Hoje ao entardecer, caminhava pela Rua Dr. Meire e Sá, quando encontrei com seu Manoel do geléia, pedi para que ele me desse um dedinho de prosa, pois tinha intenção de entrevista-lo para meus arquivos de memória da gente de Ceará-Mirim. Marcamos o dia da entrevista e eu lembrei que tinha apresentado o famoso doceiro, ao jornalista Sergio Villar, quando da entrevista para a Revista Preá, nº 20 – outubro/novembro de 2008.
Segue a publicação da Preá- nº 20 – pg. 61.
GELÉIA NA CABEÇA E DISPOSIÇÃO NOS PÉS
Andar três horas ininterruptas é cansativo. Com uma espécie de tabuleiro repleto de doce em cima da cabeça, a situação piora. E quando se é idoso, só mesmo com disposição e saúde. Essa rotina se repete durante 55 anos. Foi vendendo geléia de côco que Manoel Pereira dos Santos, 73, construiu e sustenta a família de seis filhos.
Antes o doceiro trabalhava no roçado. “Era mais leve”. Hoje, já durante a manhã ele raspa o côco na vasilha junto com o açúcar. O segredo para dar “o ponto” ele afirma ser a pedra úmida – uma espécie de pedra de sal. O côco na verdade, é o “carro-chefe” da produção totalmente artesanal. Mas Manoel Pereira diz que basta ter a fruta que ele faz o doce.
Às 14h ele parte com o tabuleiro na cabeça. Mais da metade é de côco. O resto dos sabores varia: goiaba, maracujá, mamão. Nem sempre o tabuleiro volta vazio. O doceiro reclama que a geléia já foi mais aceita, sobretudo nas feiras. Uma época mais doce, talvez. Mas seu Manoel não pretende parar. “Enquanto tiver em pé vou estar na rua vendendo geléia”.
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