sábado, 20 de julho de 2013

ANDANÇAS


Conceição do Araguaia - Pará - 1984
No tempo que trabalhava com pesquisa de diamantes
Com ares de revolucionário

BAÚ DE MEMÓRIA


Guarda Municipal de Ceará-Mirim na década de 1960
administração Aderson Eloy de Almeida
Os guardas da esquerda para direita: 
Baião,Pernambuco, Monteiro e José.

ATIVIDADES PEDAGÓGICAS


Noção de fotografia com a turma da professora Denize Farias 
Escola Estadual Interventor Ubaldo Bezerra de Melo - Ceará-Mirim/RN

ENSAIO CONTEMPLATIVO


Luar de Ceará-Mirim no antigo Olheiro Pedro II

FOTOPOEMA


FotoPoema uma parceria com minha fotografia do Rio Ceará-Mirm e obra poética do amigo poeta Ciro José Tavares.

sexta-feira, 19 de julho de 2013


ANTIGA RUA DA AURORA

"O centro da vida da cidade, entretanto, era a Rua da Aurora, onde o café de Jorge Moura, o cinema Rialto e o Café Central se constituíam as atrações diárias de toda a gente.

A Rua da Aurora era o lugar de todas as concentrações, sobretudo as carnavalescas.

Não tendo ainda recebido o tratamento do progresso, a pavimentação não alcançara a Rua da Aurora e frondosos pés de fícus benjamim, imunes a quaisquer lacerdinhas, davam um verde colorido de esperança à festejada rua..."

(Vultos, fatos e saudades - Inácio Cavalcanti).

FOTOPOEMA


quinta-feira, 18 de julho de 2013

O GRANDE VAQUEIRO LUIZ DE AMÉRICO

Fiz esta entrevista em 29 de junho de 2009 - Infelizmente o Mestre Luiz já faleceu!

