e que tenham oportunidades de mostrarem, enquanto vivos, a potência de seus conhecimentos, porque somente eles, são capazes de repassá-los às novas gerações, por isso, é imprescindível que as ações de governo sejam implementadas urgentemente antes que nossos mestres de encantem.

O Centro Esportivo e Cultural sempre tem contribuído para que possamos realizar nossos contatos com os mestres e, também, possibilitado, na medida do possível, eventos culturais em nossa cidade. Agradecemos ao presidente da instituição Ubiratam Severo por ter nos doado o bolo do mestre Tião.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

13 DE MAIO - A LIBERTAÇÃO


São poucos os registros que tratam da escravidão em Ceará-Mirim. Muitos que escreveram sobre o período áureo da cana-de-açúcar, o fizeram destacando a fidalguia, o fausto... a história negra desse tempo foi esquecida pelos nossos escribas. O que temos como registros são fragmentos isolados como no livro "Oiteiro" Memória de uma SInhá Moça de Madalena Antunes Pereira, publicado em 1957. A narrativa da memorialista nos faz ter uma idéia de como foi o dia 13 de maio de 1888 no interior do engenho Oiteiro e na vizinhaça do vale.

A LIBERTAÇÃO

(...) Em 1919 perdí a minha inesquecível Patica. Não lhe faltaram, na hora extrema, os cuidados e carinhos de que era merecedora num justo tributo do arraigado amor da minha parte.
Pus-lhe nos últimos momentos a vela na mão. Também ela iluminara-me a infânica e, ao perdê-la na idade madura, sentia-me órfã pela segunda vez, visto que perdera meus pais.
Seputei-a condignamente ao lado daquele que fôra tudo na vida para mim. A minha proteção abrangeu o espôso que deixara, alquebrado e doente, o querido "carreiro", seu único amor.
Ambos só dixaram o Oiteiro por morte.
Recordo-me de episódios anteriores à Abolição. No écran dos meus oito anos ficaram gravados. Conversas que eu entendia, outras que ficavam confusas.
A Tonha vinha me contar: "Sinhá Lica", os nêgos está dizendo na cozinha que vai tudo se libertá. Cada quá vai pra onde quizé... A Emilia dixe que vai pro Pará... Minha avó Tetê já dançou na cozinha, dizendo que vai pro sertão e me carrega! E encostando o rostinho no meu: Mas eu não vou, não, fico brincando com você, não é?...
Sentindo um apêrto no coração, dizia-lhe, então:
— Tonha, não vá, não. Eu lhe dou aquêle vistidinho de bolinhas azuis...
Indagava constrangida: Patica também vai?
Ela estalava a língua: Quá! Dixe que não deixa Sinhá Moça, nunca... As nêgas da cozinha manga dela...
Os rumores cresciam, avolumando-se, como as águas de uma enchente. Dos recantos do país chegavam notícias assustadoras para os escravocratas.
Os negros mostrava-se nas senzalas vizinhas com semblantes alegres, refletindo o que confusamente ouviam pelos cafés, no mercado da cidade, nas "vendas", e espreitavam à surdina o interior das casas dos senhores. Repetiam decorados trechos dos jornais e panfletos espalhados pela cidade. Falavam de homens chamados José do Patrocínio, Joaquim Nabuco e principalmente um poeta, Castro Alves, todos falando e escrevendo a favor dos escravos!
Tonha chegava, esbaforida, da feira dos sábados, e desabafava:
— Sinhá Lica, é verdade, mesmo... Eu ouví se dizê no mercado, que um tá de Joaquim Quimbuco é o mais danado de tôdo a favô dos nêgo.
A criolinha agitava-se de um lado a outro, demonstrando, sem o saber, o frêmito da raça. Mas, ao mesmo tempo estava tristonha, porque ia me deixar... Anseios de libertação?
Liberdade! Nunca fôra cativa, apenas era filha e neta de escrava; a mãe morrera no poder de outro senhor e a avó conseguira ficar com ela complacência dos senhores.
Mas, Tonha era livre! Bem liberta de preconceitos, de tudo! Sim, bem ao contrário de mim, a eterna escrava das injunções sociais, do meio, das épocas, obrigada ainda aos mistérios de minha cosciência... Como teria de invejar, mais tarde, a independência de Tonha!
Quando brincávamos de "dona de casa", ela escolhia sempre o papel de senhora, e eu ficava sendo a escrava... Então obedecia-lhe cegamente. Se não arrumava direito a sala das bonecas, ela tomava ares de nobreza, advetindo-me. "Eu não sei aonde estou que não te dou-te uns cocorotes..." E eu os receberia, se ela mos tivesse dado, passiva e conformadamente, porquanto achava tão suave o jugo da minha "Senhora Tonha"!
O 13 de Maio aproximava-se veloz. Os escravos tinham no olhar brilho estranho e nas fisionomias tonalidades benditas, olhos abertos à esperança... A liberdade é como o sol, espalhando reflexos mesmo antes de aparecer no horizonte.
Só a Patica não mudara, continuando dócil àqueles que nunca deixariam de ser senhores do seu afeto. Mostrar-se jubilosa seria melindrá-los. O amor tem as sutilezas do perfume.
Onde encontraria eu na vida inteira outra alma igual àquela que se mostrava tão triste dentro de sua nobre alegria, para não me perturbar?
