domingo, 6 de novembro de 2011

CULTURA NÃO TEM COR PARTIDÁRIA

Navegando e pesquisando na internet, encontrei esse artigo que é exatamente o que penso em relação a produção cultural de nossa terra brasilis e, também, da província bacuipeana de Ceará-Mirim.
Amigo leitor, substitua no texto, Pernambuco e Recife por Rio Grande do Norte e Ceará-Mirim e ele será totalmente verde-valeano, bacuipeano ou cearamirinense!!!

ARTIGO: MENDONÇA FILHO - CULTURA NÃO TEM COR PARTIDÁRIA
Por Mendonça Filho

Aprendi muitas lições com a experiência da vida pública, entre elas a de que a cultura tem um valor em si mesma: enriquece o imaginário social; capacita as pessoas para melhor decidir sobre seu próprio destino; realça a beleza da diversidade; torna as sociedades mais humanas e democráticas. Por isso, nascer e viver no Recife, uma cidade com riqueza histórica e uma diversidade cultural única no País, é motivo de orgulho.
Esse sentimento, ao mesmo que envaidece, gera preocupação com a preservação da nossa arte e da nossa cultura, que está sendo produzida nos quatro cantos da cidade. E exige discussão sobre o papel da gestão municipal na definição de uma política cultural que respeite a liberdade de criação, valorize o artista local, trabalhe com previsibilidade e induza o Recife a "falar para o mundo" e não apenas para si mesma ou no máximo para Pernambuco.
Nas minhas conversas que venho mantendo com o povo do Recife e com os artistas constato que a cultura é riqueza coletiva e gênero de primeira necessidade. Tanto que nas nossas periferias a arte e a cultura produzidas, principalmente pelos nossos jovens, "teimam" em nos alertar que é insuficiente tratar a cultura nas estreitas dimensões do entretenimento e do bem econômico.
A cultura entre tantos valores tem um de cunho social, que é o de seduzir nossos jovens para um mundo de criação, expressão e produção, afastando-os de um futuro sem perspectiva e da marginalidade. O que reforça a opinião que ouvi de um artista, segundo a qual, uma criança que toca um instrumento não rouba. Opinião com a qual concordo plenamente, pois a solidez cultural da comunidade é o alicerce de uma cidadania esclarecida e emancipada.
Na sua nobre função de ampliar a consciência individual e social, a cultura produz uma riqueza imaterial que pode e deve produzir riquezas materiais para uma complexa cadeia de produção. Deve-se respeitar a produção artística e cultural nas suas etapas principais: a formação, o processo e o produto final. O Recife não tem uma política cultural com essa amplitude de visão.
Os nossos artistas e a nossa produção cultural não podem ficar a mercê de um suposto planejamento que reduz a nossa expressão cultural basicamente a três momentos no ano: o carnaval, o São João e o Natal. Muito menos a falta de previsibilidade sobre a participação num evento deste. Tenho conversado com artistas e escutado relatos freqüentes de que a confirmação da participação só se dá na véspera, com "oferta" de um cachê mísero e na base do "é isso ou nada". O que é inadmissível por ser, na melhor das hipóteses, desrespeitoso a um dos bens mais precioso de um povo, o artista.
Nos meus 42 anos de vida aprendi a lição de apreço à cultura e de admiração por todos aqueles que produzem um bem imperecível e de fruição coletiva. Os homens do poder passam. A história julga e pode lhes reservar bons e maus veredictos; o esquecimento ou a glória póstuma. Os homens da cultura não passam porque constituem a alma da Cidade e a alma não morre. Diferentemente do que ocorre com os simples mortais, a glória dos artistas é uma recompensa antecipada no tempo.
Pernambuco e o Recife têm um dos patrimônios culturais mais ricos e diversificados do Brasil. O povo se revela na sua imaginação criadora, através dos seus artistas, insubmisso a rótulos e escolas. Essa imaginação criadora vai além e ultrapassa as fronteiras de um formalismo vesgo que separa o erudito e o popular. E que papel caberia aos governos, especialmente, ao governo municipal diante do patrimônio cultural da cidade?
Tenho convicção de que ao governo municipal cabe as tarefas de permitir a liberdade plena de criação; viabilizar recursos orçamentários e dos incentivos fiscais e financeiros; difundir e distribuir a produção artistico cultural; planejar com antecedência o calendário dos eventos para dar o devido valor a quem produz e ao bem produzido de modo a alcançar resultados eficazes; proteger a produção local de invasões que prejudiquem a produção local sem que isto signifique aversão ao que é bom e vem de fora.
Considerando que a cultura é elemento da identidade de um povo que se reconhece na medida em que conhece sua cultura, aos governos cabe oferecer a liberdade plena para criar; respeitar as preferências e os alinhamentos ideológicos e jamais discriminar ou excluir os artistas pelos seus pensamentos ou palavras. Meu compromisso com o Recife é com a valorização dos artistas locais e com o respeito às manifestações mais autênticas do povo para que o Recife assuma sua vocação de capital da cultura.

