Garimpando no baú de fotografias antigas, encontrei a foto da Casa-Grande do engenho Oiteiro - datada de 1923. Imediatamente lembrei do texto de Madalena Antudes...
REMINISCÊNCIAS
“No outono da vida, recordar é abrir pontos de luz na estrada abandonada do passado.
Maio! Ainda hoje o contemplo, no milagre da imaginação, no pólen de suas flores, na renovação de suas messes, sentindo em tudo a poeira das desilusões, polvilhando a trilha do passado.
O encanto dos jardins do Oiteiro resumia-se em sua profusão de flores. Os canteiros eram orlados de fundos de garrafas e pedrinhas do sertão. As roseiras transbordavam de latas de querosenes, e os jasmineiros cresciam pujantes, beirando os velhos muros, gretados, da Casa-Grande.
Pelos vidros partidos das varandas, penetravam os “mimos de céu”, que aljofravam o solo, como róseas borboletas de asas despedaçadas rolando pelo chão.
Os rosedás embalsamavam o ar, paralelos os bogaris de folhas largas, delicadamente enrolados, quais brancos caracóis. As angélicas afloravam de varetas verdes, que se inclinavam salpicadas de estrelinhas brancas, como o cajado de São José.”
Maria Madalena Antunes Pereira em “Oiteiro memória de uma SINHÁ MOÇA” – Ed. Irmãos Pongetti – 1958.