quinta-feira, 17 de maio de 2012

CAVACO CHINÊS


O CAVACO CHINÊS

Outro dia estava na praia de Maxaranguape e ouvi um “tingo lingo lingo”... falei para minha filha que era o som do vendedor de cavaco chinês. Voltei ao tempo de menino e corri para localizar de onde vinha o som, daí, comprei alguns pacotes da guloseima e distribuí com a turma que estava proseando no alpendre de casa.
Ninguém conhecia a tal guloseima que me deixara tão eufórico. Expliquei que o cavaco chinês era um tipo de biscoito muito fininho feito de farinha de trigo, e que, segundo o folclorista Teo Brandão, “parece que feita exclusivamente para aguçar a fome - com um baú cilíndrico às costas e a agitar o característico triângulo numa inconsciente aplicação prática da ação do som sobre a secreção salivar, vibrava nesses tímpanos e espremia nossas glândulas salivares enquanto anunciava:
- Ôie o cavaquinho chinês".

O cavaco chinês era muito comum no tempo de minha infância. O vendedor passava pelas ruas tocando seu triângulo feito de ferro e oferecendo a casquinha doce, parecendo casquinha de sorvete, só que muito mais gostosa.

Dizem que o baião de velho “Lua” foi inventado depois ele viu um vendedor de cavaco chinês tocando seu triângulo pelas ruas. Daí, Gozaga introduziu o Zabunda e o triangulo à sua sanfona e deu no que deu.

Ceará-Mirim também teve essa figura tão popular, Inacio Magalhães de Sena, inclusive ele fala sobre isso em seu livro “Memórias quase líricas de um ex-vendedor de cavaco chinês:
Lata passada com tira de couro nas costas, triângulo e ferrinho na mão, eu descia e subia as ruas do Ceará-Mirim. Além do toque “clássico” eu fazia mil variações.

A grande esperança de que vende bagana é o choro das crianças que obriga as mães a comprar. Tinha um velho que gritava assim: “Chora menino, pra comprar cacete doce”!
Outras pessoas por gaiatice, chamavam cavaco chinês de “casca de pau”. E assim, tocando triângulo, eu marquei um período lírico de minha vida. Eu era agente de Deus e grande clown desta mágica terra do rio da água azul”.

Seria muito importante que pudéssemos reviver e saborear as velhas tradições de nossa culinária, tipo, alfenim, mariola, tareco, cavaco chinês, pirulito de pauzinho, rolete de cana, cestinha de castanha e tantas outras guloseimas....essas delícias que  foram se perdendo com o progresso e o dinamismo da cidade. 


3 comentários:

  1. Saudades da cidade onde passei a minha infância...

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  2. Nem faz tanto tempo assim... mas, sabe que mesmo na net foi difícil encontrar o assunto.
    Minha avó dizia que o doce era 'raspa de panela'.

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