terça-feira, 31 de agosto de 2010

ISAUTINA DO OUTRO LADO DO CAMINHO

ISAUTINA DO OUTRO LADO DO CAMINHO

Arte – Óleo sobre tela de Alice Brandão

A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do caminho.
O que eu era para vocês continuarei sendo.
Me dêem o nome que sempre me deram, falem comigo como vocês sempre falavam.
Não utilizem um tom solene ou triste, continuem a rir daquilo
que nos fazia rir juntos. Pensem em mim. Rezem por mim.
Eu não estou longe, apenas estou do outro lado do caminho. (Santo Agostinho)


Estou novamente diante de uma folha virgem, que me pede para ser violada. Mas a libido escrevinhadora está reprimida pela emoção, um sentimento arrebatador, transcendente, traduzido numa palavra que é somente nossa, duplamente nossa, os de língua brasílica e os que a experimentam em solidão: saudade.
Tentei inúmeras vezes transpor para o papel um relato sobre a ausência de Isautina, a minha sogra, amiga solidária e sempre presente, mas não pude. Não sabia por onde começar, nem como refrear essa caudalosa torrente de lembranças e de afetos que nos leva para muito distante da margem de onde melhor poderíamos apreciar os horizontes a que nos propomos desvendar.
Quase sempre eu era arrastado pela enchente do rio da memória, que transbordava as margens e cada vez mais me afastava da visão do horizonte.
Agora eu sei por onde começar: pela revelação mais contundente, porque fora do comum. A da “sogra amiga”, partindo-se da constatação de que essa associação é inconciliável, na opinião popular generalizada. No mundo inteiro as sogras são levadas à fogueira inquisitorial como verdadeiras bruxas, e queimadas em fogo brando para arderem mais lentamente, e experimentarem dores e sofrimentos inimagináveis.
De fato, fomos, no sentido pejorativo tradicional, genro e sogra. Batemos de frente inúmeras vezes até nos fazermos entender e respeitar pelo outro, delimitando os nossos territórios. Daí pra frente, deixamos essa condição parenteral(*) e nos convertemos em amigos. Uma amizade construída a partir dos dissensos, das nossas diferenças superadas e, portanto, amadurecida, duradoura.
Amávamos a mesma pessoa. Jailza era a sua única filha e companheira. Amiga incondicional, confidente, consoladora, parceira de “buraco” e de infortúnios, alma sexuadamente gêmea, e por isso capaz de compreender os gemidos, a importância das minimalistas rusgas existenciais cotidianas, como o ato de envelhecer, por exemplo, de se sentir só no meio da multidão e uma vontade leviana de chorar.
As duas eram cúmplices e co-habitantes de um universo só delas que eu nunca quis nem mesmo trafegar, para não quebrar o encanto de um esconderijo, um refúgio, um santuário exclusivo onde se desarmavam e se convertiam nelas mesmas. Em que eram ao mesmo tempo arrimo uma da outra, numa troca permanente de afeição.
Contentei-me em ser a sombra ou a ausência, quando as duas estavam juntas, porque moravam em cidades diferentes e pouco se viam, embora se telefonassem diariamente.
Ela-Isautina percebeu a manobra através de uma das pontes mais sólidas que construímos entre nós – o sentir intuído, sem necessidade de palavras ou explicações. Era uma pessoa de muita sensibilidade e um grau de percepção incomum, beirando o extra-sensorial. Salvo quando se recusava a acreditar no que intuía, como nas questões de família que a infelicitavam. Aí se tornava uma pessoa comum, debilitada e vulnerável.
Nesses momentos, sofria um processo acelerado de um envelhecimento sobrenatural, surpreendente. As rugas aprofundavam-se, os cabelos mais se encaneciam, as costas se curvavam sob peso imaginário insuportável, os olhos se embaciavam. E a voz adquiria um tono mais brando e mais grave. Como se mastigasse o fel para torná-lo mais digestível.
Li que em certas culturas primitivas e isoladas – os esquimós, por exemplo – os mais novos mastigavam os alimentos sólidos, tornando-os pastosos, para facilitar a alimentação dos muito idosos, desdentados. Era manifestação de carinho e de dedicação aos que se haviam devotado á família.
Provavelmente dava-se algo semelhante com Isautina, de modo inverso. Mastigava as fibras, os nervos e os músculos cozidos no sal e no fel do sofrimento, para transferi-los amaciados para os que a consolavam.
Via-a chorar apenas duas vezes e nunca mais desejei vê-la assim. Era uma explosão de dor comprimida, uma expressão magoada de desespero antigo sempre recorrente. Um grito gemido, se é que me entendem. Como o silvo de uma chaleira de água fervente, resultante de uma pressão muito poderosa reprimida sob controle.
Foi quando morreu o seu filho mais velho, Jailson . E quando se sentiu impotente para corrigir uma questão familiar. Jailza me informou que ela muito chorou, também, na morte do ex-marido, em trágico acidente numa rodovia em Mossoró; que, nessa ocasião ela literalmente desabou, pela primeira vez na vida.
É evidente que deve ter chorado muitas vezes sozinha, quando podia dar vazão, sem constrangimento, á sua tristeza que vinha de muito longe, coisa muito antiga e peregrina.
De alegria, lembro-me que chorou quando a filha casou-se comigo. E quando vieram os netos.
Como dizia um outro velho amigo, Jomar Elpidio de Oliveira, referindo-se á sua própria resistência às lágrimas, morava muito longe o “chorador” de Isautina
Porque, apesar de tudo, a alegria era o seu chão. Mercadejava sempre que podia numa feira de trocas, em que a tristeza era moeda corrente para a compra do riso fácil e do desfrute da bem-aventurança da alegria. Feliz não era, mas fazia força para arrancar de dentro de si as raízes da tristeza anciã e andeja, como já foi dito.
Gostava de serestas puxadas a cerveja. Amava a vida. Era generosa e conselheira. Tomava a si os problemas dos amigos e também dos quase amigos e, mesmo sem ter sido convocada, distribuía conselhos e “carões”. Não tinha papas na língua. Na hora de dizer verdades não poupava ninguém, nem mesmo os superiores nem as autoridades em geral. Era uma dessas paraibanas do brejo, retas, transparentes, diretas, solícitas, mas arrelientas, que dão um pão para não entrar numa briga, mas, se provocadas, não saem nem com a oferta de uma padaria.
Respeitava as pessoas e se fazia respeitar por elas. Principalmente pelos homens - que eles não se metessem a besta que ela lhes punha no lugar. Era mulher valente, de pelo na venta. Havia sido Delegada da Mulher e daí em diante, responsável pela coordenação do Juizado da Infância e da adolescência da comarca de Ceará-Mirim.
Na condição de Delegada da Mulher, prendeu muitos agressores do sexo feminino e por isso, deu força às mulheres e pôs cabresto nos ímpetos dos costumeiros torturadores de esposas e de mulheres da rua. Como espécie de Inspetora dos meninos e adolescentes, chamou muitos pais à responsabilidade e coibiu o liberalismo estimulante da paternidade machista daqueles que prendiam as suas “cabras”, mas soltavam e eram excessivamente tolerantes com os seus “bodes”.
Nesse trabalho, sempre contou com o apoio decidido da Juiza responsável pela vara especializada e pelos delegados da cidade.
Era um ser humano transitório, como as flores que só desabrocham em épocas determinadas. Nossa sorte é que ela era mais de uma dezena de espécies e por isso estava sempre florescendo. Era também instável, porque navegava entre o oceano em fúria e o mar em repouso e por isso o seu barco perdia-se entre tempestades e calmarias. Sua vida imitou a arte, fornecendo argumento para um folhetim dramático.
