sexta-feira, 24 de setembro de 2010

CONCURSO FOTOGRÁFICO

COMISSÃO JULGADORA DO I CONCURSO DE FOTOGRAFIA DR. JULIO GOMES DE SENNA


Quarta-feira dia 22/09/2010 convidamos os fotógrafos José Maria, Idiana Rorigues, Everaldo Leocadio e o Diretor de fotografia de cinema Valdec Moura para julgarem as fotografias do I Concurso fotográfico Dr. Julio Gomes de Senna.
O concurso fotográfico foi realizado pelos alunos das escolas do município de Ceará-Mirim e o tema foi olhares bre o patrimônio histórico e cultural de Ceará-Mirim". A premiação foi distribuída em duas categorias: Ensino Fundamental (6º ao 9º anos) e Ensino Médio.
Quando fizemos os convites aos fotógrafos, a fim de participarem do concurso, não imaginávamos que fosse um momento tão rico em informações. Foi impressionante como eles ficaram empolgados e conversavam sobre o ato fotográfico, suas emoções, técnicas e, a arte enquanto registro fotográfico.
O que ficou daquele encontro foi a certeza que devemos promover fóruns para os amantes da fotografia. Assim esses profissionais poderão discutir novas técnicas, promover ensaios fotográficos, exposições de suas obras e trocar experiências.
Vamos conversar com a Fundação Nilo Pereira e sugerir uma parceria com o Centro Esportivo e Cultural para realizarmos o I Forum de Arte Fotográfica de Ceará-Mirim. Temos muitos talentos e precisamos reunir todos os amantes da grafia da luz.
Agradecemos a Direção da Escola Estadual Prof. Otto de Brito Guerra por ceder a sala de vídeo para que pudéssemos avaliar as fotografias.
CONVITE
Convidamos aos nossos leitores a comparecer ao Centro Esportivo e Cultural dia 29/09/2010 (quarta-feira) às 20 horas para a Exposição das fotografias do concurso e a entrega das premiações.
Gibson Machado

LEITOR Nº 25 000

Queremos agradecer ao leitor Joymax Nascimento por ser o leitor nº. 25000.
Temos grande satisfação em presenteá-lo com nosso livro Ceará-Mirim memória iconográfica.
Tenha uma ótima leitura e nos ajude a lutar pela preservação de nosso patrimônio histórico e cultural.

domingo, 19 de setembro de 2010

PARABÉNS RUY LIMA

Conheci Ruy já fazem uns vinte anos e sempre o admirei pelo seu jeito de ser, apesar de que, às vezes, não concordo com algumas atitudes, mas, é o jeito irreverente de ser dele e não devemos julgá-lo por isso. O importante é apoiá-lo e reconhece-lo pelo seu talento e pela sua forma de realizar seus sonhos. O que me impressiona e, ao mesmo tempo, me faz respeitá-lo como homem, artista, produtor cultural, é a força com que conquista suas metas. Ruy é um desses caras raros, que sabem colocar sua inteligência acima de seu talento, por isso, seus trabalhos estão sempre se destacando entre as realizações provincianas... Parabéns!! E que esse novo trabalho sirva de inspiração para outros. Precisamos fazer uma revolução na arte e cultura de nossa terra. Para isso devemos lutar pelo talento em detrimento do “ego” narcisista que tanto tem prejudicado as produções locais.

Vou aproveitar a carona e publicar o texto sobre Ruy Lima escrito pelo também talentoso Eliel em seu blog Retratos e Canções:


Sábado, 18 de setembro de 2010
Ontem... Hoje... Amanhã...
Ontem...

Rebelde com causa

Sua rebeldia só não é maior que o seu talento e amor pelas artes. Ruy Lima, natural de Mineiro, um cearamirinense apaixonado pelo torrão natal, pode-se dizer que já fez de tudo um pouco, ou muito, se levarmos em conta que, de artista plástico a escritor, de cantor de rock a ator, e agora cineasta, essa figura irrequieta não tem dado chance ao desânimo. As dificuldades do caminho ele enfrenta com garra, é aí que entra sua rebeldia, chega a ser um mal necessário. Nessa noite de sexta-feira, 17 de setembro, Ruy conseguiu mais uma proeza: praticamente lotar a sala da Estação Cultural Prefeito Roberto Varela (antiga estação ferroviária), e olha que o espaço é bastante grande, para a estréia do seu filme Motociclistas Rebeldes.