O VAQUEIRO LUIZ DE AMÉRICO - LUIZ CABRAL DE OLIVEIRA
 
                Em 29 de junho 2009, tive o prazer de conhecer o Mestre Luiz de Américo, tio do meu amigo Ionaldo Oliveira, que me apresentou ao grande vaqueiro. Homem de riso fácil, humilde e cativante... Fui conquistado pelo seu carinho! Esse dia ficará gravado para sempre.
                Em 08 de outubro de 1918 nascia em Ceará-Mirim Luiz Cabral de Oliveira, filho de João Maximiniano da Mota e Isabel Cabral de Oliveira. Dois dias após seu nascimento, sua mãe faleceu deixando nove filhos, sete homens e duas mulheres.
                Após a morte da mãe, o menino Luiz foi morar com um tio chamado Américo, irmão de Isabel, que tinha propriedade na localidade de Gravatá, no município de Ceará-Mirim. Além de criá-lo, Américo cuidou também de seus irmãos Orlando e Francisco. Em virtude de ter sido criado por esse tio o menino passou a ser conhecido por Luiz de Américo.
                Como não havia recém nascidos na região, ele foi amamentado por uma vaca muito mansa chamada Mimosa. Enquanto o animal era alimentado com capim, Luiz se deliciava em suas têtas. Tempos depois, a empregada que cuidava dele, a pedido de seu patrão, o ensinou a tirar o leite que colocava dentro de uma pequena cabaça, e misturava com farinha para se alimentar. Para seu grande amigo o ex-governador Cortêz Pereira aquele leite que bebera na infância tinha sido o “imã do gado” para Luiz de Américo.
                Cresceu nos arredores da Lagoa de Gravatá banhando-se e correndo atrás de gado, que era seu maior divertimento.
                Américo era homem de posses, além da propriedade, foi também proprietário – por arrendamento – do engenho Divisão que arrendou de Henrique Torres por um período de cinco anos. Luiz não se interessou pelas coisas do engenho porque o que ele queria mesmo era ser vaqueiro, campear o gado. Quando seu tio e pai Américo o mandava para a escola, no distrito de Capela, ele desviava o caminho e se embrenhava nas capoeiras em busca de gado para campear. Um dia seu pai descobriu a “mutreta” e deu-lhe uma boa sova, como ele mesmo descreve: “meu pai só dava duas braçadas, mais ninguém esquecia”.
                 Na era de 1920, quando tinha seis anos viu o ex-presidente da República Afonso Pena que veio para a inauguração de uma Estação Ferroviária entre Lages e Macau. Após as festividades Afonso Pena retornou e permaneceu em Ceará-Mirim onde teve uma grande festa em sua homenagem. Foi a primeira vez que Luiz assistiu uma vaquejada tão grande. O pátio foi montado em frente a igreja matriz, no centro do largo, que era limitado por duas fileiras de fícus benjamim. Ali nascia o vaqueiro que seria conhecido em todo o Rio Grande do Norte e Nordeste do Brasil.
                Quando seu pai faleceu, tinha 15 anos, então, sai da cidade e vai trabalhar em outros lugares. Ao regressar segue o conselho de Américo que um dia disse: “você comece a pensar na vida e se encoste numa pessoa que tenha nascido com posses, porque vão desaparecer seu pai, sua mãe e um grande amigo e você precisa vencer. Pensando nisso, procura trabalho com um grande fazendeiro da região conhecido como Major Vital Correia.
                Passou parte de sua vida trabalhando com o Major Vital Correia, que o considerava homem de confiança nas competições de vaquejada. Prova disso é que só quem montava o cavalo conhecido como “Patas Brancas” eram eles dois.
                No final dos anos 1940 Major Vital o mandou trabalhar em suas terras no sertão. Lá, conheceu Angelita e iniciou um romance através de olhares e conversas “relâmpagos”, pois flertavam em segredo. Desses olhares nascia uma paixão que levou Luiz a pedir a mão da donzela em casamento aos seus tutores. Não satisfeito veio à Ceará-Mirim falar com o pai da moça que era subdelegado na cidade de Pedro Avelino, para confirmar sua intenção e receber autorização deles para o matrimônio. Com o consentimento, regressou à fazenda e acertou com ela o contrato.
                O vaqueiro saiu do sertão deixando sua amada esperando por um bom tempo. Nesse período eles não se corresponderam e nem se viram, foi um afastamento de um ano. Quando resolveu que tinha chegado a hora, pediu permissão ao Major Vital para ir buscar sua amada. O Major prontamente o atendeu dando-lhe dinheiro e total apoio para a viagem. Casou-se em 1950 e permanecem juntos até os dias atuais.