Quando nasceu a mãe trabalhava no cabo da enxada. Enquanto tinha leite para amamentá-la e alguém para ter a menina sob cuidados, ela foi ficando. Quando abandonou o aleitamento materno e o estômago passou a reclamar farinha, feijão e carne, a mãe entregou-a a um casal de conhecidos, para criá-la e depois ser serventia da casa, ate quando arrumasse emprego decente para sustentá-la. Em seguida, trocou a paraibana Araruna pelo solo potiguar.
A menina cresceu e começou a sofrer maus tratos. Era suficiente uma cara feia para justificar uma surra além dos limites do tolerável, que a deixava inativa no dia seguinte. Um dia, a mãe foi viver com um ex-combatente, velho conhecido, e lhe contou o infortúnio da filha. Foi o suficiente para que o companheiro, revoltado com o relato de maus tratos, fosse resgatar a menina e a trouxesse para Natal.
A menina cresceu num lar tranqüilo, com pai adotivo severo, estudou no Colégio das Neves e no Atheneu. E concluído o curso secundário foi levada pelo “padrinho” a alfabetizar os recrutas do então 16º Regimento de Infantaria, na Salgado Filho, onde o pai adotiva servia. Lá, conheceu o “Galego”, rapaz de Serra Negra, analfabeto, bonito e jeitoso, que era ordenança do padrasto. De olho em olho, toque de mãos, proximidade cheirosa, terminou em atração recíproca. Ela, uma morena bonita, de corpo roliço bem feito.
Casou-se com o ordenança, que dera baixa do quartel e agora era caminhoneiro, e foi viver em Mossoró. O marido tinha um espírito aventureiro, não conseguia esquentar lugar. Foi comerciante, dono de frigorífico, motorista particular e assentou-se mesmo havia começado, como caminhoneiro, piloto de sua própria liberdade.
Os filhos foram nascendo: um, dois, três, quatro bocas para alimentar. E o marido no mundo, deixando um dinheirinho que se acabava no meio do mês. Ela foi trabalhar. Depois, decidiu que iria para a Universidade. E foi. Graduou-se em Serviço Social e passou num concurso do estado, para lotar-se em Ceará-Mirim. O marido enfezou-se, mas, diante do inevitável, acompanhou a família, sempre com um pé na casa e outro na estrada.
Um dia o marido a põe contra a parede: ou ele ou o emprego. Preferiu o emprego, a estabilidade, a possibilidade de alimentar e de orientar os filhos na vida. Decisão que lhe custou o marido, a incompreensão de alguns filhos que a culparam pela ruptura da família e a silenciosa censura da sociedade, ainda preconceituosa, da cidade que a acolhera. E particularmente inepta por ocupar um cargo de conselheira social, vale dizer familiar – que autoridade poderia ter para apaziguar casais e orientar a educação dos filhos, com o casamento desfeito, a unidade familiar comprometida, e por decisão dela?
Impôs-se pelo trabalho, dedicação e competência. Recebeu seguidas promoções e preitos de reconhecimento profissional.
O coração era o seu órgão de choque, a caixa de ressonância dos seus embates com as desventuras que o mundo lhe impunha. Os filhos a censuravam por não cuidar-se e era mesmo que nada. O trabalho era sempre mais importante – embora fosse refúgio para não perder o juízo com tantos desencontros. Achava-se forte e portanto capaz de “tirar de letra” qualquer dificuldade. Deus a proveria, a sua fé a manteria sempre protegida.
Certa madrugada sentiu fortes dores no coração e foi levada ao hospital Dr. Percilio. O médico que a atendeu, em face da gravidade do seu estado, recomendou-lhe que viesse a Natal. Providenciou uma ambulância e a conduzimos ao Hospital Antonio Prudente, único autorizado pelo seu plano de saúde, Hapvida.
Aí começou um verdadeiro inferno. Posta numa dependência de primeiro atendimento, foi medicada segundo os padrões regulares do suposto diagnóstico de infarto. O clínico que a atendeu, fez a recomendação de encaminhamento à UTI e a possibilidade de intervenção cirúrgica. Nesse meio tempo, a matriz da empresa responsável pelo plano de saúde, a Hapvida, localizada em Fortaleza, informou que o seu prazo de Ca recomendadao, não havia sido ultrapassado. E, de fato, a carência já fora superada. Em seguida, que a recomendação do clinico não poderia ser atendida, porque não havia provisão no seu contrato. E havia.
Mesmo que não houvesse, a lei determinava o atendimento em caráter compulsório, em situações semelhantes, porque ela corria risco de vida. Esses trâmites consumiram mais de quatro horas, tempo precioso perdido em detrimento das suas chances de sobrevivência. Finalmente, desesperados, requisitamos uma UTI móvel da SAMU e, depois de mais uma hora de atendimento a procedimentos burocráticos, a dita ambulância e a respectiva equipe chegaram ela foi transportada ao Hospital do Coração.
Nessa unidade de saúde, ela foi conveniente e competentemente tratada, submetendo-se a duas cirurgias que, no entanto, dado ao agravamento do seu estado de saúde em razão da demora na tomada de providências, veio de falecer.
Morreu por negligência e omissão criminosa da dupla Hospital Antonio Prudente/ Hapvida, useiros e vezeiros deste tipo de expediente doloso, e que, nada obstante, ainda não foi suficientemente sancionado. Permanecem impunes, operando os seus negócios comerciais de modo criminoso.
Mas, sem que a ocorrência trouxesse nenhum consolo ou compensação pela perda da nossa querida amiga, as duas instituições criminosas foram condenadas, por sentença com trânsito em julgado, que reconheceu o direito à indenização dos seus herdeiros por perdas morais e materiais, reconhecendo, por conseqüência, a omissão e a negligência desses fabricantes de viúvos e viúvas.
Entre a indignação, a raiva e o sentimento de perda, prevaleceu a saudade, o sentimento de havermos sofrido a amputação de parte de nós, uma mutilação que nos deformou e cuja marca não pode ser enxertada. Uma cicatriz indelével, uma fratura exposta que nos denuncia sempre a origem: a falta do sorriso brejeiro de Isautina, do seu andar arrastado de quem padece de “esporões” nos pés, a voz roufenha pelo vício do cigarro, os vestidos de estamparias alegres, a maquiagem caprichosa, as suas mãos de fada no preparo das refeições triviais e extraordinárias, os seus resmungos cavilosos e os “carões” desconcertantes, mas tolerados.
Ficou-me uma última imagem, de uma foto tirada no São Pedro de 2008, dois meses antes de sua morte. Ela encarou a máquina com um sorriso meio debochado, cheio de brejeirice, que acentuou a falha nos dentes frontais mais expostos – uma marca pessoal. Trajava um vestido de florzinhas roceiras, bem a propósito da festa, e uma flor vermelha (uma papoula?) presa nos cabelos. A maquiagem lembrava a pintura das roceiras de antigamente.
Quando conclui a fotografia, disse-lhe que estava parecendo uma donzela do pastoril.
Ela olhou-me, zombeteira e provocadora, dizendo o seu bordão preferido:
- Você gosta de mexer, não é? Macaco não olha pro rabo...
Ainda nos vimos, e não sabíamos que seria a penúltima vez, quando veio para o velório de uma amiga, Chica, a irmã da nossa amiga Ana “Balaio”. Depois, pela derradeira Vaz, no hospital, sofrendo anginas insuportáveis mas encontrando tempo para mais um chiste: Gente ruim não morre fácil...É verdade. São os bons que Deus convoca para auxiliá-lo.