Coração de princesa acorrentado às senzalas. Catres como reflexos de tronos...
Em nossa casa chegavam comadres pobres, de minha mãe, as que nunca tiveram escravos, abordando com disfarce o assunto da abolição, que a todos empolgava.
Contavam coisas incríveis dos "Senhores". Imaginavam como iria ficar a dona Dondon, que queimava as negras com o ferro de engomar em braza, quando lhe tostavam os vestidos; a dona Joaquina, que prendia o lóbulo da orelha da escrava no portal, e, depois, chamava-a de certa distância, imperiosamente, tendo a escrava que atender, senão seria pior... E a infeliz ia ao seu encontro deixando na porta o pedaço da orelha! Contavam a indignação de seu juiz de direito, quando, certa vez fugira de propriedade próxima da cidade, uma negrinha que, entrando em sua casa se lhe ajoelhou aos pés, pedindo misericórdia. Trazia o corpo chagado de surras horríveis, infligidas pela Senhora.
A espôsa do juiz, uma excelente criatura, horrorizara-se ao constatar no corpo da infeliz, feridas sêcas, algumas sangrando, ainda recentes! A cabeça era um sarapatel!...
Então, o magistrado mandou que a abrigassem em sua casa, dizendo: Quero ver quem a poderá tirar daqui!
E as mulheres bendiziam o juiz de direito de Ceará-Mirim.
Muitas destas histórias eu e Tonha escutávamos escondidas, pois minha mãe não queria que as ouvíssemos. Então, a negrinha sobressaltada conjecturava: "Sinhá Lica, eu estou com medo de nascê de novo, pedirei a mamãe comprá-la para mim...
Não me recordo propriamente do 13 de Maio e das festas ocorridas naquele dia em Ceará-Mirim. Lembro-me apenas que foram pomposas e que um cachorrinho do reino criado por uma das minhas tias fugiu aterrorizado com os foguetes e a música. Voltando ao engenho, ia ela sem os escravos e sem o cãozinho, o que me causou pena. Esta perda fixou-se mais em meu espíirito que todos os demais acontecimentos daquele dia, que deu liberdade a milhões de criaturas acorrentadas a um eterno cativeiro. Data da abolição! Quem a compartilhou jamais a esquecerá. Os senhores atônitos abriram as cancelas e por elas passaram para o campo da igualdade democrática todos os mártires da desigualdade sinistra.
As senzalas esvaziaram-se por encanto.
Tôdas? Não! Vejamos como contou uma escava o seu dia de libertação.
"Quando atravessei quase correndo pela última vez, o corredor daquele inferno, e passei pelo terreiro, já estava Zefa, sentada, de mão no queixo. Perguntei-lhe, admirada:
Então, Zefa, não vens conosco? Estamos livres! Vamos viver a vida que todos têm direito na sagrada iguladade. Já não seremos mais "coisa", somos gente. Devemos tudo isso à santa princesa Isabel! Vamos, Zefa! Vamos levantar-lhe um altar! Que santa mais santa que a filha do nosso rei Pedro II? Qual mais caridosa, dadivosa e humana? Vamos! Saiamos o mais breve possível dêste inferno!
A Zefa Mulambo, como era conhecida, não se movia... Apenas as mandíbulas trabalhavam, mascando lascas de fumo. Faltavam-lhe células de sensibilidade. O rosto perdera a expressão. O queixo fino, sem o apoio dos dentes, estirara-se, tomando a forma de um tamanco, e o pescoço mostrava a grossura das veias dilatadas pela esclerose. Gritei-lhe outra vez ao ouvido:
— Vem, Zefa! Vinga teu filho no triunfo de hoje! Vinga o filhinho que mataste ao palpitar no ventre cativo, despenhando-te do lagedo para que êle morresse e não viesse a ter a tua sorte! Vem, criatura de Deus, vinga-te do passado, cruzando livre pelas barbas dos "senhores"! Escuta os jornais de tôda parte que estão trombeteando que "a liberdade é o favo de mel fabricado na colméia da pátria".
Vamos provar deste mel dulcíssimo!
Eu estava louca, delirante de felicidade! Distribuí beijos para os que me liam as notícias dos jornais! Decorei-as tôdas.
A macróbia não se movia...
Gritei-lhe novamente:
— E teu filho, não o vingas? Já esqueceste a tragédia?
Ao escutar a palavra – filho, estremeceu... levantou a cabeça, fitando-me apalermada:
— Ah! Sim, a criança que morreu da queda?
— Sim, repondí calorosamente, teu filho, lembras-te?
Os olhos então fuzilaram-lhe, as sobrancelhas se lhe eriçaram como asas esburacadas de um corvo ferido, tentando em vão alçar vôo... Os glóbulos avermelhados pareciam prejetar-se fora das órbitas.
A velhice é estanque de lágrimas, como a vergôntea sêca que não tem seiva. Todavia a palavra – filho - qual centelha inapagada do coração de mãe, fê-la, inesperadamente, estremecer, se bem nela tudo houvesse morrido ao gêlo dos 60 anos de cativeiro!...
— Vamo-nos embora, Zefa! Ainda insisti na derradeira solicitação...
Olhou-me aparvalhada, e resmungou:
— Não! Eu fico aqui mesmo, já me acostumei..."
Princesa Isabel! Glória de uma pátria! Mulher divina redimindo uma raça! Santa que deveria estar nos altares!
Escravidão... Lei iníqua, porém, lei...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