                Esse grande vaqueiro representou o Estado do Rio Grande do Norte ajudando a divulgar o esporte de vaquejada em todo território nacional.
                Em 1942 o Major Vital Correia promoveu uma grande vaquejada para o General do Exercito Brasileiro Cordeiro de Farias, uma vez que o mesmo não conhecia o esporte. O evento aconteceu na fazenda Betânia e o maior destaque daquele dia foi o vaqueiro Luiz de Américo.
                Em 1953, no governo de Silvio Pedroza, foi realizada a primeira grande vaquejada em Natal, no Estádio Juvenal Lamartine. O evento foi organizado pelos esportistas Dr. Estelio Ferreira e José Ubarana. Foi uma disputa entre o Rio Grande do Norte e a Paraíba e Luiz de Américo deu o 1º lugar ao Estado do Rio Grande do Norte.
                Tem orgulho de ter sido convidado pelo então deputado Teodorico Bezerra para representar o Rio Grande do Norte, em 1955, na cidade de Santa Cruz do Inharé quando o presidente Juscelino Kubitschek visitou o estado. A festa foi muito concorrida, as pessoas vinham para conhecer o presidente. Nesse dia, o vaqueiro Dão João puxou um boi e partiu seu rabo, fato que o presidente viu e pediu o pedaço do rabo enrolando-o em jornal para levá-lo como lembrança.              
                Em seu tempo as vaquejadas eram organizadas de forma que os bois eram classificados em Gado Duro (de mais de 20 arrobas – acostumado a ser puxado); Gado Médio (de 15 a 19 arrobas – acostumado a ser puxado) e Gado mole (de 8 a 14 arrobas – que nunca tenha sido puxado) e cada rês só poderia correr uma única vez, conforme escrita no capítulo IV do Regulamento da Vaquejada “Jubileu de Ouro” realizada nos dias 28 e 29 de maio de 1955, na cidade de Natal/RN.
                Uma grande frustração aconteceu no ano de 1958 quando não terminou a competição entre os estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas. Ele fazia dupla com o saudoso Roberto Varela e estavam em primeiro lugar quando, na penúltima disputa, foi acidentado e lamentavelmente não pôde continuar. Nesse dia os louros foram para os norte-rio-grandenses Estelio Ferreira e Pedro Bento.
                Esse grande mestre dedicou toda sua vida às vaquejadas, onde divulgou e deu glórias ao Estado do Rio Grande do Norte. Lamenta ter sido esquecido pelas autoridades do Estado. Foi lembrado durante o governo de Cortês Pereira, que o convidou para ser administrador do Parque 13 de Maio a principal praça esportiva de vaquejada.
                Hoje aos 90 anos o mestre vaqueiro olha para o horizonte e lembra um passado de vitórias e glórias que eram embaladas por aplausos e reconhecimentos de uma arte nascida no sertão do Seridó, onde os grandes protagonistas eram o valente peão, o cavalo e o boi.
                Considerado como PATRIMÔNIO VIVO, Seu Luiz reside, com sua eterna companheira,  em Igapó, e lamenta não ser reconhecido como um homem que passou toda sua vida trabalhando pela cultura de sua terra e levando a arte do vaqueiro a todos os recantos do Nordeste.
                Como cearamirinense que é, o mestre poderia ser homenageado em sua terra e, quem sabe, nossos representantes encontrem uma forma de gratificá-lo com uma aposentadoria reconhecendo seu valor como Patrimônio Cultural e, também, possam refletir em um projeto que beneficie todos os grandes mestres que estão no anonimato, esquecidos e que deveriam ter um salário vitalício como forma de incentivá-los a repassar seus conhecimentos às novas gerações contribuindo para o fortalecimento e preservação de nossas tradições.
                Nossos mestres estão à espera de uma política de cultura que os façam “existir” como representantes legais de nossa cultura e não simples brincantes que eventualmente aparecem fantasiados dançando ou correndo como meros “marionetes”. Vamos lutar em respeito a todos esses grandes filhos de Ceará-Mirim: Luiz de Américo, Tião Oleiro, Luiz Chico, Maria do Carmo, Birico, Belchior. Zé Rodrigues, Luiz de Julia e tantos outros que estão ofuscados pela luz da incompreensão e falta de conhecimento.