PEDRO SIMÕES – Professor de Direito (aposentado) Escritor e Advogado

SARAU BAQUIPEANO VIRTUAL

NUM POSTAL

Adele de Oliveira (Álbum de versos antigos)

Que vale um beijo? Eu te pergunto. Nada,
Talvez respondas: entretanto eu digo
Que vale muito, casto, puro e amigo,
Se cai de manso numa fronte amada.

Contam que, outrora, quando a boa fada
Nas criancinhas procurava abrigo,
No lar do rico ou mesmo do mendigo,
E em mendiga sempre transformada.

Ao pé do berço, então, se ajoelhava
E na criança, calma, adormecida,
Depunha um beijo que a facilitava.

Por isso eu faço o que a amizade excita,
Beijo-te a fronte e sonho, ó flor querida,
Que um beijo meu também te felicita.

domingo, 29 de agosto de 2010

LUCIA HELENA - POETA BRASILEIRA

Lúcia Helena Pereira - [Poeta Brasileira]
Fonte:http://sociedadedospoetasamigos.blogspot.com/search/label/L%C3%BAcia%20Helena%20Pereira%20-%20Poeta%20Brasileira

Escritora e poetisa LUCIA HELENA PEREIRA, do Rio Grande do Norte realizou um dos seus sonhos:conhecer a poetisa goiana CORA CORALINA.
Isso aconteceu no ano de 1973. Ela veio com uma amiga pseudo-poetisa mineira Maria de Lourdes Sena Xavier, à cidade de Goiás, onde morava a doce Cora.
Um acontecimento para ela inesquecível.Cora Coralina lhe presenteou com um lindo e delicado poema.

À Menina Nordestina do Vale Verde
(Cora Coralina)
Goiânia, 16 setembro de 1973

Assim surgiu, graciosa e simpática,
bem na porta de minha casa,
a menina nordestina,
com cheiro de cana-de-açúcar,
sorriso espelhando beleza.

Ela chegou,
pelas mãos da professora Maria de Lourdes Sena Xavier,
trajando roupinha leve e harmônica,
a mostrar sua preciosa juventude,
nas rosadas e cálidas faces,
quando emocionada abraçou-me e chorou.

Seu nome? Lucia, que já simboliza luz,
junto de Helena - que se não é de Tróia,
vem de de Atenas, com certeza.

Lúcia Helena, que jamais pisara em solo goiano,
confessou a impressão de já ter estado aqui,
tão familiar lhe pareceu a cidade,
que ela disse com muita ternura:
"Aqui sinto cheiro de flores e poesia"...
logo pedindo-me para declamar um poema.

Era a menina de um verde vale,
do interior do Nordeste,
num lugarzinho chamado, Ceará-Mirim,
terra de ilustres literatos, historiadores
e artífices da poesia,
que ela citou desenvolta,
com satisfação e nobre orgulho.

Senti grande ternura pela mimosa jovem,
que até me viu cozinhar pétalas da laranja da terra,
tiradas do pé do meu quintal,
transformadas em saboroso doce cristalizado,
que ela provou e confessou, com muita sinceridade,
jamais haver degustado nada igual.

Menininha da terra de Câmara Cascudo,
não negou sua inteligência,
e, atenta a tudo que viu em minha humilde casa,
exclamou com infinita doçura:
"esta casa deveria ser o palácio
da doçura e da poesia, porque Cora Coralina existe".

Fiquei deveras emocionada,
com o desabafo da menina nordestina,
que me trouxe alegrias e um presente expressivo,
numa caixa de madrepérola, onde um terço belíssimo estava,
para então me acompanhar,
pelo resto dos meus dias.

