Neste último dia 05 o Congresso Nacional comemorou o Dia Nacional da Cultura, dia esse que é o mesmo do nascimento do grande Ruy Barbosa.
Sabemos que o Brasil é um dos países mais ricos em diversidade cultural. Nós recebemos influências de todos os povos que para aqui vieram neste permanente processo de colonização sobre o qual vivemos.
O Senador Cristovão Buarque dizia que o Brasil saiu da crise econômica antes de outros países, mas, do ponto de vista da cultura, nós continuamos quase um deserto. Ele defendeu medidas de incentivo direto à cultura, como a redução do preço dos livros, a criação de mais bibliotecas, a implantação do projeto Cesta Básica do livro de sua autoria, e a aprovação pelo Legislativo da proposta do Executivo da criação do Vale-Cultura, além disso, sugeriu também a escola de tempo integral para que o aluno tenha tempo de ler.
É um fato que não existem políticas públicas voltadas diretamente para o desenvolvimento e incentivo cultural e isso mostra a nossa deficiência em termo de acesso à cultura, e segundo o Senador Cristovão, isso reflete-se na Alma dos Brasileiros, contribuindo para a falta dos valores de solidariedade, para a elevação da corrupção e da violência. Segundo ele “O corpo não vai mal, mas a nossa alma continua deserta, doente.”
Segundo dados do Ministério da Cultura apenas 13% dos brasileiros frequentam cinema uma vez por ano; 92% nunca foram a um museu; 93,4% jamais freqüentaram qualquer exposição de arte; 78% nunca assistiram um espetáculo de dança; 82% não possuem computador em casa; 95,6% dos gastos familiares vão para outros bens que não os de cultura e 90% dos municípios não possuem uma única sala para qualquer atividade cultural. Além disso os brasileiros lêem apenas 1,8 livros por ano, enquanto na Colômbia esse percentual é duas vezes maior, e, na França, seis vezes superior.
Essa é uma radiografia do Brasil e Ceará-Mirim não poderia ficar fora dessa realidade.
Nós somos uma das cidades mais ricas culturalmente, aqui, temos os quatro maiores autos folclóricos, que certamente, serão encontrados em poucos lugares do Brasil. Cito como exemplo O Pastoril (tradição européia que faz louvações ao nascimento do menino Jesus), O Congo de Guerra (tradição remanescente da África e Europa, que fazem referências às batalhas medievais travadas entre moiros e cristãos e embaixadas à Rainha Ginga soberana africana), O Boi de Reis (auto nascido nos terreiros dos engenhos) e Os Cabocolinhos (tradição indígena que fazem referências as guerras e rituais tradicionais) e que só existe um grupo autêntico que o nosso.
Aqui encontramos diversas tradições que resistem as intempéries do tempo e às novas tecnologias, como por exemplo, as centenárias rendeiras de Muriú e jacumã, os artesãos em cipó de Aningas, de palha de carnaúba e agave de Ponta do Mato e Massaranduba, o santeiro de São Miguel, as tradicionais fábricas de bolo, grude e beijur do baixo vale, além disso, há os patrimônios imateriais representados pelas nossas anônimas rezadeiras, parteiras, vaqueiros, lavadeiras, a sabedoria popular dos agricultores e os artistas representados pelos escultor Santana, único do Estado com um estilo particular, o clã de Etevaldo, seus filhos Naldo e Careca produzindo produtos reconhecidos internacionalmente. A música tem grande representação através de artistas como Iranildo, Alexandre Lacerda, Tita, Marcos Câmara, Luciano e não poderia deixar de citar os grandes atores Mucio Vicente e Cresio Torres cujo trabalho é reconhecido em todo território nacional.
Diante do exposto, é necessário que todos nós, cada um fazendo a sua parte, contribua para o fortalecimento dessas tradições, assim, não veremos o futuro, sem reflexo do passado.
Precisamos construir o presente, norteado por ações pretéritas e assim projetaremos o futuro com dignidade valorizando a memória e as tradições na construção da história do nosso povo.
Poucos pensam sobre isso, mas a fotografia é tácita na vida de todos. Em nossas lembranças mais longínquas, em nossas histórias familiares e na formação da memória. A imagem fotográfica restitui narrativas emocionais, contempla a atmosfera de tempos passados e nos envolve em sua complacência de guardar o efêmero da vida para futuros enternecidos observadores. As sensações resultantes ante um documento fotográfico nos remetem a uma realidade a ser examinada delicadamente. Nesse sentido, não é a razão que rege o interesse pela fotografia. E sim, a sensibilidade do instinto que direciona o olhar.
Através da produção de corriqueiros registros fotográficos familiares, alguns dos status mais importantes que a fotografia possui se refletem, ou seja: de papel cultural e de preservação da memória. De modo que será nos álbuns das famílias contemporâneas que gerações futuras conhecerão valores, costumes e símbolos sociais de determinada sociedade e seu contexto cultural.