CEARÁ-MIRIM E O VERDE DO VALE

A crônica apaixonadamente romântica da Amiga Mariza descreve e ensina, o que todos cearamirinenses, novos e velhos, poderiam fazer para valorizar essa “Terra Mãe”, cujos braços estão sempre prontos para afagar e acolher seus filhos retirantes ou os rebentos que surgem daqueles legítimos ou adotados que aqui vivem.

Poderíamos nos espelhar no sentimento de Mariza para, assim, fortalecermos o respeito e o amor por esta terra tão padecida de promessas infactíveis, aleivosas em que a utopia maquiavélica floreia o sonho de um povo auspicioso por dias melhores.

CEARÁ-MIRIM E O VERDE DO VALE

Por Mariza Roque da Fonseca,
do blog Autorretrato


A magia do verde que cobre o Vale de Ceará-Mirim tem o dom de encantar pessoas, trazendo-as presas a sua beleza pródiga de um verde diferente. Que verde é esse que parece ser só seu e se espalha pelo Vale num tom especial, único, que muitos chamam “verde-cor-de-cana”.
Parece uma tela em que um pintor, num momento de delírio apaixonado, usou seus pincéis criando uma paisagem de beleza rara! Tudo deve ter começado na “Manhã da Criação”, como diria Nilo Pereira o poeta do Verde Vale. Uma manhã imaginária onde tudo foi possível, Deus escolheu o vale, a terra fértil para jogar as sementes vivas das plantas nativas da região e onde depois os colonizadores plantaram diferentes espécies de valor econômico, entre elas a cana-de-açúcar
O pintor supremo, presenteou nosso torrão com a vegetação típica de Mata Atlântica e o homem, por um interesse puramente capitalista, mesmo agredindo o meio ambiente, também deu as suas pinceladas e enriqueceu a paisagem, onde se destaca o canavial, transformando-a numa aquarela de beleza ímpar! O Vale de Ceará-Mirim, tem seu tom de verde misturado a outras cores.
As nuances do verde e o variegado das flores e frutos embelezam o quadro. Quem dos ausentes da terra mãe, dela não se lembra… com seu vestido colorido, onde impera o verde que inundou o Vale da saudade de Nilo Pereira, das evocações melancólicas de Edgar Barbosa e do deslumbramento do menino Franklin Jorge que nasceu à beira da linha do trem, no rés do Verde Vale.
Analisando as possibilidades de retorno econômico utilizando as terras do vale, o homem optou pelo cultivo da Gramineae - Saccharum officinalis. A cana-de-açúcar foi o introdutório da abastança, da nobreza outorgada que dominou por muito tempo os destinos do povoado que evoluiu, sagrando-se cidade.
Ali, aportaram pessoas advindas de outros recantos do Rio Grande do Norte e estados brasileiros com a finalidade de trabalhar na produção do açúcar, se estabelecerem como comerciantes ou se firmarem em outras profissões. Um exemplo foi meu pai, José Roque de Assis, que veio para trabalhar na Usina Ilha Bela. Um pernambucano “expert” no fabrico de açúcar que comprou um imóvel situado na Rua Grande onde morava com a sua família e posteriormente, vislumbrando estabilidade financeira, construiu o Restaurante e Hospedaria Central que, por situar-se paralelo à linha do trem (transporte mais importante daquela época), obteve sucesso por alguns anos. Criou raízes e certamente se encantou com a natureza prodigiosa desta terra privilegiada onde a mão de Deus se deteve com particular carinho. A Ceará-Mirim, cidade dos verdes canaviais, ele legou sua família que ainda hoje, através de filhos netos bisnetos e agregados, fazem parte atuante da sociedade Ceará-mirinense.
O Verde Vale, na verdade, para mim é um relicário que abriga o passado histórico de Ceará- Mirim. Um depositário de sonhos onde foram guardados os anseios das pessoas que respiraram o seu ar, que absorveram o oxigênio oriundo da sua vegetação sentindo o seu cheiro mesclado de flores e de rapadura.
Os sonhos daqueles que abriram clareiras à custa de muito suor e esperança para que homens empreendedores implantassem um dos complexos açucareiros do Brasil Colonial. Minha infância e parte da adolescência transcorreram em Ceará-Mirim. Sempre volto para energizar à criança que viveu e foi feliz lambendo os lábios lambuzados de mel de engenho, brincando na areia solta da Rua Grande, estudando no Colégio Santa Águeda e que, adolescente, extasiou-se com o Verde Vale avistado com o namoradinho da torre da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição - a padroeira da cidade – onde, lá do altar-mor, olha amorosamente para seus filhos.
Todo Ceará-mirinense é um eterno apaixonado pelo Vale que deu origem a cidade e quando a ela retorna é tomado de emoção que aumenta à medida que desce pelas ruas do Patú, São José e descamba na Rua Grande. Aí, é só atravessar a ponte e adentrar no Verde Vale de grandes poetas e senti-los porque eles permanecem ali encantados nos seus sonhos líricos: Madalena Antunes, Nilo Pereira, Edgar Barbosa, Rui Pereira e outros. Cabe aos seus aprendizes reverenciá-los, curvar a cabeça com sábia humildade porque eles foram os desbravadores que nos apontaram e apontam ainda os caminhos do escrever. De escrever o amor à boa Terra!
Saúdo a todos os escritores “encantados” ou vivos que brotaram da seiva poética do Verde Vale.
Do Verde Vale de Ceará-Mirim!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