Para você, Lúcia Helena, menina da terra do açúcar,
dedico esses humildes versos,
estrofes da simpatia que sinto,
pela formusura do teu porte,
e pela beleza do teu sentimento poético
tão cheio de encantamento.

Receba, Lucinha, esses versinhos da Cora,
que Coralina desenhou, neste papel sem graça,
e Ana Lins enfeitou, com rabiscos de pequeninas flores,
com a ajuda de Guimarães Peixoto Brêtas,
Pois assim, minha menina, um dia me batizaram
de Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas.

Agradeço tua visita e te oferto este doce de laranja,
com muito afeto e açúcar,
para que leves à tua terra, o doce de Coralina,
já que a poesia é fraca,
não tem mesmo o grande valor,
dos mestres da Poesia Brasileira.
WWWWWWW
WWWWWWW
wwwwwwwwwwwwww
"Dileta amiga Lucia Helena - poeta da Rosa Verde encantada - como é difícil voltar ao passado e descobrir o quanto deixei de aprender e crescer intelectualmente.
O analfabetismo cultural é cruel...no incicio dos anos 1980 tive a oportunidade de trabalhar com pesquisas de diamantes na região de Goiás e, naquela oportunidade, coletamos amostras no rio que passa na cidade, exatamente sob a ponte que fica ao lado da casa de Cora Coralina.
Fiquei sabendo que ali morava uma pessoa importante, mas, para mim, à época, ela era mais um habitante daquela cidade monumento que apenas passei, e, nem ao menos, "ví" os casarões. Assim é a vida, quem sabe noutra oportunidade visitatrei o museu como recordação!!" (Gibson Machado)

TRIBUTO A RAUL SEIXAS

Texto de meu filho Rafael Sobral publicado no Jornal Decisivo:

Neste último sábado, dia 21 de agosto, ocorreu o XXI Tributo a Raul Seixas. O evento, que começou às 3 horas da tarde, contou com diversas atrações musicais e também exposições sobre a vida do ‘Maluco Beleza’.
Como de costume o número de pessoas excedeu expectativas. Veio gente de todo canto do Brasil: Fortaleza, Natal, Salvador e até Rio de Janeiro. Entretanto, o número de cearamirinenses (como sempre) era mínimo. Já era de se esperar, afinal, o preconceito da cidade em relação ao evento ainda é muito grande, além das dificuldades de patrocínio e apoio cultural.

Gibson, Erivan Seixas e Rafael Sobral
Enfrentando todos esses obstáculos, o organizador Erivan Lima já mantém o tributo há vinte e um anos e possui reconhecimento nacional. Inclusive, há o interesse do evento ser inserido no filme que está sendo rodado sobre a vida de Raul Seixas.

Musico Danilo, Gibson Machado, Rafael Sobral e Bonifácio

A realização do evento anualmente contribui para a divulgação da cidade dentro e fora do estado. Além de proporcionar divertimento, lazer e rentabilidade para diversas famílias, que já usufruem economicamente do Tributo, desde os ambulantes que negociam em frente ao clube até os comerciantes do Mercado Público que são visitados durante o dia.
O curso Decisivo, como sempre, prestigiando os eventos culturais da cidade, estava bem representado por intermédio de alunos e professores, entre eles: Júlio Siqueira, Danilo Souza, Bonifácio, Rafael Sobral, Jamerson e Carlos Henrique.

A galera do Decisivo prestigiando o tributo

É importante que os cearamirinenses, principalmente o poder público e o comércio local tenham uma visão econômica e turística dessas atividades culturais, de modo que possa gerar recursos para o município.
Ah!... Falando em eventos culturais, dia 12 de setembro, às 14 horas, no bar de Sinara, ocorrerá o II Encontro de Música, Arte e Poesia do Movimento Alternativo Goto Seco, promovido pelo professor Carlos Henrique. A entrada custará dois reais e é uma ótima oportunidade para conhecer um pouco mais sobre os artistas ‘underground’ da nossa cidade. Espero encontrar com todos vocês lá. Abraços, galera! Até a próxima! (Rafael Sobral)

sábado, 28 de agosto de 2010

ENTREVISTA NO "CONVERSANDO COM O POVO"

ENTREVISTA NO PROGRAMA “CONVERSANDO COM O POVO” DE ELTON MARQUES NA 87 FM

Pintura do Mestre Tião Oleiro na galeria da Fundação Roberto Marinho no Rio de Janeiro - Junto a foto a coordenadora do Canal Futura para o Nordeste Ana Amélia.

