terça-feira, 23 de agosto de 2011

47º FESTIVAL DE FOLCLORE DE OLÍMPIA/SP – 2011

47º FESTIVAL DE FOLCLORE DE OLÍMPIA/SP – 2011
Mestre Dedé do Boi Pintadinho de São Gonçalo do Amarante

            A possibilidade de participar do festival de folclore de Olimpia surgiu em 2010 quando fui convidado pela professora Sephora Bezerra para realizar uma exposição fotográfica sobre Ceará Mirim e suas tradições. Imediatamente aceitei o convite e iniciei a coleta de material para o evento.
            Foram 12 meses de trabalho e pesquisas em que tivemos a grata satisfação de colher, no cotidiano e nos álbuns fotográficos, duzentas fotografias, que retrataram a história de nossa Ceará-Mirim.
            A exposição foi organizada em três temas: Ceará-Mirim e suas tradições; As rendeiras de Jacumã e o artesanato cearamirinense; e Danças folclóricas em terras de canaviais.
Os registros fotográficos retrataram a cidade em vários períodos e, na atualidade, procuramos levar aos expectadores o cotidiano de nossa gente, principalmente, na maior representação social do município, que é a feira livre. Além disso, a exposição mostrou as atrações do litoral, a culinária e o nosso folclore, através dos folguedos populares como Congo de Guerra, Pastoril, Cabocolinhos e Boi de Reis.
A programação do evento constava de vários grupos folclóricos do Rio Grande do Norte, estado homenageado na edição 2011. Entre os folguedos do nosso estado, estavam os grupos folclóricos cearamirinense Congo de Guerra e Cabocolinhos. O primeiro não entrou na programação do evento devido o falecimento do Mestre/Embaixador Zé Baracho. Os Cabocolinhos estavam na programação do festival, no entanto, não conseguiram apoio da prefeitura de Ceará-Mirim e do governo do Estado para representá-los no evento, uma vez que é o único grupo “Patrimônio Vivo do RN” que está plenamente em atividade.
É impressionante como cultura não é prioridade para o poder público, nesse caso, seja municipal ou estadual. Essa turma paga um rio de dinheiro para que bandas animem as festividades populares em praça pública, no entanto, não têm recursos para viabilizar a participação de um grupo tão importante para o estado e município, no festival de folclore nacional.
Os Cabocolinhos têm uma tradição secular e fazem referências às origens caboclas, indígenas e africanas em seus bailados de guerra. Há, nas expressões corporais e musicalidade, tradições transmitidas de geração em geração e, é um grupo especial, porque seu estilo é o único do Brasil, inclusive, citado por vários estudiosos.
Recentemente, cooperei com um aluno de doutorado da UFRN que fazia pesquisa sobre os gaiteiros nordestinos, e o mestre/doutor, ficou impressionado com a musicalidade do gaiteiro dos cabocolinhos, uma raridade que nós não devíamos abandoná-lo a própria sorte. O mestre Manuza tem várias composições de sua autoria, além de, armazenar na memória, as melodias tocadas pelo primeiro gaiteiro do grupo, mestre Mané Droga.
A importância dos Cabocolinhos para o Rio Grande do Norte é evidente quando se trata da autos-populares e preservação de danças tradicionais. O grupo está na mesma família há mais de oitenta anos, levando para a comunidade, os lindos bailados e as mais variadas coreografias, envolvendo crianças, jovens e adultos da mesma estirpe por, pelo menos, três gerações. Há de se respeitar e valorizar essas manifestações populares porque, assim, estaremos fortalecendo e preservando nossas tradições.
Tenho absoluta certeza que nossos CABOCOLINHOS teriam representado nosso estado e nosso município com muita honradez e, principalmente, apresentariam para os espectadores e telespectadores do mundo inteiro o que Ceará-Mirim tem mais significativo: SUA CULTURA.
Somos brasileiros e nordestinos e não desistimos nunca! Portanto, vamos começar a trabalhar para levarmos os Cabocolinhos para o 48º Festival de Folclore de Olímpia em 2012. Essa será nossa meta para o próximo ano. Tudo é possível e, seguramente, “milagres acontecem”!!!
A exposição fotográfica sobre Ceará-Mirim estava localizada dentro do pavilhão destinado ao Rio Grande do Norte. Estima-se que, diariamente, uma média de dez mil pessoas visitavam os estandes e as exposições sobre o estado. Consequentemente, esses visitantes passaram e conheceram um pouco da história e cultura de Ceará-Mirim.
A mostra trouxe muitos dividendos positivos, pois, lá, conheci vários pesquisadores de cultura popular, do Brasil e de várias partes do mundo. Inclusive, tive o privilégio de conhecer Ana Maria Cascudo, filha do maior folclorista do Brasil, Luís da Câmara Cascudo. A simpática amiga foi palestrante no evento e estava acompanhada pelo esposo Camilo e a filha Daliana. Eles me deixaram muito à vontade, inclusive, conversamos por muito tempo e, em várias ocasiões, o que, certamente, seria muito difícil fazê-lo aqui no estado, devido nossas ocupações diárias.
Na abertura do evento tivemos a visita da Secretária de Cultura do Estado, Izaura Rosado, que prestigiou nossa exposição e, segundo sua assessora Marcia Moreno, ficou interessada em realiza-la, também, aqui no estado do RN. Além desse convite, tivemos algumas conversas para participar, em 2012, do festival de Lagarto/SE e, estamos analisando proposta para ir expor em Portugal.