OLENINA ROQUE DA ROCHA


Há algum tempo venho procurando esse texto de minha amiga Mariza Roque. Em 2006 ela enviou-me e eu o arquivei entre tantos outros que ficou difícil saber onde estava. Felizmente o encontrei e posso publicá-lo em homenagem pelos 84 anos de Dona Nina. O sentimento de Mariza por sua irmã é eterno, por isso, sua homenagem está atual em qualquer tempo. São alguns anos ajudando a fazer nossa terrinha crescer, economicamente e, também, demograficamente, porque aqui nasceram seus filhos, netos e bisnetos. Ela é uma dessas mulheres exemplo de nossa cidade, pois já a conheço há 40 anos, desde o tempo em que estudava com um de seus filhos, e nunca presenciei nenhuma atitude de hostilidade e sempre foi uma mãe abnegada pronta para ajudar àqueles que a cercam como amiga ou familiar. Parabéns Dona Nina!!!

OLENINA ROQUE DA ROCHA


Na Usina Nossa Senhora das Maravilhas-Goiana PE, no dia 22 de abril de 1926 nasce OLENINA ROQUE DA FONSÊCA primeira filha, terceira de uma série de 8 filhos do casal: JOSÉ ROQUE DE ASSIS E DIOLINDA ROQUE DA FONSÊCA. Foi aluna do COLÉGIO DA SAGRADA FAMÍLIA nessa cidade continuando os seus estudos no COLÉGIO SANTA ÁGUEDA NA CIDADE de Ceará-Mirim-RN. Moça ``prendada´´, afeita aos trabalhos domésticos ela se dedicava a contribuir para o bem estar da família, filha e irmã amorosa ela sempre foi muito querida e respeitada pelos seus pais e irmãos. Morena bonita e elegante ela conquistou o coração do jovem PAULO JOSÉ DA ROCHA (in memória), o seu eterno amor. Lembro-me do seu casamento, do qual fui dama de honra. Foi um casamento muito bonito! Desse casamento resultaram 8 filhos: PAULA FRANCINETE, LUCIANO ROCHA, PAULO JOSÉ, ROGÉRIO, CRISTINA, MARCELO, DOMINGOS SÁVIO E MARIA DA CONCEIÇÃO que lhes presentearam com 24 netos e 17 bisnetos. Esposa e mãe exemplar ela transmitiu às suas filhas suas qualidades de mulher e mãe ``muito especial´´. Aos filhos, junto com seu esposo PAULO mostrou a importância do trabalho e da vida em família. Ao longo do tempo amealhou muitas amizades com a sua maneira simpática de tratar todas as pessoas. Cearamirinense de coração, vive a 67 anos nesta cidade onde, junto com a família, se tornou comerciante. Mulher compassiva tornou-se Rotariana chegando a presidir duas vezes a Casa da Amizade, dando muito de si mesma para o bem estar dos menos favorecidos. É fácil falar de NINA a filha, da Mãe NINA, da vovó NINA, da tia NINA, da amiga NINA. É ainda mais fácil ainda falar da irmã NINA, porque ela é aquele coração enorme, sempre pronta a abrir as portas da sua casa para lhe receber na alegria e na tristeza. Para mim é mais que uma irmã, esteve presente em quase todos os momentos importantes de minha vida. Contei com ela sempre, é a minha madrinha, e madrinha de minha filha. Dividiu comigo a dor maior de perder uma filha. Naquele momento, recebeu na sua casa a minha filha morta como se fosse sua filha.. NINA, desejo-lhe ainda muitos anos de vida. Você é dessas pessoas que deveriam viver para sempre, cercada de todo amor e respeito que merece. Sei que às vezes, nos momentos de saudades você deseja ir ao encontro dos nossos que se foram, principalmente do seu amado PAULO, mas e nós como ficaríamos? Precisamos de sua presença. Todos nós precisamos do seu exemplo, da sua bondade e da sua alegria. Querida irmã neste dia aceite tudo isto que diz o meu coração, eu e os meus filhos te amamos e respeitamos muito. Mariza MARIZA ROQUE DA FONSÊCA Natal, 26 de abril de 2006.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A BANDA DE MUSICA DE CEARÁ-MIRIM

