sábado, 26 de março de 2011

ENCONTRO EM TABUÃO - MENINOS DO CONGO

Gibson Machado, Emiliana e os meninos do Congo
Sábado, 19 de março de 2011, estive em Tabuão para nos reunir com os (ex) componentes do grupo folclórico Congos de Guerra.
Fiquei animado porque surgia uma luz no fim do túnel, havia interesse partindo da comunidade, através da jovem Emiliana, que junto com outras pessoas criaram o Centro Cultural de Tabuão.
O grupo tem como objetivo fomentar a cultura, o esporte e a educação no distrito, através de palestras, oficinas e, principalmente, o resgate das tradições populares como, danças, artesanato de palha de carnaúba e cerâmica, que eram, tradicionalmente, produzidos na região.
Foi difícil juntar os jovens para que fizéssemos uma explanação da importância do Congo de Guerra para o município de Ceará-Mirim e Estado do RN. Levei imagens que havia filmado ao longo desses 20 anos de pesquisas e dois documentários realizados sobre o grupo e o mestre Tião Oleiro.
O mestre Tião (96 anos) não estava presente, mas, foi substituído pela figura importante do embaixador do Congo, o mestre Zé Baracho (81 anos). Conversamos, eu e ele, por uma hora até que seis jovens apareceram para ouvir o que tínhamos pra dizer.
Mestre Baracho, muito triste, dizia que não valia a pena insistir naquele brinquedo porque as pessoas valorizavam apenas o football e aquela velha cultura, definitivamente, tinha se acabado, pois, ele e mestre Tião, não tinham mais fôlego para lutar pela revitalização do folguedo.
Procurei fazer com que os garotos compreendessem que o futuro da congada estava em suas mãos e que eles deveriam lutar para revigorar o brinquedo, pois, era uma tradição centenária e, precisavam protegê-la do abandono e da iminente extinção.
Saí de lá muito inseguro! Não sei se consegui despertar, neles, o interesse por ações que mobilizassem a comunidade em busca da preservação do Congo de Guerra. Recebi um telefonema de Emiliana informando que tinha conseguido dezessete adesões e que os meninos gostariam de marcar um dia para ensaiar as danças e as músicas.
Um novo amanhecer surgiu no crepúsculo da esperança, sei que não será fácil conduzir esse processo, no entanto, é preciso estar presente para dar força aos jovens de Tabuão. Haverá muita resistência, pois, nossos adolescentes não têm o hábito de cultuar as coisas passadas, é preciso enfrentar essa realidade e ensiná-los a valorizar e preservar a memória de sua gente.
Quarta-feira, 30 de março, estarei em Tabuão com dois professores do IFRN para que eles conheçam os mestres Tião e Zé Baracho e analisem a possibilidade de incluí-los em projetos culturais realizados por aquela instituição. Havia marcado para essa quarta-feira ensaio com os adolescentes do congo e, em virtude de acompanhar o professor Pablo Capistrano, irei na sexta-feira a tarde fazer o ensaio.

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