O registro visual da vida privada - a princípio, fonte de interesse apenas do núcleo familiar retratado - é um valioso material iconográfico que cada um de nós constrói inconscientemente e que configura a nossa memória social. Assim, a fotografia, enquanto fonte primária de investigação, nos revela sua profícua e ampla latitude de significados e representações. Digamos que se trata da alteridade por excelência. Conhecer o outro retratado (seja qual for o indivíduo em foco) não é somente tentarmos apreender o passado, mas, sobretudo, vislumbrarmos traços que ajudem a entender a nós mesmos, nossa identidade e as sutilezas de como nos apresentávamos ao mundo (plasmada em representações e idealizações de outrora).
Discutir, refletir e apreender a sintaxe da imagem faz parte de minha trajetória nesta busca mágica de compreender os sentidos que o ato fotográfico deflagra.
A partir de uma análise sócio-cultural da iconografia pesquisada, remontamos narrativas simbólicas e pautas sociais determinantes para a aristocracia canavieira. De maneira que abordamos as representações visuais e conseqüentemente seus valores sociais * verdadeiros índices, quanto a questões de parentesco, gênero, cânones morais, religiosidade, costumes e relações interétnicas.
Entretanto, ao discutir sobre identidade (algo indelével aos retratos), se observa como se constrói a imagem do outro e, portanto, como os paradigmas estéticos são elaborados enquanto mecanismo de distinção social, como também expressão de poder e ideologia.
A consciência de preservar estas imagens do passado, através do empenho em colecionar retratos de famílias da nossa sociedade temos a certeza de que estamos produzindo a memória social de determinada sociedade e época. E aos que têm a devoção de colecionar, ou mesmo, de guardar fotografias, devemos a existência desta memória visual, sem a qual não teríamos surpreendente patrimônio e a possibilidade de retomá-la em nossos tempos.
Através dos registros fotográficos percebemos que boa parte da nossa história é contada por meio das fotografias. E isso acontece também com a nossa cidade, com o nosso país e com todo o mundo. A fotografia funciona como uma memória social, capaz de perpetuar momentos, pessoas e locais que nunca mais existirão da mesma forma.
Hoje temos inúmeros registros de como eram as nossas cidades, como as pessoas se vestiam, se comportavam e se relacionavam. Esses registros estão arquivados por meios de textos escritos e visuais (as fotografias) e são estes últimos, os responsáveis por deixar nossas memórias mais vivas.
Portanto, ao pensar na Exposição Itinerante com o material publicado no meu livro, objetivamos mostrar à população, principalmente a comunidade escolar, a importância que a fotografia tem como registro histórico e, também, como preservação da memória.
Dessa forma, poderemos proporcionar aos observadores e leitores do livro uma viagem ao passado onde poderão constatar que as memórias visuais são capazes de resgatar nossa história e, entendendo nosso passado, temos a possibilidade de vivermos mais seguramente nosso presente para construirmos um futuro mais sólido.
colega blogueiro ficarei muito grato se substituísse o link do antigo blog do xerete pelo novo endereço do xereta
ResponderExcluirxereta2.blogspot.com
Sempre admirei seu trabalho. Ele está além das questões políticas locais. Existem pessoas que, pelo valor daquilo que realizam, estão acima de qualquer divergência política partidária. Interessante que existe muito amor naquilo que você faz. E quando o amor está presente, tudo fica belo. Não vejo em você a ganância pelo poder como muitos de nossa terra buscam. O seu trabalho não começou com esse intuíto. É por isso que ele só tem crescido. Concordo com o blogueiro João André quando afirma que você daria um ótimo secretário de Cultura para a nossa terra. Pena que as questões políticas de Ceará-Mirim são tão acirradas... Obrigado por ter incluído o link do meu blog "Esporte e Saúde" no seu blog. Um abraço amigo e PT SAUDAÇÕES!!!
ResponderExcluirGrande Gibson, parabéns pelo blog, gosto muito de suas materias, concordo também com João André, que, você é a única pessoa que daria certo para secretaria de cultura, mais, as coisas em nossa é assim, fazer o que. Mais cara parabéns mesmo pelo trabalho vc sabe muito bem disso que eu sou seu fã. Um forte abraço e sucesso
ResponderExcluirMeu caro Gibson! Não sei nem como começar este comentário! Pra já, digo-te que és o homem mais sábio da terra dos verdes canaviais e admiro-te cada vez! Inclusive fiz um comentário no blog do João André, onde falo que: És a pessoa indicada não só pra ser Secretário de Cultura, como também candidato a Prefeito! Não é uma ótima idéia? Ceará-Mirim, com certeza estaria muito bem representada! Você eleva a moral dos cearamirinenses com sua atitude de levantar a bandeira cultural, dignificando os artirtas da terra. Você faz o que diz e acima de tudo nos inspira! Parabéns pelo vosso trabalho, amigo! E qualquer coisa, podes contar comigo! Abraços e forças!
ResponderExcluirCEICINHA CÂMARA
Olá Gibson,
ResponderExcluirParabéns pelo Blog!
Você conheceria alguma forma de divulgar a mensagem abaixo nas escolas de Ceará-Mirim?
Abraço,
Darlan
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