A BANDA DE MÚSICA

HISTÓRIA DAS BANDAS DE MUSICA

Estava à toa na vida
e o meu amor me chamou
pra ver a banda passar
cantando coisa de amor.
A minha gente sofrida
despediu-se da dor
pra ver a banda passar
cantando coisa de amor.

(A banda, Chico Buarque de Holanda)


Difundida na Europa, a banda de música parece ter suas origens na França.

No Brasil, embora haja a confirmação da existência de bandas militares na segunda metade do século XVIII em Pernambuco, elas vieram a ser mais populares a partir da chegada de D. João VI com sua corte ao Rio de Janeiro, em 1808. O rei trouxe consigo uma banda de música portuguesa e durante a estada da família real no Rio de Janeiro foram realizados vários concertos pelas bandas existentes na época.

As bandas civis, que herdaram a disciplina e a organização das bandas militares, foram criadas por todo o Brasil. Havia bandas de músicas, tanto nas cidades, quanto em vilas, povoados e até em sítios e fazendas. As cidades do interior organizavam suas bandas civis, que passavam a ser um veículo de entretenimento coletivo, participando de movimentos políticos, acontecimentos religiosos, cívicos e sociais.

No dias de apresentação, as bandas saíam da sua sede em formação militar, com os músicos de uniformes limpos, engomados, sapatos engraxados, quepes na cabeça, desfilando pelas ruas ao som de dobrados, em direção ao coreto da praça principal, onde executavam o melhor do seu repertório, que além de dobrados incluíam xotes, quadrilhas, valsas, choros, maxixes, frevo, aberturas de óperas.

As bandas desempenharam um papel fundamental na formação de novos músicos e na revelação de grandes talentos. Só para citar dois exemplos, o famoso compositor Carlos Gomes, autor de O Guarany, foi um músico de banda em Campinas, SP, sua terra natal e o maestro da Orquestra Sinfônica Brasileira, o internacionalmente conhecido Eleazar de Carvalho, tocava baixo-tuba na banda dos Fuzileiros Navais.

Em Ceará-Mirim há registro da atuação da Banda de Música municipal desde o final do século XIX, como cita Manoel Ferreira Nobre em Breve Notícia sobre a província do Rio Grande do Norte, pg 193: Tem uma banda marcial que satisfaz na localidade ao duplo fim de sociedade recreadora e instrutiva. Há cerca de 5 anos que se organizou. O livro foi escrito em 1877, portanto nossa banda de música foi organizada em 1872.


Em meu livro Ceará-Mirim memória iconográfica – publicado em 2008 – há uma fotografia datada de 1901 na da inauguração das torres da matriz e colocação do sino. Naquela ocasião, a nossa banda já estava presente recepcionando a comunidade.

Julio Gomes de Senna em seu livro “Ceará-Mirim – exemplo nacional – Vol II, página 114, diz que: “Vê-se que a banda marcial, que outra coisa não era, senão uma banda de música, também estava integrada na campanha da instrução.