E todos estavam lá, ou quase todos. Mas muito me admirou ver pessoas de vários segmentos da nossa sociedade prestigiando aquele acontecimento inédito. Os presentes: o roqueiro, o executivo, o motociclista, o educador, o blogueiro mais atento, o estudante e, por incrível que pareça, nenhum político (parece que o cara também é milagreiro!). Ruy Lima era só emoção. Depois de quinze anos de afastamento do mundo dos espetáculos, para sua surpresa, consegue juntar tanta gente distinta em torno de um evento seu que na verdade foi idealizado por uma boa causa. Com o objetivo de contar um pouco sobre essa sua mais nova paixão, o motociclismo, incluindo cenas em que estão sempre presentes os monumentos históricos de Ceará-Mirim, uma oportunidade de mostrar essas belezas, apesar de alguns deles hoje encontrarem-se em ruínas, mesmo assim divulgar esse nosso patrimônio em todo o Brasil e quem sabe, no mundo. Depois de conferir mais essa façanha do Ruy cheguei a conclusão de que, seja a pé, num velho fusca ou montado em sua moto, esse cara vai longe... Parabéns Ruy Lima!


COMENTÁRIO DE GERALDO PEREIRA

Geraldo Pereira - filho de Nilo Pereira
Meu Caro Gibson Machado

Belo texto o seu, enaltecendo a rosa amarela vista assim, de relance, numa hora de seu passeio em torno do rio d'Água Azul, tão enaltecido por Nilo Pereira, vezes e vezes.

Achei que o velho Guaporé estaria em processo já de restauração, haja vista a informação que tive e passei a Lúcia Pereira, minha prima, de que pelo menos R$300.000 tinham sido autorizados. Chequei a suspender um artigo que novamente fiz e até enviei a um jornal natalense, indicado pela mesma Lúcia, considerando que a casa-grande estaria livre agora do desgaste. Será que não?

SOLAR GUAPORÉ

Fonte:http://www.outraseoutras.blogspot.com/
Roberto Pereira - filho de Nilo Pereira
AINDA COM VISTAS À ESPERANÇA DE RESTAURAÇÃO DO SOLAR GUAPORÉ - MUSEU NILO PEREIRA - VEJAMOS A POSIÇÃO DO PRIMO ROBERTO PEREIRA (RECIFE/PE).

Lúcia Helena:

Eu, como você bem sabe, militei por muitos anos na seara da cultura, onde ainda permaneço pelo viés desta com o turismo. Assim, à Camões, acolhi e recolhi o “saber de experiência feito”. Sem jactância, arrisco-me, à condição de filho do meu saudoso Nilo Pereira, a emitir o seguinte parecer (parecer não é para ser, mas, ...!!!), sem antes lhe abrir os seguintes parênteses:

PRIMEIRO PARÊNTESE:

(Há mais ou menos 3 anos consegui do Ministério do Turismo, que tem uma rubrica para restauração de monumentos que tenham atratividades turísticas, um convênio no valor, à época, coincidentemente de R$ 300.000,00, para obras de restauro do Guaporé. Todavia, reunidos com técnicos da Prefeitura do Ceará Mirim, gestão da Prefeita Edinólia Melo, esposa do ex-governador e ex-senador Geraldo Melo, casal que depois recebi aqui no Recife, no meu gabinete na CTI Nordeste, vimos, eu e os técnicos, por opinião minha que era melhor devolvermos os recursos. Por que? Porque o valor liberado, apesar da contrapartida da Prefeitura à base de 10%, era insuficiente para o restauro completo. Com esse montante, far-se-ia apenas a instalação hidráulica. Perguntei: e depois? Depois, eis a fatídica resposta: “a casa continuará desabitada”).

SEGUNDO PARÊNTESE:

(Geraldo Melo, foi quem repassou à Fundação José Augusto, por comodato, o engenho pelo período de 99 anos, tempo máximo legalmente permitido. O meu pai, quando da entrega do Guaporé, após a restauração concluída, no seu discurso, vaticinou: “se a casa não tiver uso, voltará à ruína.”)

TERCEIRO UM PARÊNTESE:

(A preservação de um monumento, Lúcia Helena, você sabe bem, enfrenta dois inimigos avassaladores e acachapantes: o mau uso, um; o desuso, outro. No caso do Guaporé impera o desuso e, quando da moradia do vigilante/caseiro e, depois, das invasões, o mau uso. O Guaporé está entregue à própria sorte, malsinado o seu desuso. Então, ou o engenho é restaurado por completo e a ele é dado um uso, ou o dinheiro sai pelo ralo, como se diz no jargão popular).

