Discurso de FRANCISCA MARIA BEZERRA LOPES, proferido por ocasião de sua posse na ACLA, no dia 18 de novembro de 2017.
Excelentíssima Presidenta, da Academia Ceará-mirinense de Letras e Artes “Pedro Simões Neto”, Dra. Joventina Simões de Oliveira, autoridades presentes, acadêmicos, meus familiares, amigos e demais convidados, minhas Senhoras e meus Senhores...
Nesse momento de enlevo e emoção, peço a permissão, inicialmente, para fazer das minhas palavras um canal para transmitir aos presentes, o quanto me sinto feliz em poder dividir com todos, a grandeza do momento que ora vivencio.
Quero de antemão, agradecer aos acadêmicos dessa conceituada instituição cultural, em especial: Gerinaldo Moura da Silva, Gibson Machado e Sayonara Montenegro, que me incentivaram a pleitear a vaga existente da cadeira nº 4, que tem como patrono a imortal Maria Madalena Antunes Pereira, nascida em Ceará-Mirim, no Engenho Oiteiro, no dia 25 de maio de 1880. Mas, foi especificamente, sob o teto do Engenho Guaporé que viveu a maior parte da sua vida. Ambos situados no vale, região canavieira do estado. Seu falecimento aconteceu no dia 11 de junho de 1959, em Natal, na casa que residia, na avenida Hermes da Fonseca, vitimada por uma enfermidade, que a deixou impossibilitada de andar e praticamente cega. A sua morte, porém, não a tirou do contexto literário. Muito embora tenha publicado cartas no jornal “O Ceará-Mirim”, sob o pseudônimo de “Corália Floresta” e Hortência, foi mulher-escritora que publicou um único livro, “Oiteiro: Memórias de uma Sinhá Moça”, que se perpetuou na mente de quem o leu e, fez de si a primeira autora do gênero memória no Nordeste brasileiro.
Agradeço, ainda, aos demais acadêmicos pela demonstração do acolhimento a minha candidatura, mediante os votos obtidos. Este é um dos motivos pelo qual trago a público a minha gratidão nesta solenidade de posse.
Da terra do sal – Mossoró - quis Deus que eu viesse depositar minhas ações líteroeducativas na terra da cana de açúcar, da rapadura e do mel – Ceará-Mirim. Que eu pudesse desenvolver de forma intensa, como professora, o meu fazer profissional junto aos alunos das escolas cearamirinenses. Nas redes públicas ou particular.
O agora, trata-se de um momento muito singular da minha vida como educadora e escritora; amante da arte e da cultura. Sinto quão grande é a responsabilidade posta sobre mim. Farei o que estiver ao meu alcance para contribuir com o crescimento da ACLA, tão célebre instituição.
A partir de hoje, com muita honra, ocuparei a cadeira nº 4, não sem antes, porém, enaltecer a figura da confreira que me antecedeu.
Até onde me levem as flores quero conhecer montanhas
Escalar nuvens e grandes cumes,
Conhecer e amar as planícies esquecidas
E não enxergar mais nada, só o azul celeste
Banhando-me em nuvens cristalinas e perfumadas.
Nesse momento de enlevo e emoção, peço a permissão, inicialmente, para fazer das minhas palavras um canal para transmitir aos presentes, o quanto me sinto feliz em poder dividir com todos, a grandeza do momento que ora vivencio.
Quero de antemão, agradecer aos acadêmicos dessa conceituada instituição cultural, em especial: Gerinaldo Moura da Silva, Gibson Machado e Sayonara Montenegro, que me incentivaram a pleitear a vaga existente da cadeira nº 4, que tem como patrono a imortal Maria Madalena Antunes Pereira, nascida em Ceará-Mirim, no Engenho Oiteiro, no dia 25 de maio de 1880. Mas, foi especificamente, sob o teto do Engenho Guaporé que viveu a maior parte da sua vida. Ambos situados no vale, região canavieira do estado. Seu falecimento aconteceu no dia 11 de junho de 1959, em Natal, na casa que residia, na avenida Hermes da Fonseca, vitimada por uma enfermidade, que a deixou impossibilitada de andar e praticamente cega. A sua morte, porém, não a tirou do contexto literário. Muito embora tenha publicado cartas no jornal “O Ceará-Mirim”, sob o pseudônimo de “Corália Floresta” e Hortência, foi mulher-escritora que publicou um único livro, “Oiteiro: Memórias de uma Sinhá Moça”, que se perpetuou na mente de quem o leu e, fez de si a primeira autora do gênero memória no Nordeste brasileiro.
