LAMENTO I
Hoje acompanhei alguns estudantes
e professores da EITI Barão de Ceará-Mirim em uma viagem pela história de
Ceará-Mirim. Iniciamos com uma breve parada no local onde antigamente havia uma
fonte de água (olheiro) que, provavelmente, foi a responsável pelo povoamento
do lugar Boca da Mata. Aquele olheiro abasteceu o povoamento, depois a Villa e
posteriormente a cidade, desde sua fundação.
Fazia parte do cotidiano da
cidade o fluxo constante de pessoas, animais e carros pipas transitando pelas
ruas e comercializando água para a população. Isso acontecia até os anos 1970
quando chegou a água vinda da Lagoa de Extremoz e o abastecimento passou a ser
diretamente pelas torneiras.
Dizem que no final do século XIX
o imperador D. Pedro II liberou uma verba para que fosse construída uma casa de
proteção sobre o olheiro com o objetivo de evitar que as águas da chuva e a
lama se misturassem à água que era servida à população.
A tal casa resistiu até os anos
1980 quando foi demolida e no seu lugar colocaram uma laje de cimento protegendo
a caixa do antigo olheiro. Esse local era usado para abastecer carros pipas que
transportavam água para alguns distritos onde a “água encanada” ainda não tinha
chegado. Além disso, servia também para que a população fizesse uso da água que
saia pela tubulação para lavagem de roupas.
Em 2017 o velho olheiro sofreu
mais uma intervenção, dessa vez, muito preocupante, pois, retiraram a laje de
cimento que havia sobre a caixa que protegia a água para que fosse feito uma
restauração, uma forma de valorizar o espaço turisticamente. Pois bem, quando
foram retirar a proteção, os fragmentos da laje devem ter caído dentro da fonte
o que levou ao entupimento da mesma.
Naquela oportunidade limparam o
local, pintaram a proteção de branco e fizeram a inauguração em uma Semana de
Meio Ambiente. Foi a atração principal do evento. Quando vi a tal restauração,
pensei que iam construir uma réplica da antiga casa que era um símbolo da
memória da cidade. Engano meu, fizeram a festa e depois o abandonaram à própria
sorte, convidaram as lavadeiras para saírem do local porque poluía a água e,
atualmente, o entorno do espaço está totalmente coberto de mato e o interior da
caixa do antigo olheiro poluído com tudo que existe, inclusive uma água parada,
suja e fétida, repleta de larvas de mosquito o que, obviamente, põe em risco à
população, principalmente, em um tempo de surtos de dengue, zika, chikungunya e
outras milacrias.
Não sei qual o projeto desta
administração para aquele espaço, uma vez que todo o Largo Julia Genoveva está
em total abandono, inclusive, o prédio da velha estação apresenta muitas infiltrações
comprometendo todo o equipamento.
Cá com meus botões, não custava
nada a prefeitura manter aquele espaço limpo e bem cuidado, já que a sua “restauração”,
penso, que de fato ficou inviável. Não é prioridade!! De qualquer maneira, o
velho olheiro será o primeiro e principal Cartão Postal de Ceará-Mirim quando o
turista entrar no corredor fantasmagórico dos engenhos. Ninguém, nenhuma
administração municipal, apagará sua contribuição para a memória da cidade!!
Isso é fato!! Mesmo que aterrem o lugar.
Há muitos vereadores jovens, que
estão iniciando na política, que poderiam refletir sobre o importância do velho
olheiro para a memória da cidade e propor projetos que viabilizassem sua
verdadeira restauração e o trouxessem à vida. Há recursos para isso. Busquem emendas
com seus deputados para que justifiquem os votos que tiveram aqui no
município. Pelo menos na teoria, foi
para isso que foram voltados, para representar o interesse da comunidade.