O MEU PARECER À SUA CONSIDERAÇÃO:

Os R$ 300 mil agora disponibilizados, uma surpresa agradável porque sei, por fonte governamental, que o estado do RN passa por séria dificuldade de fluxo de caixa. Idem, as prefeituras. Idem, idem, a prefeitura do Ceará Mirim. O Governo Federal, de onde se poderia alocar recursos – e são muitas as fontes, a exemplo do Ministério da Cultura, o do Turismo, as Leis de Incentivo à Cultura, os patrocínios, a exemplo da Petrobras, da CEF, da Chesf, do Banco do Brasil, do Banco do Nordeste (Prodetur), do Projeto Monumenta (Min. Da Cultura), o Sebrae. Só que o Governo Federal está impedido, neste período eleitoral, de conveniar com os estados, embora liberado para as Prefeituras, todavia, no ocaso de gestão implica em recolhimento para um final que se deseja de boa saúde financeira. A mesma coisa ocorre com os organismos aqui citados para um possível patrocínio. Assim, entendo que os R$ 300 mil aqui anunciados são muito bem recebidos considerando a justeza da causa em tela. Entrementes, somente aconselho o uso dessa verba se a ela for agregado um outro montante que encete a conclusão das obras de restauro, sob pena de se gastar em vão. Depois, uma restauração deve ser muito bem feita, nela não cabendo as chamadas “gambiarras”, tampouco as “maquiagens” do gosto de alguns sabidos. Uma coisa boa era se fosse viável se aproveitar o momento político para se assegurar emendas parlamentares junto aos deputados federais, incluindo-se os senadores. Ou emenda de bancada. Ou emenda regional, neste caso se impõe uma ação conjunta com os deputados do NE brasileiro, uma iniciativa fácil se levada em conta a importância da obra para a Região. Outra medida seria colocar o montante necessário no OGU (Orçamento Geral da União), iniciativa não muito difícil. Para o convênio – vale lembrar – a Prefeitura ou órgão conveniado teria que alocar, a título de CONTRAPARTIDA, 10% sobre o montante a ser alocado, contanto que os recursos liberados correspondam a 90% sobre o total. Essa injunção, recentemente aprovada através de IN 107, por se tratar de juros compostos, faz crescer a CONTRAPARTIDA que ficaria próxima a 11% do valor conveniado. Assim, os R$ 300 mil agora anunciados, podem servir – e muito – para a CONTRAPARTIDA. Portanto, precisamos de políticas públicas no trato dos fazeres e saberes culturais, coisa pouco usual.
Enfim, louvo muito - e agradecido fico, enquanto filho de NP, pelo que deixo aqui registrado o meu pendor de gratidão, também em nome de minha mãe, Lila, - com o aceno dos R$ 300 mil. Apenas, sugiro que essa verba somente seja usada quando a ela se agregar, repito, um montante suficiente à restauração completa. O uso já se tem: a Fundação Nilo Pereira, o suficiente para que o monumento se conserve na sua inteireza.
Por fim, mais um detalhe: após as minhas últimas reuniões, há 3 anos, viu-se que a Prefeitura não estava com o projeto do restauro pronto. Pior: não dispunha das previsões dos custos. Isto é, do orçamento à consecução da obra. Assim, qualquer dinheiro fica à mercê do total, sem que se saiba se é suficiente ou não. Atualmente, sinto que esse óbice já deve estar superado.
Essas ações, prezada prima e amiga - Lúcia Helena - você, árdua defensora do Guaporé e do Ceará Mirim como um todo, de Nilo Pereira, a quem os Pereira tanto devem nessa sua preservação à memória de NP, parecendo mantê-lo vivo ou redivivo a cada iniciativa sua, o meu muito, muitíssimo obrigado por este gesto seu de me enviar este e-mail tão pródigo nos passos que se deve dar rumo à restauração do Guaporé, além de sua “eterna vigilância”.

Peço-lhe, Lúcia, que transmita ao Pedro Vicente essas minhas ponderações, todas no melhor espírito de bem servir à causa em questão, e que, filho de NP, somente posso ter para com ele o melhor sentimento de reconhecimento e gratidão. Se nada for feito, o gesto dele ficará nos corações de todos os Pereira.

