quinta-feira, 18 de julho de 2019

LAMENTO I


LAMENTO I

Hoje acompanhei alguns estudantes e professores da EITI Barão de Ceará-Mirim em uma viagem pela história de Ceará-Mirim. Iniciamos com uma breve parada no local onde antigamente havia uma fonte de água (olheiro) que, provavelmente, foi a responsável pelo povoamento do lugar Boca da Mata. Aquele olheiro abasteceu o povoamento, depois a Villa e posteriormente a cidade, desde sua fundação.

Fazia parte do cotidiano da cidade o fluxo constante de pessoas, animais e carros pipas transitando pelas ruas e comercializando água para a população. Isso acontecia até os anos 1970 quando chegou a água vinda da Lagoa de Extremoz e o abastecimento passou a ser diretamente pelas torneiras.


Dizem que no final do século XIX o imperador D. Pedro II liberou uma verba para que fosse construída uma casa de proteção sobre o olheiro com o objetivo de evitar que as águas da chuva e a lama se misturassem à água que era servida à população.


A tal casa resistiu até os anos 1980 quando foi demolida e no seu lugar colocaram uma laje de cimento protegendo a caixa do antigo olheiro. Esse local era usado para abastecer carros pipas que transportavam água para alguns distritos onde a “água encanada” ainda não tinha chegado. Além disso, servia também para que a população fizesse uso da água que saia pela tubulação para lavagem de roupas.

Em 2017 o velho olheiro sofreu mais uma intervenção, dessa vez, muito preocupante, pois, retiraram a laje de cimento que havia sobre a caixa que protegia a água para que fosse feito uma restauração, uma forma de valorizar o espaço turisticamente. Pois bem, quando foram retirar a proteção, os fragmentos da laje devem ter caído dentro da fonte o que levou ao entupimento da mesma.


Naquela oportunidade limparam o local, pintaram a proteção de branco e fizeram a inauguração em uma Semana de Meio Ambiente. Foi a atração principal do evento. Quando vi a tal restauração, pensei que iam construir uma réplica da antiga casa que era um símbolo da memória da cidade. Engano meu, fizeram a festa e depois o abandonaram à própria sorte, convidaram as lavadeiras para saírem do local porque poluía a água e, atualmente, o entorno do espaço está totalmente coberto de mato e o interior da caixa do antigo olheiro poluído com tudo que existe, inclusive uma água parada, suja e fétida, repleta de larvas de mosquito o que, obviamente, põe em risco à população, principalmente, em um tempo de surtos de dengue, zika, chikungunya e outras milacrias.
Não sei qual o projeto desta administração para aquele espaço, uma vez que todo o Largo Julia Genoveva está em total abandono, inclusive, o prédio da velha estação apresenta muitas infiltrações comprometendo todo o equipamento.
Cá com meus botões, não custava nada a prefeitura manter aquele espaço limpo e bem cuidado, já que a sua “restauração”, penso, que de fato ficou inviável. Não é prioridade!! De qualquer maneira, o velho olheiro será o primeiro e principal Cartão Postal de Ceará-Mirim quando o turista entrar no corredor fantasmagórico dos engenhos. Ninguém, nenhuma administração municipal, apagará sua contribuição para a memória da cidade!! Isso é fato!! Mesmo que aterrem o lugar.
Há muitos vereadores jovens, que estão iniciando na política, que poderiam refletir sobre o importância do velho olheiro para a memória da cidade e propor projetos que viabilizassem sua verdadeira restauração e o trouxessem à vida. Há recursos para isso. Busquem emendas com seus deputados para que justifiquem os votos que tiveram aqui no município.  Pelo menos na teoria, foi para isso que foram voltados, para representar o interesse da comunidade.

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