Agradeço, ainda, aos demais acadêmicos pela demonstração do acolhimento a minha candidatura, mediante os votos obtidos. Este é um dos motivos pelo qual trago a público a minha gratidão nesta solenidade de posse.
Da terra do sal – Mossoró - quis Deus que eu viesse depositar minhas ações líteroeducativas na terra da cana de açúcar, da rapadura e do mel – Ceará-Mirim. Que eu pudesse desenvolver de forma intensa, como professora, o meu fazer profissional junto aos alunos das escolas cearamirinenses. Nas redes públicas ou particular.
O agora, trata-se de um momento muito singular da minha vida como educadora e escritora; amante da arte e da cultura. Sinto quão grande é a responsabilidade posta sobre mim. Farei o que estiver ao meu alcance para contribuir com o crescimento da ACLA, tão célebre instituição.
A partir de hoje, com muita honra, ocuparei a cadeira nº 4, não sem antes, porém, enaltecer a figura da confreira que me antecedeu.
Até onde me levem as flores quero conhecer montanhas
Escalar nuvens e grandes cumes,
Conhecer e amar as planícies esquecidas
E não enxergar mais nada, só o azul celeste
Banhando-me em nuvens cristalinas e perfumadas.
ATÉ ONDE ME LEVEM AS FLORES
Lúcia Helena Pereira – 2009
Lúcia Helena Pereira – 2009
Não se pode falar em Lúcia Helena sem pensar nas flores. Sem adornar os seus saberes com o perfume que delas exalam em seus poemas. Sem extrair do seu âmago a pujança da sensibilidade poética que residia em seu ser. Sem percorrer nas páginas onde estão grafadas a sua história de vida, os caminhos por ela percorridos, para se tornar a mulher que viveu entre nós.
Enredada em lençóis literários, muito embora, historiadora, por graduação, não negou as suas origens, nem sucumbiu os seus impulsos na arte do bem escrever. Neta de Madalena Antunes e sobrinha de Etelvina e Juvenal Antunes, herdou a supremacia familiar da linhagem intelectual. Aos treze anos de idade já demostrava grande potencial por meio do qual conquistou o seu primeiro prêmio literário, pelo Instituto Maria Auxiliadora, por meio de Concurso alusivo ao dia das mães, com o texto intitulado “O dia das Mães é o grande dia dos Filhos”, publicado pelo jornal A República. O segundo, veio aos 17 anos, pelas mãos de Luís da Câmara Cascudo. Num concurso de oratória promovido pelo Colégio Imaculada Conceição, sob o tema: O papel da mulher na sociedade e no mundo. Angariou esse prêmio entre 27 concorrentes, do Norte e Nordeste.
A conquista do seu terceiro prêmio literário, se deu através do concurso lançado pela Rede de Hotelaria de Vitória/ES, sob a coordenação do engenheiro Dr. Francisco Jorge Rebouças Caldas. O tema deste concurso era livre e, deu a Lúcia Helena o primeiro lugar e duas menções honrosas. O texto com o qual concorreu tinha o título: Ceará-Mirim/RN - Minha Cidade encantada! Em dezembro de 2003, obteve o segundo lugar no Concurso Literário de Crônicas pela Sesmaria Cultural do Rio Grande do Sul- Concurso Rui Favali Bastide - com a crônica: Viagem de Regresso (uma evocação ao Ceará-Mirim). Vieram muitos outros prêmios, além destes, seguidos de diplomas e títulos.
Na sua trajetória compilou, do seu próprio universo de produção, palestras e conferências que ministrou em diversas cidades e estados brasileiros dentre os quais se destacaram: O Rio Grande do Norte nas cidades de Ceará-Mirim, Natal, Mossoró, Macau e Assu. Nos demais estados, o alvo da atuação foram as capitais: Recife, João Pessoa, Maceió, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Vitória, Fortaleza, Florianópolis, dentre outras localidades. Assim como também, participou de Congressos, Simpósios, Seminários e Encontros literários em Natal/RN e outros Estados.