Espero, na culminância, repetir os franceses: “Tout est bien qui finit bien” (“Tudo vai bem quando acaba bem”.) Desculpe-me a petulância
da tentativa de tradução, quando, você, Lúcia, é mestra no assunto

Afetuoso abraço

Roberto Pereira

sábado, 18 de setembro de 2010

A ROSA AMARELA


A Rosa Verde existe, diz Nilo Pereira, filho do Verde Nasce e neto do Guaporé: “É preciso ter olhos de infância para encontrá-la. No meio do canavial, escondida, tímida, ela floresce. Perde-se no colorido denso do vale. Só uma criança pode vê-la."

Sábado, 18 de setembro de 2010 fui com um amigo de São João do Seridó - o artista plástico Wandemberg, sua esposa Jaci e filha - conhecer o velho Guaporé. Durante a visita percebi que a Rosa Verde existe...não era bem uma rosa verde, mas, uma linda e frágil, rosa amarela...simbolicamente, uma Rosa Verde... a minha Rosa Verde.
Foi assim que eu a encontrei, entre plantas aquáticas, flutuando no heroico Rio Água Azul. Haviam feito uma limpeza na área, onde seriam plantadas mudas de cana, para a nova safra da usina.
O som da água corrente me chamou a atenção e, logo atrás da casa de banho do engenho Guaporé, descia majestoso, o resistente rio Água Azul, cortando o vale e deixando suas marcas milenares no canavial.
Observei que a terra estava removida e a margem esquerda do rio parecia ter sido totalmente revirada. Nada o protege das intempéries naturais, podendo ser soterrado pela argila depositada às margens de todo o seu curso. Demorei alguns minutos olhando aquela paisagem sem vida.
Rio Água Azul - onde a mata ciliar para protegê-lo???
Uma bomba retirava a água do rio para irrigar a plantação de cana e muitos gaviões e carcarás sobrevoavam o vale em busca de comida... faziam uma festa!!!
Desci um pouco para me aproximar da bomba e fiquei surpreso quando vi a rosa amarela, tão frágil, tão bela, estava lá, banhada pelos raios luminosos de um sol ardente que ao refletirem nas pétalas, pareciam uma luz divinal...
Sua luminosidade me fez recordar o grande neto daquela casa senhorial, Nilo Pereira, e um filme foi passando e repentinamente via aquele lugar cheio de gente, cambiteiros, meninos correndo e sinhás sendo levadas para o banho matinal na secular casa de banho em frente ao velho solar.


CASA DE BANHO DO ENGENHO GUAPORÉ

Não pude me conter e uma tristeza imensa envolveu todo meu ser... Como poderemos salvar o centenário casarão??? Como é possível pessoas inteligentes deixarem que um marco histórico e cultural como o guaporé agonize e seja engolido pela estupidez e insensatez das autoridades (IN)competentes???
É preciso enfrentar os infortúnios suscitados pelos responsáveis diretos daquele patrimônio com determinação e exigir que a justiça faça seu papel e determine a imediata restauração do casarão e de toda a área em volta do mesmo.



Os filhos de Ceará-Mirim não devem deixar que a memória da cidade seja roubada pela ganância, ignorância, insensibilidade de alienígenas que borboleteiam no vale em busca no próprio sucesso, esquecendo que, aqui, existiram pessoas e famílias inteiras que construíram uma história às custas de muito suor e sangue!!!
Não merecemos continuar derramando o mesmo suor e sangue... parece que a larva continua viva, devorando o consciente dos inconsequentes... Preciso confiar na tenacidade de minha rosa amarela... firme, viva, solitária, porém, sonhadora, acreditando que uma catarse poderá revigorar nossas quimeras seculares!!! Ave, ave, minha rosa amarela!!!



Corrimão da escada interna da casa do Guaporé em julho/2010



Roubaram o corrimão e as tábuas do assoalho do casarão - setembro/2010

Começaram a roubar as janelas... quando tomarão alguma providência??

domingo, 12 de setembro de 2010

É ASSIM QUE A GENTE FALA

Seu menino, essa menina! e num é que é assim mesmo...

NO NORDESTE SE FALA ASSIM....

O nome do cordelista é Ismael Gaião da Costa, nasceu em Recife-PE.
Engenheiro Agrônomo, Funcionário Público Federal, lotado na UFRPE - Estação Experimental de Cana-de-açúcar de Carpina.
Publicou 20 (vinte) "Cordéis" e diversas poesias (sonetos, matutas, sociais).