Sábado, 28 de agosto de 2010, fui convidado pelo amigo Elton Marques para participar de seu programa semanal, “Conversando com o povo”.
A pauta da entrevista foi o patrimônio histórico e cultural de Ceará-Mirim. O tema é muito abrangente e não tivemos tempo de discorrer sobre tudo quanto desejávamos.
Iniciamos a entrevista falando da atual situação do Museu Nilo Pereira, que todos de Ceará-Mirim já conhecem, pois, recentemente foi pauta na programação de televisão no estado. Durante a conversa sugeri que nossos representantes políticos se juntassem e recomendassem aos seus candidatos que registrassem uma carta de compromisso prometendo entregar o museu restaurado à municipalidade e, também, construir a casa de cultura, sonho de todos os artistas de Ceará-Mirim.
Em todo o estado do Rio Grande do Norte há Casas de Cultura em várias cidades e, Ceará-Mirim, com o potencial histórico, cultural e turístico tão rico, sempre ficou em segundo plano quando trata-se de beneficiar sua população, como diz o poeta Ivanildo Vila Nova: entra ano e sai ano e nossa cidade continua ao Deus dará...”.
Nossos patrimônios materiais e imateriais estão se extinguindo numa velocidade impressionante. É fácil verificar esses acontecimentos, basta visitar nosso vale e retornar alguns meses depois, então, confirmaremos as ocorrências, citando como referências, engenho Divisão, engenho Trigueiro, engenho União, usina Santa Tereza, engenho São Leopoldo, engenho Timbó, engenho Santa Rita, usina Guanabara, usina Ilha Bela e tantos outros que desapareceram abocanhados pela voracidade da “cana de açúcar”.
Com relação à sabedoria dos mestres de cultura popular, não precisa visita-los, é necessário somente vê-los se encantando paulatinamente, como foi o caso de tantos que por aqui passaram: Etevaldo Santiago, José Gago, Raimundinho, Seu Déo, Isabel Poti, Mané Rabequinha, José Luiz, Alzira Sá, Belchior, Amarildo, Mizael e tantos outros, que se fosse elencá-los, ficaria muito cansativo, basta representá-los pelos que aqui estão.
Atualmente todos os grupos folclóricos estão em total desamparo, pois, resistem à extinção, pela tenacidade de seus mestres, no entanto, não é suficiente para preservá-los e mantê-los atuante.
É preciso que o poder público proporcione urgentemente ações de governo para mantê-los em atividade. É importante frisar que esses folguedos não têm as mínimas condições de se manterem sozinhos e seus mestres precisam repassar seus conhecimentos às gerações mais novas.
Existe toda uma formação cultural que deveria permanecer viva nas comunidades e nas pessoas, principalmente a valorização das tradições que são passadas de geração a geração. O que verificamos é que essas reminiscências estão sendo substituídas por novos costumes através do dinamismo da própria cultura e não estamos tendo o cuidado de mantê-los juntos - o velho e o novo – de modo que nossa memória seja garantida às futuras gerações.
Fala-se muito da falta de cultura na nossa cidade e, sempre que surgem oportunidades, alguns insistem em dizer que isso é um fato rotineiro. Discordo com a afirmativa, pois, entre os anos de 2005 e 2007 foram realizadas algumas ações relacionadas as atividades culturais do município. Estou afirmando porque tudo quanto for relatado aqui têm imagens comprobatórias.
Apesar de muitos assegurarem que aquelas ações eram “cultura para elite”, no entanto, todos os eventos realizados foram em praça pública e direcionados para toda a população.
A Escola de Musica Marcia Pires atendia anualmente alunos oriundos da escola pública aprendendo teoria musical e tocar vários instrumentos e, quando havia recital, era em praça pública.
Foi criado o Coral Municipal Araraú cujas apresentações eram para o público em geral e seus componentes eram funcionários públicos e todos voluntários. Muitas vezes o coral fez ensaios concerto no palco dentro do Mercado Público.
Foi criado o projeto Olheiro das Artes cujo objetivo era proporcionar, aos alunos das escolas públicas do município, o acesso à cultura através de oficinas com artistas e artesãos dentro do Mercado Publico, todas as quintas-feiras. Esse projeto teve parceria com o Canal Futura e foi o único no Brasil que era realizado dentro de um mercado e tinha o contato direto com a população. A importância do Olheiro das Artes garantiu sua publicação no catálogo anual das ações do Canal Futura.
O Olheiro das Artes proporcionou, também, fazermos oficinas semanais com palestras, dentro do mercado, sobre o patrimônio cultural e a plateia eram alunos das escolas públicas e público em geral. Naquela oportunidade a coordenadora geral do Canal Futura, a Senhora Mariza, visitou o projeto e assistiu depoimentos de vida dos mestres Luiz Chico do Boi de reis de Matas e de Tião Oleiro do Congo de Guerra.
A visita da senhora Mariza a Ceará-Mirim inspirou a criação do projeto “Toda Beleza” realizado pela Fundação Roberto Marinho/Canal Futura e, o mesmo, foi baseado no mestre Tião. Em todo o Brasil foram selecionados 16 mestres de cultura popular para participar do documentário, entre eles, está o nosso mestre Tião Oleiro. Esse programa é transmitido diariamente em toda a programação do Canal no mundo todo, estimando-se uma média de 25 milhões de telespectadores.
Nesse período foram realizados dois fóruns de Cultura e Arte onde os participantes foram todos os grupos de cultura popular e pessoas interessadas no tema, Na oportunidade foram homenageados o escultor Etevaldo Santiago no primeiro fórum e, mestre Tião, no segundo.
Durante o intervalo dos anos citados foram publicados diversos livros com apoio publico. Além do apoio àquelas publicações, foram editados o livro Ceará-Mirim tradição, engenho e arte, pela UFRN-SEBRAE e Prefeitura de Ceará-Mirim e, o livro Ceará-Mirim memória iconográfica.
É evidente que os projetos culturais sonhados não foram realizados plenamente porque não havia políticas públicas direcionadas para a cultura e, também, os recursos não eram destinados ao órgão responsável pela cultura. As ações, por pequenas que tenham sido, foram conseguidas com muito esforço e, refletiram positivamente naqueles aos quais foram direcionadas, basta perguntar aos alunos da Escola de Música Marcia Pires, aos músicos da Banda de Musica Tenente Djalma, aos artistas, aos artesãos, aos componentes do coral, aos alunos e professores das escolas publicas que participaram dos projetos, a “todos” os grupos de cultura popular...
Todos os projetos que o mestre Tião e o Congo de Guerra participaram foram muito significativos para a divulgação dessa tradição em todo território nacional. Em 2004 apresentamos o trabalho de pesquisa, através do Mova Brasil, no Forum Social Nordestino em Recife. Em 2009 o mestre Tião e o grupo Cabocolinhos foram classificados como Patrimônios Vivos do Rio Grande do Norte. Em 2010 o mestre Tião foi classificado no projeto Culturas Populares 2009, realizado pelo Ministério da Cultura. Ele concorreu com 3000 candidatos em todo o país. São ações dessa natureza que nos confortam e, estimulam a continuar plantando as sementes... um dia abrolharão!!!
Todos conhecem minha luta pela memória de nossa cidade e, poucos, têm a consciência da importância de nossas pesquisas para o futuro de nossos conterrâneos. O tempo será a testemunha invisível das lutas incansáveis, e evidentemente, cobrará o desamparo, o desrespeito e a desvalorização pela identidade de nossa gente.
O que ameniza o desrespeito, a desvalorização, a falta de reconhecimento são aqueles que estão ligados a tudo que estamos produzindo. São pessoas que aprenderam a amar e respeitar nossa cidade através das leituras de matérias publicadas nos jornais e no blog. São elas que ajudam a criar forças para continuar tentando... São meus alunos que diariamente solicitam histórias de nossa terra e, quando os sacio com informações, tenho certeza que os ajudei a crescer intelectualmente.
A internet diminuiu a distância e facilitou o acesso à informação e, são essas informações que ajudam as pessoas distantes de sua terra, ficarem próximas... As pessoas que desconhecem suas raízes, aprenderem sua história, e, através dela, valorizar e lutar por uma terra melhor, onde a ganância e o individualismo sejam suprimidos pela solidariedade, pelo coletivo, pela honestidade, e, sobretudo, pelo amor, assim, ensinaremos nossos filhos a respeitar e preservar nossas origens.

