sexta-feira, 9 de abril de 2010

NOSSOS POETAS: ANTONIO GLICÉRIO

ANTONIO GLICÉRIO

Antonio Glicério teve apenas instrução primária. Mas, os estabelecimentos de ensino secundário foram substituídos pela tipografia de um jornal “A República”, onde trabalhou durante anos, como tipógrafo, e, em contato com escritores, poetas e cronistas, decifrando-lhes a caligrafia e lendo-lhes, em primeira mão, as produções, pôde dar expansão a sua vocação poética. Os seus versos reuniu-os num volume a que denominou Cantilenas que, por um paradoxo do destino e apesar de viver numa tipografia, não encontrou quem quisesse publicá-lo. Diz Ezequiel Wanderley em seu “Poetas do Rio Grande do Norte” que “se Deus o tivesse ajudado e a boemia permitisse, teria feito a publicação de um volume de versos, a que dera o nome de Cantilenas. Mas, no caso, a ausência da ajuda divina foi mais decisiva do que a boêmia.
Antonio Glicério nasceu em Ceará-Mirim, a 2 de julho de 1881 e faleceu na Vila de Santo Antônio, a 5 de junho de 1921. Era filho de Francisco das Chagas e Sancha Conceição.
MEU LIVRO
Oferecido à minha mãe, no meu dia natalício
Cantilenas... Meu livro. Minha vida
Em vinte e nove páginas gravadas...
Nele palpita um coração, e, em cada
Folha, se vê uma ilusão perdida...

Sem a luz imortal d uma alvorada,
Nem o aroma da flor, na haste pendida,
Ele encera somente a dolorida
História de minha alma angustiada...

Minha mãe!... Meu amor!... Doce estrelário
Que ilumina de afetos e conselhos
A escuridão do meu aniversário.

Guarda este livro, que te dou agora,
Branco – da cor dos teus cabelos velhos –
Sem perfumes de flor, sem luz de aurora.
Fonte: Panorama da poesia norte-rio-grandense - 1965 - Romulo C. Wanderley

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