Talento não lhe faltou para adentrar nos desafios e colecionar êxitos. Fez sucesso capturando das reservas acumuladas nas retinas dos olhos do mundo, as essências para entrelaçá-las com as que povoavam a sua mente, tornando-as corpos textuais.
Galgou espaços no meio literário a exemplo da avó Madalena Antunes.
Tornou-se Presidenta Regional da AJEB (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil), no ano de 1989. Nove anos depois – precisamente, entre os anos de 1998 a março de 2000, foi eleita em quatorze estados brasileiros a saber: Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, Distrito Federal, Paraíba e Delegação de Minas Gerais para conduzir os destinos da supracitada e tão conceituada entidade cultural, em nível nacional.
Tornando-se, desta forma, a primeira mulher norte-rio-grandense a presidir uma entidade cultural em vários Estados. Ocupou a cadeira 08 da Academia Feminina de Letras, tendo como patrono a sua avó paterna Magdalena Antunes Pereira. Pertenceu a UBE (União Brasileira de Escritores), tendo sido eleita por unanimidade.
Contando com o patrocino da Fundação José Augusto, publicou o seu primeiro livro de poemas: Pássaro Azul de Asas Cor-de-rosa, em 1983, que foi prefaciado por Nilo Pereira, com orelhas escritas por Roberto Lima de Souza e depoimento de Cleanto Wanderley. No dia do lançamento chegou a autografar mil exemplares da obra poética no Aéro Clube de Natal.
Lúcia Helena autodefiniu-se quando afirmou: “Sou um poema inacabado.”
Talvez, com isso, quisesse estender aos renomados poetas do seu tempo a liberdade para acrescentar ao poema que foi a sua vida, novas metáforas, novas rimas e cadências para compor e dar ritmo ao seu ego poético, delineado entre os espinhos e o perfume das flores, dando-lhes a liberdade para cravejar de essência cada verso e estrofes das vertentes mais variáveis do seu ser. O seu lirismo se fez encanto e beleza. A sua voz ecoou muito além do seu fazer literário. Se fez ponte por onde transitou. Foi eclosão. Em Goiânia, visitou Cora Coralina realizando o sonho pregresso de conhecê-la pessoalmente. A reciprocidade entre as duas rendeu a Lúcia Helena a ímpar emoção e o estreitamento dos laços de amizade, forjados naquela visita, ainda mais, quando a poetisa goiana lhe presenteou com um lindo e delicado poema que o intitulou: À Menina Nordestina do Vale Verde.
No ano de 1998, essa mesma menina do vale verde da Ceará-Mirim canavieira, deitou-se, manhosamente, sobre os textos do seu tio - boêmio e irreverente poeta - Juvenal Antunes, para organizar, uma breve coletânea, publicando desta feita o seu segundo livro.
Colecionou méritos no seu percurso existencial. Foi amiga e foi amante da vida e das flores. Isso lhe rendeu a alcunha de Poetisa da Flores. Era amada, também. Numa conferência, sobre a História de Ceará-Mirim /RN, por ocasião da festa alusiva ao aniversário da cidade, conseguiu ajuntar, no Clube da USESP, um público de 560 pessoas somando entre elas, autoridades locais, alunos das escolas e conterrâneos.
Lúcia Helena Pereira, natural de Ceará-Mirim-RN, veio ao mundo no dia 09 de julho de 1945. Aos setenta e um anos de idade, mergulhou na eternidade, deixando para trás, numa manhã, do segundo dia da semana, em 11 de julho de 2016, as instituições que a eternizou, assim como, a ACLA Pedro Simões Neto.