COMENTÁRIO DE VERIDIANA GERMANO

Parabéns pelo seu mais novo trabalho profissional,este projeto tem o seu perfil.
Não teria um nome melhor do que você para ser mediador deste projeto.Te admiro muito pelo compromisso que você tem com o que faz.
Um abraço!
Veridiana.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

FOLCLORE

FOLCLORE NA ESCOLA PRESERVA CIDADANIA
Fonte: http://www.metodista.br/cidadania/numero-23/folclore-na-escola-preserva-cidadania

“Agosto é tradicionalmente conhecido como “mês do folclore”, já que desde 1965 foi estabelecido no Brasil um decreto que institui o mês do folclore em todo o território nacional.
A data pode ser uma ocasião para que professores e alunos promovam um debate sobre o espaço que as salas de aula ocupam na transmissão do patrimônio cultural do País, mesmo que as manifestações populares e o conhecimento da cultura nacional não devam ser lembrados apenas em datas comemorativas.
Para a folclorista Meire Berti Gomiero Fonseca, membro da Comissão Paulistana de Folclore, além da falta de preparo, o número reduzido de pessoas que entendem de folclore dificulta um ensino mais amplo sobre o tema. “O folclore educacional precisa ser inserido pelo menos no ensino fundamental, para as crianças”, disse Meire. “Se não resgatarmos e estudarmos o folclore ou a cultura brasileira, estamos perdendo nossa identidade e também a nossa cidadania”, acrescentou.
O Ministério da Educação (MEC) recomenda às escolas atividades que explorem tradições regionais. No caso de a cidade ou região não apresentar tantos costumes, uma saída seria desenvolver trabalhos com histórias familiares. De acordo com a professora de História Corina Cenciani Reis, que ministra aulas sobre folclore no Colégio Metodista em São Bernardo do Campo e também em escolas da Prefeitura da cidade, “valorizar a cultura é sinônimo de valorizar a identidade”.”
A Escola Municipal Prof. Cícero Varela, em João Câmara-RN está realizando o projeto de folclore cujo tema é o folclore da Região Nordeste onde as turmas pesquisam os estados de toda a região.
Os 6º anos de todos os turnos pesquisam e desenvolvem os trabalhos referentes ao Rio Grande do Norte. Na oportunidade procuramos explorar as tradições, principalmente, àquelas locais, uma vez que o município tem remanescentes indígenas na comunidade de Amarelão.
As pesquisas foram realizadas pelos alunos e em seguida foram desenvolvidos trabalhos artísticos referentes a cada uma delas.
Foram explorados temas como as plantas do sertão, os tipos humanos, os folguedos populares, o artesanato, a habitação e a confecção de maracás utilizados em rituais indígenas.
Procuramos enriquecer a exposição, que acontecerá no próximo dia 31/08, com artesões locais, representados por Mestra Maria louceira, artesã especialista em panelas e pote de barro queimado, muita antiga na cidade, e, também, proporcionar a comunidade de Amarelão divulgar seu artesanato, pois ela é a única remanescente indígena na região. Infelizmente as tentativas foram infrutíferas, devido atividades prioritárias na escola o que nos impossibilitou ir até as comunidades de Morada Nova e Amarelão fazer os devidos convites àqueles artesãos.
É importante ressaltar que as atividades desenvolvidas por nossos alunos proporcionaram momentos de grande importância na aprendizagem, pois eles pesquisaram e fizeram produções artísticas relacionadas à pesquisa. Foram momentos de muita concentração e alegria pelos trabalho concluídos.
É importante que façamos uma avaliação no final do projeto, para que outros sejam realizados e, que, nos próximos,tenhamos mais condições de trabalho, principalmente no que diz respeito aos materiais utilizados nas oficinas.
Apesar de escola pública e sem recursos, fizemos um bom projeto e estamos todos de parabéns pelos trabalhos produzidos. É bom frisar a coragem da diretora Kelly que não mediu esforços para possibilitar o evento.
É preciso que acreditemos no potencial de nossos alunos e que acreditemos, também, que é possível fazer uma educação de qualidade...mesmo que tenhamos, muitas vezes, que sonhar "surrealísticamente"...

Alunos do 6º ano - pesquisa e desenho do Pastoril - orientados pelo artista plástico Julio Siqueira

Atividade finalizada
pesquisa e desenho de Côco de Roda
atividade finalizada

Pesquisa e desenho dos Cabocolinhos de Ceará-Mirim

atividade finalizada

Pesquisa e desenho do Boi de Reis

Atividade finalizada

Pesquisa e desenho de habitações do Rio Grande do Norte


pesquisa e desenho das plantas do sertão do Rio Grande do Norte

oficina de pirogravura - artista plástico Julio Siqueira

oficina de máscara - orientação de Prof. Gibson Machado

Atividade finalizada
Pesquisa e confecção de maracás

Pintura dos maracás - orientação Artista plástico Vilela
Atividade finalizada

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

PROJETO DESPERTAR - PRIMEIRO ENCONTRO

PROJETO DESPERTAR

As mais elevadas taxa de desemprego no país são registradas entre os mais jovens. Além da inexperiência no mundo do trabalho, a educação formal muitas vezes não prepara o estudante para a vida profissional.
O projeto Despertar procura mudar essa preocupante realidade através do estímulo ao empreendedorismo entre jovens estudantes. Alunos do ensino médio, com idade a partir de 15 anos, ampliam sua visão de mundo, e passam a identificar suas potencialidades e a descobrir novas oportunidades. O jovem passa a ver sua realidade e sua escola de forma totalmente nova.
O Despertar causa impacto não apenas no seu público. Em cidades do interior, onde as escolhas são poucas, o projeto movimenta toda a comunidade, pois o empreendedorismo é transmitido no sentido de fortalecer a crença em um futuro melhor, onde cada um é capaz de construir e empreender.
O corpo docente, que previamente ao seu engajamento seletivo ao projeto é submetido a um treinamento de 180 horas aula, também muda sua forma de encarar a relação professor/aluno. Atualmente o SEBRAE/RN desenvolve o Projeto Despertar nas escolas públicas, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, através da Coordenadoria de Ensino Médio.

