Prezado amigo:
De logo, os meus saudares (um resgate ao português castiço) ao querido amigo de quem ando saudoso, notadamente da sua sensibilidade pelo vale do Ceará Mirim.
Você, no seu blog, enseja uma viagem aos arredores do passado, à aristocracia canavieira, esta a alma do Ceará Mirim que, assim, abre os seus braços aos visitantes/turistas ou aos estudiosos sequiosos por se inteirarem cada vez mais da vida de um Nordeste repleto de contradições, onde a elite, formada pela nobreza, não cruzava as calçadas com a pobreza, mormente com os escravos, sendo esta uma nódoa do Brasil que tanto empana a nossa história tão ligada à liberdade, ênfase para Pernambuco - permita-me essa digressão onde a Pátria para mim nasceu -, já que este estado se TORNOU AUTÔNOMO, em 1821, através da Convenção de Beberibe, um sim à Independência nacional, além da Revolução Republicana e Pernambucana de 1817, que se antecipou à República, da mesma forma que a Confederação do Equador, em 1824, que reuniu PE, o RN, a PB e o CE, venceu no DIA DO FICO.
É inimaginável ficar insensível às belezas e à diversificação dos estilos arquitetônicos dos casarões que foram a moradia da aristocracia aqui referida, e onde se encontra o Guaporé, onde meu pai, Nilo Pereira, passou a infância, mas já chegando na decadência da economia canavieira.
O solar onde hoje está a PREFEITURA DO CEARÁ MIRIM, cedido que foi num gesto largo de um primo meu, Rui Pereira, esplende bem a opulência de uma época pródiga e próspera.
Basta o exemplar belo e imponente da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, reconhecido como o maior templo católico do Rio Grande do Norte, e o Mercado Público Municipal, onde, vagueando por lá, saboreei a tapioca, o feijão verde com paçoca e a galinha caipira. O assunto pode encetar um capítulo seu: Sabores e saberes do Ceará Mirim.
São muitos os saberes acadêmicos, uns, de origem popular, outro, do nosso Ceará Mirim, cujo acervo de literatos honra e dignifica o NE brasileiro, num admirável ativo cultural. Diga-se o mesmo do artesanato, do folclore, dos folguedos e de brincantes que ainda hoje fazem a cultura ceará-mirinense.
Essa viagem remete também o leitor à gastronomia e à culinária do açúcar, à garapa e ao caldo de cana com pão doce, além dos derivados a exemplo da rapadura, do mel de engenho e do açúcar mascavo.
Admiro a tenacidade da gente ceará-mirinense que vem fazendo, há anos, por conta de suas inúmeras comunidades rurais, da agricultura a sua principal atividade econômica. Alias, ressalto também os assentamentos existentes na região, o que estimula a agricultura sobremaneira. Além da produção têxtil, da pesca e da agroindústria, realço o turismo que vem descortinando novos rumos ao Ceará Mirim. Impõe-se esse incentivo de forma mais açodada e profissional.
Há poucos anos obtive, junto ao SEBRAE/RN, recursos para o ROTEIRO DOS ENGENHOS, Tudo foi feito a contento. Entrementes, parece não ter saído do papel. Nenhuma cidade no Brasil tem a riqueza de engenhos e de história ligada à economia canavieira do que o nosso Ceará Mirim. E então? O que falta?
(O poeta João Cabral de Melo Neto dizia; “é mais fácil traçar no papel do que na vida”.) Esses roteiros somente serão viabilizados quando os agentes de viagens resolverem colocá-los nas suas “prateleiras”, nos seus “cardápios.” À consecução desse objetivo somente se houver esse enlace.
Lembro que PE, o RN e a PB formam a Civilização do Açúcar, iniciativa do SEBRAE/PE, assunto que foi tema de uma artigo meu no DIARIO DE PERNAMBUCO.
Por enquanto, Gibson, vamos caminhando com o desenvolvimento que se pode obter do esforço, e do "engenho e arte" da gente ceará-mirinense, passeando no seu blog que atende bem à cobiça dos visitantes e turistas, estudiosos, dos filhos de berço e dos adotivos onde me encontro por conta do DNA.
Desculpe-me a esticada deste e-mail, mas o assunto me comove e me conduz às reflexões eivadas de saudade do pai distante.
Parabéns, amigo!
Um forte abraço
Roberto Pereira.
Roberto,
ResponderExcluirMuito, muito bom o seu comentário. Você sempre se salientando com o seu saber, sua experiência e sua notoriedade no cenário nacional.
Filho especial de Nilo Pereira, você será o seu sucessor que nunca deixará apagar o nome do nosso pai.
Beijos,
Eliana