Mas as bandas de músicas, daí por diante, sempre existiram na cidade. Lembramo-nos, muito bem, da recepção feita ao Presidente da República, Dr. Afonso Penna, quando, em 1907, foi inaugurar a estação da Estrada de Ferro Central, quando 2 bandas cearamirinenses tocavam ao lado de uma grande banda de música, procedente de um vaso de guerra, ancorado no porto de Natal.

Eram duas bandas locais afeiçoadas às correntes políticas. A banda “13 de Maio”, dirigida pelo maestro Prisco Rocha, bandeava para a oposição, enquanto a banda “12 de Outubro” acompanhava o Governo e era dirigida pelo mestre Venerando Cocentino.

Muitas vezes assistimos, por ocasião das festas da Padroeira N. Sra. da Conceição, em 08 de dezembro de cada ano, a disputa ardorosa dessas duas instituições musicais, em que cada uma desejava superar a outra, na quantidade e na qualidade das “peças” exibidas.

E a população se dividia na torcida, como hoje se torce por time de futebol. Para terminar a contenda, era necessário que alguém de influência aparecesse e rogasse o recolhimento, do contrário permaneceriam na porta da igreja até o dia seguinte.

Vários foram os maestros de nossa banda, como por exemplo, o grande músico e comerciante Luis Ferreira e, nos anos 1970, o inesquecível Tenente Djalma Ribeiro, que além de regê-la em eventos sociais introduzia crianças no mundo musical com oficinas de leitura e execução de instrumentos.


Entre os anos 2005 e 2008 a banda passou por uma reformulação, sob a regência do maestro David em parceria com o músico Marcos Machado e o Regente do Coral Municipal Araraú, Bacharel Kleber Jonatas e montaram a Big Band (Banda e Coral) para alguns shows de final de ano e shows específicos com musicas de Roberto Carlos e outro com musicas de Roupa Nova.

Todos os antigos músicos na ativa ou afastados pela aposentadoria lembram do mestre Djalma Ribeiro. Recordam um período em que os músicos da banda eram voluntários, e, mesmo assim, vestiam a camisa da orquestra, tocavam por amor e orgulho de ser músico e representar a cidade a que pertenciam. O Maestro conduzia seu grupo de músicos como se fossem seus filhos – inclusive, penso que todos os filhos homens do mestre tocaram na banda – Ele levava tão à sério seu ofício que parecia um Quartel Militar – todos os dias, antes dos ensaios, a fanfarra saía pelas ruas da cidade animando a todos com velhos e inesquecíveis dobrados.


São velhas recordações que ainda aliviam nossas sorumbáticas memórias!! O saudoso maestro além de reger nossa banda, coordenava o grupo de escoteiros Nossa Senhora da Conceição (talvez tenha sido um dos seus fundadores). Aquelas crianças e adultos o respeitavam como um Pai, porque ele era um homem digno, honesto e cumpridor de seu dever. Sua palavra era mais importante e confiável, do que qualquer papel assinado pelos prefeitos da época, pois a banda sempre foi vinculada à Prefeitura de Ceará-Mirim, porém, sua palavra era a última – e talvez – a única ouvida pelos seus superiores.

Ao futuro da Banda Tenente Djalma Ribeiro, resta à memória de seus antigos componentes e a esperança dos novos músicos de que surjam projetos onde valorizem essa tradição centenária de nossa cidade e, consequentemente, esse patrimônio seja preservado para as futuras gerações e que, futuramente, não necessite recorrer às humilhações e peregrinações em busca de sua sobrevivência enquanto patrimônio cultural municipal.

Será que era possível oficializá-la como PATRIMÔNIO MUNICIPAL através de Lei? Ou, a Câmara poderia sugerir ao executivo que isso fosse feito? Taí uma provocação aos representantes do povo de nossa Briosa Vila baquipiana.


FONTES CONSULTADAS:

ALVES, Gibson Machado. Ceará-Mirm memória iconográfica – Prefeitura Municipal de Ceará-Mirim, 2008.
IRMÃO, José Pedro Damião. Tradicionais bandas de música. Recife: CEPE, 1970. 184 p.
NOBRE, Manoel Ferreira. Breve Notícia sobre a Provincia do Rio Grande do Norte. 2ª edição – Pongetti – 1971.
SILVA, Leonardo Dantas (Org.). Bandas musicais de Pernambuco: origens e repertório. Recife: Governo do Estado de Pernambuco, Secretaria do Trabalho e Ação Social, Fundo de Amparo ao Trabalhador, 1998. 395 p
SENNA, Julio de Gomes. Ceará-Mirim exemplo nacional – vol II. Pongetti – RJ – 1975.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