Idéia Básica do Projeto

“Despertar” no aluno do ensino médio das escolas públicas estaduais do RN, a vocação para empreender, proporcionando-lhe uma visão de futuro, tendo em vista:
• Os desafios e as oportunidades do mundo do trabalho;
• O desenvolvimento econômico LOCAL/REGIONAL;
• A geração de novos negócios, a partir do estímulo ao conhecimento e o acesso à informação.

Como Começou

Em 2001 o Sistema SEBRAE passou por uma revisão institucional, criando várias prioridades, dentre elas, disseminar a educação empreendedora a partir do ensino formal, visando atender as classes menos favorecidas que estavam nas a escola publicas, ás portas do mercado de trabalho e sem perspectivas. Neste sentido foi firmada em 2003, parcerias com as Secretarias Estaduais de Educação de todos os estados, visando a preparação básica de alunos para o mundo do trabalho por meio do desenvolvimento de competências empreendedoras.

Público Alvo

Alunos do ensino médio das escolas públicas estaduais do Rio Grande do Norte.

Conteúdo Programático

São 96hs de aula distribuídas da seguinte forma:

• Atividades em sala de aula: 10 encontros de 3hs (30hs);
• Atividades de campo: pesquisas, visitas a empresas, contato com empreendedores, reuniões com as equipes (36hs);
• Organização e realização da Feira do Jovem Empreendedor (30hs);

Programa de Formação de Professores

O programa de formação de professores possui uma caga horária de 60hs distribuídas da seguinte forma:

• Seminário de Sensibilização para o Projeto (4hs);
• Fundamentação em Empreendedorismo. Curso “Sebrae Empreender” (27hs);
• Capacitação na Metodologia para aplicação em sala de Aula de Aula (24hs);
• Oficina de Implantação do Projeto na Escola (4hs);

Fonte: http://www.sebrae.com.br/uf/rio-grande-do-norte/areas-de-atuacao/capacitacao-empresarial/despertar

O Curso de Empreendedorismo do Sebrae está sendo realizado na Escola Estadual Professor Otto de Brito Guerra, na cidade de Ceará-Mirim/RN e tem como facilitador o professor Gibson Machado Alves.
As aulas do curso iniciaram neste 18 de agosto de 2010, formando uma turma de 32 alunos do ensino médio da escola estadual professor Otto de Brito Guerra, com faixa etária entre 15 e 26 anos.

Prof. Gibson - orientação para a construção do painel de apresentações

A aula inicial foi muito interessante, pois buscou a interação do grupo através da socialização e auto apresentações como forma de integrar o grupo.

Apresentações dos alunos

Os cursandos construíram um painel com figuras recortadas de revistas representando, individualmente, suas personalidades Posteriormente foram feitas as devidas apresentações individuais.

Avaliação do encontro pelos alunos

Observei que a maioria de nossos alunos tem muita timidez e precisam de estímulos para puderem se relacionar coletivamente e, incentivados, passaram a fazer relatos individuais com mais desenvoltura.
Esperamos que a turma seja mais produtiva nos próximos encontros, pois perdemos muito tempo na construção das tarefas programadas, no entanto, o 1º encontro foi bastante produtivo e positivo.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

MUSEU NILO PEREIRA...VERGONHA!!!


Lua cheia no Museu Nilo Pereira



VERGONHA

Por:
ORMUZ BARBALHO SIMONETTI (Presidente do Instituto Norte-Rio-Grandense de Genealogia e membro do IHGRN e da UBE-RN)

Foi com muita tristeza que, pela segunda vez, nesses últimos três meses, visitei as ruínas do que foi, há bem pouco tempo, o Museu Nilo Pereira em Ceará-Mirim RN. No último mês de maio, lá estive no finalzinho de tarde quando voltava de minha chácara, que fica no vizinho município de Maxaranguape. Naquela ocasião fui atraído pela beleza da lua cheia que surgia por trás do casarão do antigo Engenho Guaporé. Construído em meados do Século XIX, mais precisamente em 1850, em estilo neoclássico, o casarão foi residência do segundo vice-presidente da província do Rio Grande do Norte, Vicente Nelson Pereira, genro do Barão de Ceará-Mirim.
Fazia algum tempo que não percorria aquela estradinha que lava ao casarão. Costumava visitá-lo nos anos 80 e 90, quando trabalhava no Banco do Brasil e fazia fiscalização nas propriedades rurais da região.
Aproveitei o ensejo para ver de perto, a situação em que o mesmo se encontrava, pois naquela semana havia me chegado, por e-mail, uma filmagem de vândalos atirando pedras nos vidros que adornavam portas e janelas. Era uma cena deplorável. Uns rapazes filmavam os outros, que naquela euforia bestial, se revezavam em atirar pedras, ao tempo que deliciavam-se com a destruição do patrimônio público e a memória da cidade. Fiquei horrorizado pela cena e lamentei que aquilo estivesse sendo praticado por jovens, que pareciam ser estudantes que para ali tinham se dirigido com esse propósito, já que o museu está localizado em uma área que não é passagem para lugar nenhum.
Infelizmente a situação em que se encontrava o Museu, era pior do que eu havia imaginado. A guarita que fica na entrada, estava em ruínas. Suas portas e janelas foram arrancadas, e parte o telhado já havia caído. A estrada, calçada com blocos de cimento, que dá acesso ao Solar, estava totalmente coberta pelo mato, assim como o estacionamento.
Aproximei-me da porta, mas não tive coragem de entrar, pois como disse, já estava escuro e as casas de marimbondos caboclos, pendiam das portas e janelas em posição ameaçadora. Eram eles, junto com morcegos os guardiões daquele patrimônio. Na entrada principal, impávido, lá estava um grande sapo cururu, bem postado na soleira, como se fosse o mordomo a espera do visitante. Esperava, talvez, alguma mariposa descuidada que por ali passasse em busca dos canaviais, que lhe complementaria sua refeição diária. Fiz algumas fotografias e prossegui viajem.
Hoje, como retornei da chácara mais cedo e estava acompanhado por alguns amigos, resolvi percorrer novamente aquele caminho coberto de mato, que leva ao Museu, com a intenção de mostrar aos amigos que me acompanhavam a situação de abandono que se encontrava aquele patrimônio de inestimável valor histórico. Novamente me senti desconfortável diante daquelas ruínas, principalmente por ele ser parte da história da cidade de Ceará-Mirim, cidade que aprendi a amar e respeitar desde que aqui cheguei no início dos anos 80, para inaugurar a Agência do Banco do Brasil. Fiz e faço parte dessa cidade onde trabalhei durante 23 longos anos e conquistei grandes amigos.
Diante daquele quadro desolador, não pudemos deixar de nos perguntar: onde estão os Órgãos Públicos encarregados de manter e conservar aquele patrimônio? Porque deixaram a situação chegar até esse ponto? Que foi feito do mobiliário antigo que aqui existia? Onde estão as várias peças, confeccionadas em jacarandá, e o belo piano de calda que adornava a sala principal? É bem provável que hoje faça parte da mobília da casa de algum esperto, do tipo que considera o patrimônio público, como privado.

