quarta-feira, 4 de maio de 2011

AUTOESTIMA

Minha primeira leitura hoje pela manhã foi a crônica de meu amigo Pedro Simões: AUTOESTIMA. Refleti bastante a respeito do que o mestre escreveu e, por coincidência, estava super indignado com algumas situações que acontecem em nossa província baquipeana:
Por exemplo:
1. Os servidores se dirigem ao Banco do Brasil ou Caixa Econômica e não conseguem retirar o salário porque não há dinheiro nos caixas eletrônicos. Esse final de semana o Banco do Brasil não tinham abastecido os caixas. Muitos clientes reclamavam à saída do Banco. Felizmente (ou não) nós somos pessoas “muito conformadas” e pacatos cidadãos.
2. Em pleno século XXI, regredimos ao início do século XX quando foi inaugurada a Agência dos Correios em Ceará-Mirim. Para receber correspondências temos que nos dirigir a um anexo (muito apertado e quente) do correio e enfrentar enorme fila, para receber as correspondências. Isso acontecia no incío da implantação dos Correios em Ceará-Mirim. Como ficam os pagamentos que vêm pelo Correio e chegam com atrasos? Nós que temos que pagar as multas. Há poucos carteiros para uma população “urbana” de mais ou menos 40 mil habitantes!
3. Não precisa citar os outros absurdos que acontecem pelo país, principalmente, entre àqueles que deveriam dar exemplos de cidadania, como os políticos e gestores.
4. Até quando suportaremos essa malvada larva???
Apesar de tudo isso concordo com Pedro. Devemos amar as cores da Bandeira, ter orgulho de ser Cearamirinense, Potiguar, Nordestino e Brasileiro.

Pedro Simões


AUTOESTIMA – Deveríamos ampliar a nossa justificável meta de auto-valorização. Que ela não se restrinja apenas à nossa individualidade, mas alcance também os valores que compõem a nossa identidade, à nossa personalidade, que nos fazem ser o que somos. Exemplo: temos o hábito de apequenar, senão ridicularizar aquilo que nos cerca – nos...sa cidade, nossa região, e em última escala, o nosso país. O que é fruto da nossa cultura, natalense, potiguar ou nordestina, é desprezível, salvo se reverberar do eixo do sul maravilha ou do exterior.
Lambo os beiços com o hábito dos americanos de se sentirem apenas o máximo por sua nacionalidade. Usar as cores nacionais e a própria bandeira e de gabarem a sua superioridade. Do seu civismo em relação à defesa nacional e à adoção do “american way of life”, sem se preocupar se é ou não politicamente correta a sua opção: ela é americana? Então é boa e me convém.
Fico pensando que tenho dois orgulhos bem próximos de mim: Ceará-Mirim e Natal. A cidadezinha salpicada de verde, azul e amarelo que guarda num relicário a minha infância e juventude. E a capital do meu estado, com as mais belas praias do mundo, um povo cosmopolita e hospitaleiro que nunca perdeu o ar provinciano, marca que deve ser computada como vantagem, já que os “metropolitanos” se tornaram impessoais e robóticos. Um amigo de São Paulo que se mudou para cá me dizia que a vantagem dos potiguares sobre os paulistas, além das evidentes opções de qualidade de vida, era o modo com que nós “familiarizavamos” as personalidades públicas. Que aqui, à moda norte-rio-grandense, ele aprendeu a tratar com pessoas e não com instituições.
À época dizia que falava com “Gueire” (Garibaldi) e não com o governador, por exemplo. Aqui, comprava fiado na mercearia da esquina e recebia em sua casa os passarinhos, os vizinhos e amizades adquiridas instantaneamente. Na sua cidade, morou dez anos num apartamento e nunca se relacionou com o vizinho, a quem apenas cumprimentava no elevador.
Há uma coisa que lugar algum pode superar o nosso: o acervo de memórias e os testemunhos existenciais da nossa vida. E outra coisa: as provas e referências da nossa identidade.
Tenho muito orgulho de ser brasileiro, jamais pensei em ter outra nacionalidade. Cresço com o país – e como já cresci! – e tenho certeza de que os meus netos herdarão uma pátria notável, poderosa e magnânima, comprometida com a justiça social. Orgulho-me de ter dupla cidadania: cearamirinense e natalense, embora mon coeur balance pour Ceará-Mirim. E, finalmente, tenho um orgulho superlativo por ter sido nordestinado. Não recebo essa destinação como fatalidade, mas como benção, pois desde criança me assumi um lutador, aquele que viabiliza a própria sobrevivência tirando leite de pedras.
Tenho autoestima cívica também, não apenas pessoal. Por isso, não me sinto diminuído quando meus filhos e netos, entre zombeteiros e carinhosos, me tratam de “careca”, “gordo” ou “velho”. Porque, além de me saber bem conformado nos padrões individuais de medianos para superiores, sou cearamirinense, norte-rio-grandense, nordestino e brasileiro – nesta ordem. Uma glória.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  2. Vitorino jr disse...

    Em primeiro lugar gostaria de parabenizar à todos pela fundação da ACLA, em segundo destacar que Pedro Simões foi feliz em sua fala, na câmara municipal, quando destacou a importância do incentivo à cultura cearamirinense como fonte de desenvolvimento da sociedade de forma integral: político-social,intelectual e econômico. Isso demonstra que a produção cultural não deve ser vista apenas como uma apresentação em tempos em tempos de grupos folclóricos, mas deve ser compreendida como uma responsabilidade social no intuito de permitr a inserção dos cidadãos cearamirinenses no patamar de sujeitos conscientes, que se entendam como indivíduos produtos/produtores de cultura, com passado, presente e futuro e que não precisam ser iluminados para isso, bastam ser cidadãõs da nossa terra!

    ResponderExcluir