Pastoril Dona Joaquina - liderado pelo palhaço chapuleta
 Apesar de ter sido o único cearamirinense a participar do festival, tive a felicidade de conhecer o pessoal do Pastoril Dona Joaquina, de São Gonçalo do Amarante, grupo homenageado no festival. Fui apresentado pela coordenadora do Pastoril, professora Sephora - a quem agradeço de coração - e ficamos hospedados na mesma escola. A convivência com a turma foi muito gratificante, lá conheci vários jovens e, principalmente, o “jovem e inoxidável” ator Alexander Ivanovisk – Alex - Palhaço do Pastoril – um cara impressionante e prestativo – ao lado da amiga Fatoca, do pandeirista e (fazedor de café) o amigo Cabaço, o violonista Germano e finalmente, o fotógrafo Isaias Carlos. Não tivemos tempo para se entrosar com todos, devido as atribuições e preocupações com ensaios, passagens de musica, essas coisas que fazem do Pastoril Dona Joaquina, um dos mais importantes do estado.
A participação no festival também proporcionou fazer novas amizades com a turma que “carrega o piano”, a turma que trabalhou para deixar o pavilhão maravilhosamente organizado a fim de receber os visitantes: A amiga Ked, Alexandre, o escultor Aldo, Graça e Cristina das cachaças Maria Boa e Mocambo, Wescley, Márcia Moreno e outros cujos nomes não recordo, mas, que ficarão guardados na memória. Infelizmente não pude ficar muito tempo junto com a turma, devido a distância de nosso alojamento e o fato de ter adoecido durante o evento. Ficou a saudade dessa galera e o desejo de poder participar de outros encontros.
Apesar de ter sido tudo maravilhoso, houve um acontecimento que me deixou muito triste. Todos os conterrâneos conhecem minha dedicação e apreço pelas coisas de Ceará-Mirim, sabem da seriedade com que busco pesquisar, registrar e arquivar a memória de nossa gente e de nossa terra.
Amigos leitores, quando estava preparando as fotografias para a exposição, solicitei uma foto do trem o forró a senhora Michele, secretária adjunta de Turismo do município, que imediatamente concordou em ceder o material. No dia seguinte, recebi um telefonema daquela secretaria, me orientando que fizesse um requerimento solicitando o material e que, naquele documento, constasse para quê e como ia usar a imagem. Fiquei perplexo com o tratamento recebido pelo pessoal da prefeitura.
Desde que pesquiso sobre Ceará-Mirim tenho contribuído com a prefeitura, inclusive, nessa atual administração, tenho proferido palestras em escolas, acompanhado alunos pelos engenhos, fornecido material quando solicitado, e, recentemente, acompanhei, por dois dias, o pessoal da BAND durante o documentário feito na cidade. Nunca pedi nada em troca pela prestação de serviço. Fiquei surpreso com a atitude da senhora Michele. Em minhas reflexões durante a viagem, cheguei à conclusão que, talvez, o meu maior erro tenha sido: “AMAR CEARÁ-MIRIM” e achar que “CEARÁ-MIRIM TEM JEITO”!!!

Exposição fotográfica: Ceará-Mirim e suas tradições


Agradecimentos:

Agradecimentos especiais para alguns amigos que acreditaram e acreditam em nosso trabalho e que, espontâneamente, ofereceram apoio para que pudesse participar do festival:

* Maria de Lourdes Freire;
* Manoel Gusmão;
* Felipe Pinheiro;
* Joaquim Neto;
* Evilasio Lima;
* Carlos Lopes Junior (CEC).

Precisamos ampliar o número de pessoas que acreditam ser possível fazer alguma coisa pela cultura de nossa Ceará-Mirim. Obrigado a todos que, como eu, lutam e têm fé, que Ceará-Mirim tem jeito!!!


Um comentário:

  1. Gibson, boa noite!

    Lendo a postagem sobre o 47º festival de folclore de Olímpia-SP, fiquei maravilhada mas ao ir concluindo a leitura me deparo com esta coisa absurda sobre a foto do trem do forró.Não fique angustiado achando que o seu erro é amar Ceará-Mirim, isso é fantástico mostra como vc respeita e conhece a nossa cultura, porém estes que não sabem do que se trata cometem esses absurdos melhor irem fazer uma pesquisa sobre o que é cultura e o que representa para a história de um povo.

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