E o endereço para o cordel é: http://recantodasletras.uol.com.br/cordel/1496943


No Brasil pra se expressar

Há diferenciação
Porque cada região
Tem seu jeito de falar
O Nordeste é excelente
Tem um jeito diferente
Que a outro não se iguala
Alguém chato é Abusado
Se quebrou, Tá Enguiçado
É assim que a gente fala

Uma ferida é Pereba
Homem alto é Galalau
Ou então é Varapau
E coisa ruim é Peba
Cisco no olho é Argueiro
O sovina é Pirangueiro

Enguiçar é Dar o Prego
Fofoca aqui é Fuxico
Desistir, Pedir Penico
Lugar longe é Caxaprego
Ladainha é Lengalenga
E um estouro é Pipoco
Qualquer botão é Pitoco
E confusão é Arenga

Fantasma é Alma Penada
Uma conversa fiada
Por aqui é Leriado
Palavrão é Nome Feio
Agonia é Aperreio
E metido é Amostrado
O nosso palavreado
Não se pode ignorar
Pois ele é peculiar
É bonito, é Arretado
E é nosso dialeto
Sendo assim, está correto

Dizer que esperma é Gala
É feio pra muita gente
Mas não é incoerente
É assim que a gente fala

Você pode estranhar
Mas ele não tem defeito
Aqui bala é Confeito
Rir de alguém é Mangar

Mexer em algo é Bulir
Paquerar é Se Inxirir
E correr é Dar Carreira
Qualquer coisa torta é Troncha
Marca de pancada é Roncha
E a caxumba é Papeira

Longe é o Fim do Mundo
E garganta aqui é Goela
Veja que a língua é bela
E nessa língua eu vou fundo
Tentar muito é Pelejar
Apertar é Acochar

Homem rico é Estribado
Se for muito parecido
Diz-se Cagado e Cuspido
E uma fofoca é Babado
Desconfiado é Cabreiro
Travessura é Presepada
Uma cuspida é Goipada
Frente de casa é Terreiro

Dar volta é Arrudiar
Confessar, Desembuchar
Quem trai alguém, Apunhala
Distraído é Aluado
Quem está mal, Tá Lascado
É assim que a gente fala

Aqui valer é Vogar
E quem não paga é Xexeiro
Quem dá furo é Fuleiro
E parir é Descansar
Um rastro é Pisunhada
A buchuda é Amojada
E pão-duro é Amarrado

Verme no bucho é Lombriga
Com raiva Tá Com a Bixiga
E com medo é Acuado
Tocar em algo é Triscar
O último é Derradeiro
E para trocar dinheiro
Nós falamos Destrocar

Tudo que é bom é Massa
O Policial é Praça
Pessoa esperta é Danada
Vitamina dá Sustança
A barriga aqui é Pança
E porrada é Cipoada

Alguém sortudo é Cagado
Capotagem é Cangapé
O mendigo é Esmolé
Quem tem pressa é Avexado
A sandália é Percata
Uma correia, Arriata
Sem ter filho é Gala Rala
O cascudo é Cocorote
E o folgado é Folote
É assim que a gente fala

Perdeu a cor é Bufento
Se alguém dá liberdade
Pra entrar na intimidade
Dizemos Dar Cabimento
Varrer aqui é Barrer
Se a calcinha aparecer
Mostra a Polpa da Bunda
Mulher feia é Canhão
Neco é pra negação
Nas costas, é na Cacunda

Palhaçada é Marmota
Tá doido é Tá Variando
Mas a gente conversando
Fala assim e nem nota
Cabra chato é Cabuloso
Insistente é Pegajoso
Remédio aqui é Meisinha
Chateado é Emburrado
E quando tá Invocado
Dizemos Tá Com a Murrinha

Não concordo, é Pois Sim
Tô às ordens é Pois Não
Beco ao lado é Oitão
A corrente é Trancilim
Ou Volta, sem o pingente
Uma surpresa é, Oxente!
Quem abre o olho Arregala
Vou Chegando, é pra sair
Torcer o pé, Desmintir
É assim que a gente fala

A cachaça é Meropéia
Tá triste é Acabrunhado
O bobo é Apombalhado
Sem qualidade é Borréia
A árvore é Pé de Pau
Caprichar é Dar o Grau
Mercado é Venda ou Bodega
Quem olha tá Espiando
Ou então, Tá Curiando
E quem namora Chumbrega

Coceira na pele é Xanha
E molho de carne é Graxa
Uma pelada é um Racha
Onde se perde ou se ganha
Defecar se chama Obrar
Ou simplesmente Cagar
Sem juízo é Abilolado
Ou tem o Miolo Mole
Sanfona também é Fole
E com raiva é Infezado

