O
CAVACO CHINÊS
Outro
dia estava na praia de Maxaranguape e ouvi um “tingo lingo lingo”... falei para minha filha que era o som do
vendedor de cavaco chinês. Voltei ao tempo de menino e corri para localizar de
onde vinha o som, daí, comprei alguns pacotes da guloseima e distribuí com a
turma que estava proseando no alpendre de casa.
Ninguém
conhecia a tal guloseima que me deixara tão eufórico. Expliquei que o cavaco
chinês era um tipo de biscoito muito fininho feito de farinha de trigo, e que,
segundo o folclorista Teo Brandão, “parece que feita exclusivamente para aguçar a fome - com um
baú cilíndrico às costas e a agitar o característico triângulo numa
inconsciente aplicação prática da ação do som sobre a secreção salivar, vibrava
nesses tímpanos e espremia nossas glândulas salivares enquanto anunciava:
- Ôie o
cavaquinho chinês".
O cavaco chinês era muito comum no tempo de minha infância. O
vendedor passava pelas ruas tocando seu triângulo feito de ferro e oferecendo a
casquinha doce, parecendo casquinha de sorvete, só que muito mais gostosa.
Dizem que o baião de velho “Lua” foi inventado depois ele viu um
vendedor de cavaco chinês tocando seu triângulo pelas ruas. Daí, Gozaga
introduziu o Zabunda e o triangulo à sua sanfona e deu no que deu.
Ceará-Mirim também teve essa figura tão popular, Inacio Magalhães
de Sena, inclusive ele fala sobre isso em seu livro “Memórias quase líricas de
um ex-vendedor de cavaco chinês:
“Lata passada com tira de
couro nas costas, triângulo e ferrinho na mão, eu descia e subia as ruas do
Ceará-Mirim. Além do toque “clássico” eu fazia mil variações.
A grande
esperança de que vende bagana é o choro das crianças que obriga as mães a
comprar. Tinha um velho que gritava assim: “Chora menino, pra comprar cacete
doce”!
Outras
pessoas por gaiatice, chamavam cavaco chinês de “casca de pau”. E assim,
tocando triângulo, eu marquei um período lírico de minha vida. Eu era agente de
Deus e grande clown desta mágica terra do rio da água azul”.
Seria muito importante que pudéssemos reviver e saborear as velhas
tradições de nossa culinária, tipo, alfenim, mariola, tareco, cavaco chinês,
pirulito de pauzinho, rolete de cana, cestinha de castanha e tantas outras
guloseimas....essas delícias que foram
se perdendo com o progresso e o dinamismo da cidade.
Saudades da cidade onde passei a minha infância...
ResponderExcluirNem faz tanto tempo assim... mas, sabe que mesmo na net foi difícil encontrar o assunto.
ResponderExcluirMinha avó dizia que o doce era 'raspa de panela'.
Saudades.
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