VISITAS AO BLOG

O grande incentivo do artista é o aplauso. O grande incentivo do blogueiro é o comentário. Decobri um contador de visitas que diz até de onde o internauta está localizado. Isso é muito legal porque, na maioria das vezes, não sabemos se somos visitados. Fiquei muito feliz porque o blog está tendo uma média de 40 visitas por dia. Então quero agradecer as pessoas de visitam nosso blog, e dizer que é muito gratificante ser lido por tantas pessoas em tantos lugares diferentes, como: Fortaleza, Currais Novos, Santa Cruz, Maceió, Sobral, Tapejara, Cascavel, São Paulo, Matão, Luziania, Jaboatão, Lisboa, Argentina. Gostaria que os amigos visitantes se identificassem para que pudessemos falar via msn, email, etc. Comentem e se identifiquem porque será muito prazeroso conhecê-los. Grato de coração.
Um dia, em uma de minhas aulas sobre Cultura do RN, falava a respeito do patrimônio histórico de Ceará-Mirim. Como seria importante preservar o que ainda resta de nossa história, ensinar como é significativo valorizar aqueles testemunhos tão representativos. Uma das alunas presentes pediu licença e falou que tinha ligação com a Usina Ilha Bela e mostrou-me um poema escrito por sua Mãe chamado "Lamento" e o mesmo transmitia a agonia da velha Madona de tijolos!!!




LAMENTO





Chamo-me ILHA BELA
Mas hoje choro a solidão
Pois não sei qual foi o rumo
De minha população.




Eu fui um coração de mãe
Onde sempre coube mais um
Acolhi tantos filhos
não vejo mais nenhum.




Onde estão tantas crianças
Que em meu pátio corriam?
Será que são felizes
Como foram aqui um dia?

Sinto saudade dos homens
Que em mim já trabalharam
Quais deles estão com o Pai?

Quais deles se aposentaram?



Procuro as professoras
Que em minha escola trabalharam
E com muita dedicação
Os meus filhos educaram.


Todas as minhas casinhas
Demoliram sem piedade
E dos que nela moravam
Só me resta a saudade.

O meu clube cultural
Até esse foi ao chão
Foi triste o meu fim
Que homens sem coração!


Meu campo de futebol
Onde vocês jogavam bola
Transformou-se em matagal
Só lembrança resta agora

Minha linda capelinha
Essa também não vejo mais
Pois lá só resta o cantar
Dos inocentes pardais.


O meu verde natural
De tão triste escureceu
A fauna que aqui vivia
Também desapareceu.


Meus rios estão secando
Minhas águas escuras estão
Os peixes se escondendo
Temendo a poluição.

Anoitece e amanhece
Tudo aqui é solidão
Somente a coruja voa
No meio da escuridão.


Apenas os pássaros cantam
Tentando me consolar
Uns cantam de verdade
Outros pra não chorar.


Quando chega o inverno
Meu verde tenta surgir
Mas logo desaparece
Por não ter ninguém aqui


A minha natureza chora
Pois sofre igual a mim.
E você chorará também,
Se um dia voltar aqui.


Por muitos e muitos anos
Muitas famílias abriguei
E em tristes ruínas
Foi em que me transformei.


Se um dia voltares aqui
Diga a quem lhe perguntar
Que minhas ruínas choram,
E que venha me visitar.


Não falem no meu nome
Com revolta e nem rancor
Pois aqui todos viveram
Com abrigo, paz e amor.

Choram os pássaros e a natureza
Em uma tristeza total
Pois não recebo visita
Nem no dia do natal.

ANA MARIA COSTA DOS SANTOS

Ex-moradora de ILHA BELA


Atualmente reside em Ceará-Mirim.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

COMENTÁRIO DE ORMUZ SIMONETTI

Caro Gibson, lendo seu blog me ococrreu de lhe enviar o mesmo e-mail que enviei dias atrás para Lucia Helena.
Abraço,
Cara Lucia, parara você que é uma eterna apaixonada pela "nossa terra", a doce Ceará-Mirim, segue a carta que enviei para CELA BEZERRA DE MELO CENTENO, logo após ler o seu livro-biografia, que tão bem retrata em suas 343 páginas, a vida desse homem, orgulho do nosso estado, pai e esposo exemplar, político com “P” maiúsculo, empresário honesto e responsável, e também meu padrinho: UBALDO BEZERRA DE MELO, casado que foi com Haydée, uma autêntica SIMONETTI.