Estilingue é Balieira
Uma prostituta é Quenga
Cabra medroso é Molenga
Um baba ovo é Chaleira
Opinar é Dar Pitaco
Axilas é Suvaco
E cabra ruim é Mala
Atrás da nuca é Cangote
Adolescente é Frangote
É assim que a gente fala

Lugar longe aqui é Brenha
Conversa besta, Arisia
Venha, ande, é Avia
Fofoca é também Resenha
O dado aqui é Bozó
Um grande amor é Xodó
Demorar muito é Custar
De pernas tortas é Zambeta
Morre, Bate a Caçuleta
Ficar cheirando é Fungar

A clavícula aqui é Pá
Um mal-estar é Gastura
Um vento bom é Frescura
Ali, se diz, Acolá
Um sujeito inteligente
Muito feio ou valente
É o Cão Chupando Manga
Um companheiro é Pareia
Depende é Aí Vareia
Tic nervoso é Munganga

Colar prova é Filar
Brigar é Sair no Braço
Nosso lombo é Ispinhaço
Faltar aula é Gazear
Quem fala alto ou grita
Pra gente aqui é Gasguita
Quem faz pacote, Embala
Enrugado é Ingilhado
Com dor no corpo, Ingembrado
É assim que a gente fala

Um afago é Alisado
Um monte de gente é Ruma
Pra perguntar como, é Cuma
E bicho gordo é Cevado
A calça curta é Coronha
Um cabra leso é Pamonha
E manha aqui é Pantim
Coisa velha é Cacareco
O copo aqui é Caneco
E coisa pouca é Tiquim

Mulher desqualificada
Chamamos de Lambisgóia
Tudo que sobra, é Bóia
E muita gente é Cambada
O nariz aqui é Venta
A polenta é Quarenta
Mandar correr é Acunha
Ter um azar é Quizila
A bola de gude é Bila
Sofrer de amor, Roer Unha

Aprendi desde pivete
Que homem franzino é Xôxo
Quem é medroso é um Frouxo
E comprimido é Cachete
Sujeira em olho é Remela
Quem não tem dente é Banguela
Quem fala muito e não cala
Aqui se chama Matraca
Cheiro de suor, Inhaca
É assim que a gente fala

Pra dizer ponto final
A gente só diz: E Priu
Pra chamar é Dando Siu
Sem falar, Fica de Mal
Separar é Apartá
Desviar é Ataiá
E pra desmentir é Nego
Quem está desnorteado
Aqui se diz Ariado
E complicado é Nó Cego
Coisa fácil é Fichinha
Dose de cana é Lapada
Empurrão é Dá Peitada
E o banheiro é Casinha

Tudo pequeno é Cotoco
Vigi! Quer dizer, por pouco
Desde o tempo da senzala
Nessa terra nordestina
Seu menino, essa menina!
É assim que a gente fala

sábado, 11 de setembro de 2010

GANHEI CORAGEM

GANHEI CORAGEM

Rubem Alves

"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece",
observou Nietzsche.
É o meu caso.
Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo.
Por medo.
Alberto Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe
acerca da hora em que a coragem chega:
"Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos".
Tardiamente.
Na velhice.
Como estou velho, ganhei coragem.

Vou dizer aquilo sobre o que me calei:
"O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo.

Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus
como fundamento da ordem política.
Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo.
Não sei se foi bom negócio;
o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável,
é de uma imensa mediocridade.
Basta ver os programas de TV que o povo prefere.

A Teologia da Libertação sacralizou o povo
como instrumento de libertação histórica.
Nada mais distante dos textos bíblicos.
Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas.
Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha
para que o povo, na planície,
se entregasse à adoração de um bezerro de ouro.
Voltando das alturas, Moisés ficou tão furioso
que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.

E a história do profeta Oséias, homem apaixonado!
Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava!
Mas ela tinha outras idéias.
Amava a prostituição.
Pulava de amante e amante enquanto o amor de Oséias
pulava de perdão a perdão.
Até que ela o abandonou.
Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário
pelo mercado de escravos.
E o que foi que viu?
Viu a sua amada sendo vendida como escrava.
Oséias não teve dúvidas.
Comprou-a e disse:
"Agora você será minha para sempre.".
Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa
numa parábola do amor de Deus.

Deus era o amante apaixonado.
O povo era a prostituta.
Ele amava a prostituta, mas sabia que ela não era confiável.
O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros,
porque os falsos profetas lhe contavam mentiras.
As mentiras são doces;
a verdade é amarga.

Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola
com pão e circo.
No tempo dos romanos, o circo eram os cristãos
sendo devorados pelos leões.
E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos!
As coisas mudaram.
Os cristãos, de comida para os leões,
se transformaram em donos do circo.

O circo cristão era diferente:
judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas.
As praças ficavam apinhadas com o povo em festa,
se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos.
Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro
"O Homem Moral e a Sociedade Imoral"
observa que os indivíduos, isolados, têm consciência.
São seres morais.
Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem.
Mas quando passam a pertencer a um grupo,
a razão é silenciada pelas emoções coletivas.

Indivíduos que, isoladamente,
são incapazes de fazer mal a uma borboleta,
se incorporados a um grupo tornam-se capazes
dos atos mais cruéis.
Participam de linchamentos,
são capazes de pôr fogo num índio adormecido
e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival.
Indivíduos são seres morais.
Mas o povo não é moral.
O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo.

Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional,
segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade.
É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia.

Mas uma das características do povo
é a facilidade com que ele é enganado.
O povo é movido pelo poder das imagens
e não pelo poder da razão.
Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens.
Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista
que produz as imagens mais sedutoras.
O povo não pensa.
Somente os indivíduos pensam.
Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam
a ser assimilados à coletividade.
Uma coisa é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham.

Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo.
Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás.
Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung,
o povo queimava violinos em nome da verdade proletária.
Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar.

O nazismo era um movimento popular.
O povo alemão amava o Führer.

O povo, unido, jamais será vencido!

Tenho vários gostos que não são populares.
Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos.
Mas, que posso fazer?
Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche,
de Saramago, de silêncio;
não gosto de churrasco, não gosto de rock,
não gosto de música sertaneja, de telenovela,
de não gosto de futebol.
Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo,
eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos
e a engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno",
à semelhança do que aconteceu na China.

De vez em quando, raramente, o povo fica bonito.
Mas, para que esse acontecimento raro aconteça,
é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:
"Caminhando e cantando e seguindo a canção.",
Isso é tarefa para os artistas e educadores.
O povo que amo não é uma realidade, é uma vaga esperança.

Rubem Alves

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

PRÁ REFLETIR: O QUE MAIS DÓI.


O Que Mais Dói


O que mais dói não é sofrer saudade
Do amor querido que se encontra ausente
Nem a lembrança que o coração sente
Dos belos sonhos da primeira idade.

Não é também a dura crueldade
Do falso amigo, quando engana a gente,
Nem os martírios de uma dor latente,
Quando a moléstia o nosso corpo invade.

O que mais dói e o peito nos oprime,
E nos revolta mais que o próprio crime,
Não é perder da posição um grau.

É ver os votos de um país inteiro,
Desde o praciano ao camponês roceiro,
Pra eleger um presidente mau.


Patativa do Assaré

SARAU BAQUIPEANO VIRTUAL

ETELVINA ANTUNES

Etelvina Antunes de Lemos nasceu no Engenho Oiteiro, município de Ceará-Mirim, a 17 de maio de 1885. É filha do Coronel José Antunes de Oliveira e Joana Antunes de Oliveira. Irmã do admirável poeta Juvenal Antunes.
Estudou no Colégio São José, de Recife, e colaborou em jornais e revistas da sua terra e da capital pernambucana, usando o pseudônimo de Hortência Flores. Possui um livro de versos intitulados Violetas.

TUA CARTA (à minha filha Etelvina Dulce)

Espero ansiosa a tua carta amiga,
Portadora de afeto e de carinho.
Vale pra mim como uma jóia antiga,
Tem o calor de um rico pergaminho.

Escuto ao longe uma infernal cantiga,
Um resfôlego, um silvo, um burburinho...
É o trem que rola pela estrada antiga,
Pondo nuvens de fumo no caminho.

Ei-lo que entra altivo e triunfante,
Na pequena cidade silenciosa...
Ai como sofre quem do amor se aparta!

Pego a missiva e trêmula, hesitante,
Rasgo o envelope e rápida, nervosa,
Beijo o teu nome e leio a tua carta.

Fonte: Panorama da Poesia Norte-Rio-Grandense - Romulo C. Wanderley - 1965

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

PARABÉNS ALICE BRANDÃO

Parabéns a minha querida amiga e artista favorita: Alice Brandão. Pela conquista do catálogo da ABLA (Academia Boituvense de Letras e Artes).