É inegável que ainda, há muito a dizer sobre Lúcia Helena Pereira. Sua irreverência, seu jeito de ser, suas mudanças de temperamento... Porém, prefiro deixar que outros sintam o desejo de passear sobre as pegadas deixadas pelos caminhos aonde ela pisou e, sintam o gosto de desbravar o seu âmago desnudo no contexto sóciopoético e histórico; nos devaneios sentimentais exorcizados em textos onde mais significativo que o título ou o tema é tradução do emaranhado das teias que o tece como ocorre no seu poema – “Sem Tema” - numa demonstração de que não falou apenas das flores:
Enredada em lençóis literários, muito embora, historiadora, por graduação, não negou as suas origens, nem sucumbiu os seus impulsos na arte do bem escrever. Neta de Madalena Antunes e sobrinha de Etelvina e Juvenal Antunes, herdou a supremacia familiar da linhagem intelectual. Aos treze anos de idade já demostrava grande potencial por meio do qual conquistou o seu primeiro prêmio literário, pelo Instituto Maria Auxiliadora, por meio de Concurso alusivo ao dia das mães, com o texto intitulado “O dia das Mães é o grande dia dos Filhos”, publicado pelo jornal A República. O segundo, veio aos 17 anos, pelas mãos de Luís da Câmara Cascudo. Num concurso de oratória promovido pelo Colégio Imaculada Conceição, sob o tema: O papel da mulher na sociedade e no mundo. Angariou esse prêmio entre 27 concorrentes, do Norte e Nordeste.
A conquista do seu terceiro prêmio literário, se deu através do concurso lançado pela Rede de Hotelaria de Vitória/ES, sob a coordenação do engenheiro Dr. Francisco Jorge Rebouças Caldas. O tema deste concurso era livre e, deu a Lúcia Helena o primeiro lugar e duas menções honrosas. O texto com o qual concorreu tinha o título: Ceará-Mirim/RN - Minha Cidade encantada! Em dezembro de 2003, obteve o segundo lugar no Concurso Literário de Crônicas pela Sesmaria Cultural do Rio Grande do Sul- Concurso Rui Favali Bastide - com a crônica: Viagem de Regresso (uma evocação ao Ceará-Mirim). Vieram muitos outros prêmios, além destes, seguidos de diplomas e títulos.
Na sua trajetória compilou, do seu próprio universo de produção, palestras e conferências que ministrou em diversas cidades e estados brasileiros dentre os quais se destacaram: O Rio Grande do Norte nas cidades de Ceará-Mirim, Natal, Mossoró, Macau e Assu. Nos demais estados, o alvo da atuação foram as capitais: Recife, João Pessoa, Maceió, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Vitória, Fortaleza, Florianópolis, dentre outras localidades. Assim como também, participou de Congressos, Simpósios, Seminários e Encontros literários em Natal/RN e outros Estados.
Talento não lhe faltou para adentrar nos desafios e colecionar êxitos. Fez sucesso capturando das reservas acumuladas nas retinas dos olhos do mundo, as essências para entrelaçá-las com as que povoavam a sua mente, tornando-as corpos textuais.
Galgou espaços no meio literário a exemplo da avó Madalena Antunes.
Tornou-se Presidenta Regional da AJEB (Associação de Jornalistas e Escritoras do Brasil), no ano de 1989. Nove anos depois – precisamente, entre os anos de 1998 a março de 2000, foi eleita em quatorze estados brasileiros a saber: Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Espírito Santo, Pará, Paraná, Santa Catarina, Pernambuco, Distrito Federal, Paraíba e Delegação de Minas Gerais para conduzir os destinos da supracitada e tão conceituada entidade cultural, em nível nacional.
Tornando-se, desta forma, a primeira mulher norte-rio-grandense a presidir uma entidade cultural em vários Estados. Ocupou a cadeira 08 da Academia Feminina de Letras, tendo como patrono a sua avó paterna Magdalena Antunes Pereira. Pertenceu a UBE (União Brasileira de Escritores), tendo sido eleita por unanimidade.
Contando com o patrocino da Fundação José Augusto, publicou o seu primeiro livro de poemas: Pássaro Azul de Asas Cor-de-rosa, em 1983, que foi prefaciado por Nilo Pereira, com orelhas escritas por Roberto Lima de Souza e depoimento de Cleanto Wanderley. No dia do lançamento chegou a autografar mil exemplares da obra poética no Aéro Clube de Natal.
Lúcia Helena autodefiniu-se quando afirmou: “Sou um poema inacabado.”