Fonte:
http://www.edmarlyra.com/2008/04/artigo-mendona-filho-cultura-no-tem-cor.html

Portanto, amigos leitores, revitalizar nossos folguedos populares e identificar os agentes culturais de Ceará-Mirim através da parceria com a Secretaria de Defesa Social do município, é, para mim, uma enorme satisfação, uma vez que terei oportunidade de contribuir para o fortalecimento das manifestações populares, local e regional, em que apresentam resultados positivos e, principalmente, atestam que os planejamentos das instituições públicas relacionadas à cultura devem priorizar ações efetivas onde promovam e valorizem as produções culturais do município de forma contínua e permanente, oportunizando o acesso e a divulgação dos artistas e produtores culturais.
Não é novidade para ninguém a preocupação com nossos valores artísticos e culturais, uma vez que são marginalizados e esquecidos diante de políticas públicas que não priorizam ações voltadas para o desenvolvimento sócio-econômico e cultural de nossa terra. É preciso sensibilidade e responsabilidade das gestões no que se referem ao resgate das tradições populares e da própria memória da gente desse vale ubérrimo e querido.
As administrações passam, porém, a produção artística e a história da cidade, permanecem escritas nas linhas do tempo e, nada, nada poderá apagá-las ou deletá-las da sabedoria popular, mesmo quando não há motivos para grandes registros, a história se encarregará de testemunhar e julgar as ações dos filhos – ou não – desta terra!!!
Não há, em mim, laços políticos nas ações e pesquisas realizadas em prol de nossa cidade, há, verdadeiramente, o desejo de deixar para as futuras gerações o registro das manifestações populares tão significativas na formação de nossa gente. Além disso, é prazeroso poder contribuir para que a história não fique órfã de sua própria memória. Assim, estarei sempre à disposição daqueles que amam nossa terra e se orgulham de ser filho deste vale; de pisar no massapê e acreditar que o sangue e suor derramados pelos nossos antepassados – nativos índios e negros, exterminados e escravizados, possam aflorar em todos nós, o sentimento de pertença e orgulho de ser cearamirinense!!!!

3 comentários:

  1. Grande Gibson, seu blog é excelente.
    Tava dando uma olhada nas postagens antigas, muito bacana mesmo!
    Aos pouquinhos tou me acostumando com o blog.
    Nos dê a honra de uma visita.
    www.despertacearamirim.blogspot.com
    O seu blog já está entre os meus preferidos com toda certeza.
    Um grande abraço.
    Marcílio Dantas

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  2. Com certeza!

    Feliz Ano Novo!

    Paz e Bem.

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  3. Caro Gibson,
    Parabéns pelas matérias do Blog.
    Nota: 50 Fãs de Roberto Carlos em Fortaleza-CE estarão no "8º Tributo ao Rei em Ceará-Mirim".
    Detalhes:
    www.jovemguardacm.blogspot.com
    Agora com atualização diária.
    Gentileza colocar link em seu blog/site www.jovemguardacm.blogspot.com
    Já o fizemos com este em nosso Blog.
    Grato,
    Edvaldo Morais
    02/02/2012

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