Mensagem enviada por Alice Brandão em 02/09/2010:

Este evento foi a publicação do meu livro que agora sou cadastrada e catalogada como membro da ABLA (Associação Boituvense de Letras e Artes)ligada a Galeria de Arte rede social p artista plásticos a Cultural Flumisense de Belas Artes/RJe ao Salão de Artes Plásticas da Liga de Defesa Nacional Espaço Cultural da Justiça do Trabalho/RJ .
Adalgisa Cuam Comendadora de Artes pela Câmara Brasileira de Arte e Cultura fez esse projeto de lançar este livro de Poesias e Arte e fui convidada (por fazer parte do Site do Saber Cultural) p expor aquele Cristo q foi o escolhido pela comissão julgadora entre tantos p ser lançado . Fiquei muito honrada c isso acho q passará minha entrevista da tvCultura SP. (n sei a data)
E qto aos "boys ao meu lado" são fãs primeiramente, meus alunos catalogados,chama-se Névio (Italiano)e o outro Jaime Colom Espanhol, q me deram a honra de acompanhar e levar até o Museu Salão da Rosas, onde foi o lançamento ontem .

Bjks mil. Sua artista Licinha

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

MADALENA ANTUNES PEREIRA

MADALENA ANTUNES PEREIRA Madalena Antunes Pereira e Olympio Varella - foto datada de 28/05/1900

A Ata Diurna da Sexta-feira, 12 de junho de 1959, de Luiz Câmara Cascudo, publicada no Jornal da República transmite preciosos dados da vida e morte da eterna Sinhá - moça do Ceará-Mirim.

Maria Madalena Antunes Pereira nasceu à 25 de maio de 1880 e faleceu aos 11 de junho de 1959. Sinhá moça do oiteiro, menina de engenho sonoro, coméia de escravos sem troncos e sem chibata, labuta dos citos sem lágrimas. Última sobrevivente da aristocracia rural de Ceará-Mirim sempre demonstrou um espírito fidalgo, irmã das escravas e senhora das amigas. Para todos nós, era uma valorização feminina, valorizava o sexo pela graça, pela malícia, pela finura, pela elevação da conduta vivida, em linha reta erguendo a mão para abençoar e baixando-a para escrever. Escreveu o primeiro livro de memória feminina do norte brasileiro “Oiteiro”, onde reviveu o passado trazendo-o a fixação presente pelo irreversível impulso de alegria sonora e rica como um guiso de ouro cristal. Não envelheceu para entristecer-se para anoitecer os dias contemporâneos, apenas a vida, tornou-se a mais experiente, mas vibrante, recobrindo de intenção notiva as causas que tinham desaparecido. Deus lhe deu a varinha de condão de “Maria Borralheira”, transformava em música cantigas, festas coloridas de crepúsculo e reais e noites de luar sideral as paisagens sumidas e pobres. Tudo era possível voltar a viver quando ela queria evocar.
Quando não podia mais andar, sentou-se na cadeira como uma rainha no trono para aceitar a servidão jubilosa de todos os seus, a família e os amigos que era todos a sua família também.
Ficou como uma roseira, flor de todo ano, não precisando mover-se para frutificar e deslocar-se para o milagre do perfume e da compreensão total.
Madalena lia muito, mas a sua cultura era uma soma de intuições surpreendentes. O livro pouco trazia de ensino, era sua vida interior que a iluminava toda, como uma lâmpada de prata derrama a transparência clareada pela amplidão informe. Morreu aos 79 anos ainda moça, muito mais moça do que suas trisnetas. Conservava a força exultante de um júbilo espontâneo e poderoso que se derramava ao derredor como uma luz cheia de benção.
Morreu pensando em escrever, escrever para perpetuar sua terra e sua gente num ambiente de ternura, de bondade, de cores leves e românticas do amanhecer de noivado.
A vida não conseguiu decepcioná-la, torturou-a, mas não a venceu. Madalena estava por cima do tempo, da vida, das tempestades que sacodem aqueles que andam arrastados nos caminhos do mundo. Ela voava livre de todas as leis da gravidade, no tapete mágico dos sonhos tendo na mão fina e nobre, a lâmpada de Aladim.
Só sabia escrever evocando, matando a morte pela saudade, enchendo o horizonte de versos, de anseios, de lembranças, de pensamentos idos e vividos, bailantes, intermináveis, incessantes como pirilampos.
Cascudo afirmou: Não posso vê-la, pela primeira vez imóvel e silenciosa, os olhos claros apagados e a voz sem as águas vivas da comunidade criadora. Voltando para o céu, deixo-nos a última alegria viva, familiar e linda em sua legitima telúrica, da terra do vale do Ceará-Mirim.