Talvez, com isso, quisesse estender aos renomados poetas do seu tempo a liberdade para acrescentar ao poema que foi a sua vida, novas metáforas, novas rimas e cadências para compor e dar ritmo ao seu ego poético, delineado entre os espinhos e o perfume das flores, dando-lhes a liberdade para cravejar de essência cada verso e estrofes das vertentes mais variáveis do seu ser. O seu lirismo se fez encanto e beleza. A sua voz ecoou muito além do seu fazer literário. Se fez ponte por onde transitou. Foi eclosão. Em Goiânia, visitou Cora Coralina realizando o sonho pregresso de conhecê-la pessoalmente. A reciprocidade entre as duas rendeu a Lúcia Helena a ímpar emoção e o estreitamento dos laços de amizade, forjados naquela visita, ainda mais, quando a poetisa goiana lhe presenteou com um lindo e delicado poema que o intitulou: À Menina Nordestina do Vale Verde.
No ano de 1998, essa mesma menina do vale verde da Ceará-Mirim canavieira, deitou-se, manhosamente, sobre os textos do seu tio - boêmio e irreverente poeta - Juvenal Antunes, para organizar, uma breve coletânea, publicando desta feita o seu segundo livro.
Colecionou méritos no seu percurso existencial. Foi amiga e foi amante da vida e das flores. Isso lhe rendeu a alcunha de Poetisa da Flores. Era amada, também. Numa conferência, sobre a História de Ceará-Mirim /RN, por ocasião da festa alusiva ao aniversário da cidade, conseguiu ajuntar, no Clube da USESP, um público de 560 pessoas somando entre elas, autoridades locais, alunos das escolas e conterrâneos.
Lúcia Helena Pereira, natural de Ceará-Mirim-RN, veio ao mundo no dia 09 de julho de 1945. Aos setenta e um anos de idade, mergulhou na eternidade, deixando para trás, numa manhã, do segundo dia da semana, em 11 de julho de 2016, as instituições que a eternizou, assim como, a ACLA Pedro Simões Neto.
É inegável que ainda, há muito a dizer sobre Lúcia Helena Pereira. Sua irreverência, seu jeito de ser, suas mudanças de temperamento... Porém, prefiro deixar que outros sintam o desejo de passear sobre as pegadas deixadas pelos caminhos aonde ela pisou e, sintam o gosto de desbravar o seu âmago desnudo no contexto sóciopoético e histórico; nos devaneios sentimentais exorcizados em textos onde mais significativo que o título ou o tema é tradução do emaranhado das teias que o tece como ocorre no seu poema – “Sem Tema” - numa demonstração de que não falou apenas das flores:
SEM TEMA
Lúcia Helena Pereira
Lúcia Helena Pereira
Ouço canções de amor
Na brisa fresca da hora,
Quando a lua se despede da noite
E o sol agonizando no horizonte
Explode em raios luminosos!
Na brisa fresca da hora,
Quando a lua se despede da noite
E o sol agonizando no horizonte
Explode em raios luminosos!
À minha frente, a estrada escura e longa,
Onde moram anônimos poetas
E uma criança faminta
Brincando de ser feliz!
Onde moram anônimos poetas
E uma criança faminta
Brincando de ser feliz!
Mais adiante o proletário
Adentra em seu modesto casebre,
Está arfante, após o dia de trabalho
Na grande fábrica de suor e lágrimas.
Adentra em seu modesto casebre,
Está arfante, após o dia de trabalho
Na grande fábrica de suor e lágrimas.
E suas mãos mornas e molhadas
Acariciam a magra esposa.
Depois, resignadamente,
Come a pobre ceia.
Acariciam a magra esposa.
Depois, resignadamente,
Come a pobre ceia.
Cansado sobe à velha rede para repousar
Enquanto a chuva, sem pedir licença,
Vai molhando o seu barraco.
Enquanto a chuva, sem pedir licença,
Vai molhando o seu barraco.
Esperando um milagre
Fecha os olhos e adormece
Porque precisa sonhar, apenas sonhar!
Fecha os olhos e adormece
Porque precisa sonhar, apenas sonhar!
E assim, mesmo revestida de saudades, você, Lúcia Helena reside entre nós, para demostrar que a efemeridade do tempo é como o toque da brisa sutil que imprime em nossa pele o frescor da existência cotidiana. Enaltecê-la, neste momento, é honrar o seu perfil existencial. É crer que ao mudar-se para a morada celeste, você escolheu viver na nova existência, regando as flores do jardim da eternidade e sorvendo delas um perfume que não se esvai. Obrigada por ter fincado com pinos de esmeraldas suas raízes nos nossos corações.
Muito obrigada a todos.
Muito obrigada a todos.
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