Cléa:
Parabéns pelo belo livro. Li devagar, divagando; saboreando cada capítulo; feliz por neles encontrar algumas lembranças comuns. Afinal, tive o prazer e honra de tangenciar alguns poucos aspectos de minha vida com a desse grande homem. Aliás, na minha memória, ele me parecia enorme quando, em pequeno, lhe tomava a benção. Fiquei feliz por agora conhecê-lo em mais detalhes. Era meu padrinho e grande amigo do meu pai.
Em dado momento você fala dos livros que eram lidos pela família. Essa informação me remeteu aos anos de 1957/1958, eu com seis a sete anos de idade, morando na Avenida Deodoro da Fonseca n° 622. Foi a estória de Robson Crusoé, o livro que ganhei de presente numa das freqüentes visitas dos meus padrinhos Ubaldo e Haydée. E ainda restam na minha lembrança: o livro, a estória, seus sorrisos e minha grata alegria. Tempos depois pude entender o real significado daquele presente. Era natural que se presenteassem uma criança daquela idade com um brinquedo qualquer. Porém, sempre enxergando adiante do seu tempo, ele deu-me algo mais valioso: sonhos e conhecimento.
A sua narrativa sobre as usinas Ilha Bela e Santa Terezinha, o rio Água Azul, a verde visão dos canaviais e outras saudades muito me emocionaram, pois de certo modo, em outras épocas, fazem parte também de minha estória. No ano de 1978, quando da inauguração da agência do Banco do Brasil em Ceará-Mirim, fui convidado para atuar como Fiscal de Operações Rurais onde permaneci até o dia de minha aposentadoria em quatro de junho de 2001. Portanto, foram 23 anos de minha vida dedicados àquela região, virada em terra adotiva, que recordo com carinho. Ainda hoje sinto o cheiro do açúcar mascavo descansando nas formas de madeira purgando mel de furo, vejo os pátios coberto com bagaço de cana secando para alimentar as caldeiras, a fumaça dos bueiros turvando o azul das tardes, ouço o apito dos engenhos, o tropel da burrarada com cambitos cheios de cana, o estalido do chicote dos cambiteiros açoitando a beleza das manhãs.
Um grande e comovido abraço de Ormuz, filho de Arnaldo.
Natal (RN), 12 de junho de 2006
Ormuz Barbalho Simonetti – www.ormuzsimonetti@yahoo.com.br Presidente de Instit. Norte-Riograndense de Genealogia. Pça. Augusto Leite n° 655/201 Tirol- Natal – RN Cep 59020-380 Fone – (84) 9962-3185 Visite o BLOG:
www.ormuzsimonetti.blogspot.com

COMENTÁRIO DE FERNANDO DIAS

Caro amigo Gibson,
li com muita atenção o relato sobre ILHA BELA, foi impossível conter as lágrimas, as vezes que visitei o que era ILHA BELA, tive a mesma sensação que o povo iraquiano teve ao voltar para o seu povoado e encontraram tudo destruido pela guerra.Se pedro filho de Geraldo Melo tivesse optado para transformar ILHA BELA em distrito,teria sido melhor do que a total distruição. Ali estão ficadas as nossas raízes que jamais apagarão, ali, quando nós filhos de ILHA BELA entramos ali, ouvimos vozes, sussurros e muitas vezes barulho dos vagões chegando carregados de cana.Foi ali que presenciamos numa tarde nublada um desfeixo de um noivado espetacular, quando o noivo por nome bininha, desiludido pelo final do noivado com toinha de jorge, subiu no chaminé de 63 metros de altura e quis pular ´só sendo contido com a chegada da noiva e a promessa que o noivado seria renovadao. Foi ali que eu comi o meu primeiro doce de leite da minha vida na casa da minha madrinha Lurdes Ramalho esposa do padrinho Eloi Ramaho ambos já falecidos. Ali tinha clube social,ambulatório,cooperativa,feira,futebol, lapinhas, pastoril, carvalhada,cavalgada,vaquejada,congo de guerra,boi de reis, festas juninas, de natal,novenas de maio, e carnaval.
A PERGUNTA QUE FICA É A SEGUINTE, PORQUE PEDRO MELO DESTRUIU TUDO AQUILO?

COMENTÁRIO DE ALDO JOSÉ FERNANDES RIBEIRO DANTAS

Caro Gibson.
Bisneto de Zumba do Timbó,do seu segundo matrimonio, Neto de José Ribeiro Dantas e de Helena Villar Ribeiro Dantas, filho de Romildo Vilar Ribeiro Dantas e Alda Ivaneida Fernandes Ribeiro Dantas, graça a DEUS meu Pai esta com 83 anos de idade e minha mãe com 79 anos, ambos lucidos. Meu Pai é o filho caçula de do casal acima mencionado, irmão de Milton Vilar Ribeiro Dantas,Mucio Vilar Ribeiro Dantas e de Neuza Vilar Ribeiro Dantas, que se encontram na vida eterna e vivos em meu coração.A primeira mulher de meu bisavo realmente segundo dizem era que apelidavam de cobra. Conheci Paulo da Cruz que era o administrasdor da Fazenda Timbó de Papai e Tio Múcio.Homem de confiança da familia, honesto,correto e sério.
Abraço Aldo José