MARIA ANTONIETA VARELA


MARIA ANTONIETA PEREIRA VARELLA
Por Denise Gaspar

            Filha de Maria Madalena Antunes Pereira e Olímpio Varella Pereira, Maria Antonieta Pereira Varella nasceu em Ceará-Mirim no dia 09 de maio de 1906.
            Fez seus primeiros estudos com a professora Adele de Oliveira e depois na Escola Doméstica de Natal, tendo se destacado sempre pela sua inteligência, educação, discrição, beleza e simplicidade.
            Casou no dia 01 de maio de 1924 com Luiz Lopes Varella, primo, fidalgo de nascimento e logo usineiro de sucesso, prefeito de Ceará-Mirim, suplente do Senador Kerginaldo Cavalcanti, empresário, dono dos cinemas Nordeste e São Pedro, algumas sociedades com Luiz de Barros e outras com Jessé Pinto Freire.
            Do seu casamento com Luiz Varella nasceram 5 filhos: Marilda, Mariza, Manoel, Roberto e Ione.
1)   Marilda nasceu em 31/01/1925 e casou em 1946, na usina São Francisco em Ceará-Mirim, com o oficial de Marinha João Carlos de Freitas Raulino. Tiveram 5 filhos: Marildinha, Luiz Eduardo, Regina Laura, Carlos Eduardo e Branda Maria.
2)   Marilza faleceu com um ano e oito meses.
3)   Manoel faleceu com 8 meses.
4)   Roberto nasceu em 04 de novembro de 1928 e casou-se em Natal, no ano de 1951, com Maria Elenir Fonseca. Tiveram quatro filhos: Luiz Neto, Cinthia, Márcia e Sheila. Em  1985 uniu-se a Ana Anunciada Costa com quem viveu até o seu falecimento em 04 de outubro de 2006.
5)   Ione nasceu em 26 de janeiro de 1931 e casou em Natal em 1948, com o primo – agrônomo, depois usineiro e deputado federal Eider Freire Varela. Tiveram três filhos: Tânia, Euler e Eudes.
            Antonieta teve papel de grande destaque na vida do seu marido Luiz Lopes Varella. Quando da Intentona Comunista em 1935, Luiz Varella, usineiro, foi paradoxalmente acusado de comunista, tendo sido perseguido e forçado a viajar com toda a família, vivendo humildemente no bairro do Andaraí, costurando em sua residência para o sustento de todos, inclusive sua sogra, a fidalga Dona Etelvina de Paula Lopes Varella.
            Esta passagem enchia de orgulho o seu esposo, que costumava dizer à sua filha Marildinha: “Eu jamais seria o que sou sem Antonieta – ame-a muito e sempre”.
            Era excelente dona de casa, exímia na arte culinária e dotada de requinte ímpar nos menores detalhes. Como anfitriã, recebeu com perfeição as maiores autoridades do Estado e do País, tais como os governadores Aluizio Alves do Rio Grande do Norte, Ademar de Barros de São Paulo e o presidente da República João Café Filho que foi seu hóspede inúmeras vezes.
            Suas casas, quer na usina São Francisco em Ceará-Mirim, como em Natal, eram decoradas com  a mais requintada simplicidade, apesar das pratarias, cristais, porcelanas e quadros valiosos. Nelas, recebia não apenas autoridades e políticos, mas também os humildes, os funcionários, os moradores, familiares e todo aquele que precisasse de caridade ou do aconchego familiar. Suas casas eram abertas a todos, sem discriminação de estado social.
            Mas ela não era apenas uma excelente hostess. Eram inúmeras as qualidades dessa extraordinária mulher: Dona de uma personalidade invejável e possuidora de forte caráter, foi também uma das primeiras mulheres a dirigir automóvel no Rio Grande do Norte. Inteligente, altiva, porém, bastante sentimental e carinhosa, era excelente filha, irmã e esposa, mãe, tia, sogra, avó e bisavó. Acima de tudo, era amiga de seus amigos, e por isso muito bem relacionada em toda a sociedade.
Abel, Antonieta, Vicente e Ruy
            Amava seus irmãos: Ruy, Vicente, Abel e Darquinha, assim como todos os sobrinhos.
            Lembro-me do carinho que dedicou a minha família em 1947 quando meu pai Ruy Antunes Pereira,e minha mãe Odette, resolveram morar em Natal. Como nossa casa estava em construção, ficamos todos – meus pais, o afilhado Ruyzinho e eu – hospedados com os queridos tio Luiz e Antonieta. Época, em que tivemos a honra de privar da hospitalidade desse casal ímpar, que se tornou meus compadres, padrinhos de batismo de meu filho Sérgio Gaspar.
            Como o mesmo afeto e elegância cederam a mansão da Praça Pio X, para a recepção dos casamentos das sobrinhas Gipsy (com Dr. Antonio Montenegro) e Suely (com Dr. Emanoel Alves Afonso).
            Antonieta Varella também fazia filantropia, isolada ou em grupo, ia, por exemplo, sozinha em seu automóvel, para que ninguém soubesse, levar mantimentos aos detentos da penitenciária “João Chaves”, em Natal.
            Foi  uma das fundadoras da ACF (Associação Cristã Feminina) – entidade que recebia moças que vinham do interior para estudar em Natal. Atuou com destaque ao lado de Maria Alice Fernandes, Ivete Bezerra, Cindinha  Dumaresq e Lucia Viveiros, dentre outras. Segunda presidente, em sua gestão foi adquirida a casa onde a associação funciona até hoje – Avenida Prudente de Morais, nº. 300.
            Após perder seu marido, Luiz Varella em 15 de julho de 1976, residiu em seu apartamento no Rio de Janeiro e voltou a morar em Natal e posteriormente em Ceará-Mirim, onde faleceu em 20 de janeiro de 1990.
            Eleita por um jornal da Paraíba como “EXCELSA IMPERATRIZ DA FORMOSURA”, pode ser considerada, pelas suas atitudes e pelo seu caráter, a – “GRANDE DAMA DOS VERDES CANAVIAIS E DO RIO GRANDE DO NORTE”!