Adentramos ao casarão e pudemos constatar o que já imaginávamos quando chagamos próximos a entrada principal. Um verdadeiro espetáculo de destruição. Para todos os lados que olhávamos e por todos os cômodos que passávamos a visão era a mesma. Cheguei ao pé da bela escada de madeira que lava ao sótão e resolvi subir. Temeroso pela minha segurança, pois não sabia o estado que ela se encontrava, prossegui degrau por degrau até chegar lá em cima. A todo tempo me desviando de morcegos e marimbondos, consegui chegar são e salvo até a parte mais alta do velho casarão.

O sótão, composto por vários cubículos, é beneficiado por uma boa ventilação. Uns compartimentos com mais altura e outros, acompanhando o telhado, terminam em locais tão baixos que não permitem uma pessoa ficar em pé. No centro, onde fica a parte mais alta, uma janela para o nascente e outra para o poente, compõem sua arquitetura. Daquele local a visão é deslumbrante. Para o nascente se descortina o verde vale com seus canaviais ondulados ao sabor do vento. Para o poente vemos alguns coqueiros centenários e por trás deles o verde escuro da mata, que esconde aos pouco o crepúsculo que chega com o final da tarde, também constitui uma visão maravilhosa.
Pôr-do-sol no Guaporé...

Ainda foi possível observar que a última seção do corrimão da escada, que também servia de parapeito, havia desaparecido. O piso ainda apresenta bom estado, em virtude de ter sido feito com madeira de lei. Entretanto, não pude deixar de notar que algumas tábuas estavam soltas, como se alguém as tivesse “preparado” para lavá-las em outra oportunidade. Talvez a mesma pessoa que se apropriou indevidamente do corrimão da escada.
Quando já me preparava para descer, fui surpreendido com uma visão inusitada. Num canto do corredor, que separa as duas extremidades da casa, quase despercebido, lá estava imóvel e bem acomodado, o velho cururu. Não sei como o batráquio conseguiu chegar até aquele local, pois para isso, teve que vencer três lances de uma escada íngreme e de degraus muito estreitos.
Mas, o importante é que ele conseguiu, pelo simples fato de ter tentado. E nós porque não tomamos o exemplo daquele velho morador do museu e também tentamos fazer algo para salvar aquele monumento enquanto as paredes ainda resistem ao abandono, ao descaso das autoridades e ao ataque dos vândalos?
Por que não tentamos conseguir um pouquinho do nosso suado dinheiro, que principalmente nessa época, é usado na compra de votos e consciências desse nosso povo sofrido e culturalmente ignorante, para recuperar uma parte da nossa memória? É justamente MEMÓRIA o que mais nos falta. Está literalmente em nossas mãos a oportunidade de mudar, escolhendo administradores comprometidos com a melhoria da Nação, principalmente no que se refere à educação. Um povo sem educação é presa fácil e sempre será refém de políticos espertalhões.

Natal, 13 de agosto de 2010.

sábado, 7 de agosto de 2010

O SUSTO DO BELO ANJO

Gibson Machado e Maria da Conceição - O Belo Anjo
Sempre que falamos sobre cultura, sua preservação, sua valorização, o assunto se torna repetitivo, e, algumas vezes, inibe certas discussões em torno do tema.
Tenho falado frequentemente a respeito do cuidado que precisamos ter para manter preservadas as tradições de nossa gente e, de certa forma, proteger os patrimônios, sejam material ou imaterial, não importa, é preciso fazer alguma coisa, porque os mestres estão morrendo e não têm como passar seus conhecimentos para as futuras gerações.
O trabalho que faço na tentativa de, pelo menos, registrar as manifestações populares e as memórias dos anciões, guardiões de nossa história, é muito fragilizado, pois é impossível realizar as pesquisas e fazer os devidos registros, uma vez que o custo é alto e o tempo não é suficiente.
É necessário que o poder público tome alguma atitude nesse sentido, enquanto ainda restam, alguns mestres de nossa cultura popular, vivos e em condições de repassar seus conhecimentos.
Eu sei que há muitas dificuldades para a administração, mas, provavelmente, se todos os poderes públicos se unissem, seria possível encontrar soluções para esta grave situação.
Segunda-feira, 02 de agosto, a matriarca da família Brito, Dona Maria da Conceição de Brito, 96 anos, deu o maior susto nos familiares quando teve uma indisposição. Na idade que ela está qualquer problema de saúde, é muito preocupante. Dona Maria é avó de Neto, coordenador do grupo Renovação, e sempre esteve envolvida com a cultura popular do município, Ultimamente, era a personagem “Belo Anjo” do Pastoril, cuja mestra era Dona Maria do Carmo, que por sinal, mudou-se da cidade porque não encontrava apoio para continuar brincando com suas pastoras.
A última apresentação de Dona Maria da Conceição – O Belo Anjo do Pastoril - foi em 2007 quando nos apresentamos no Centro Esportivo e Cultural durante o encontro do Projeto Vida Nova, criado por mim e voltado para a terceira idade. Penso que aquela foi sua última apresentação no grupo e felizmente filmamos e fotografamos todos os eventos.

Pastoril - apresentação no Vida Nova

É por isso que são necessárias ações de governo que revitalizem, preservem e protejam esses mestres da cultura popular, pois, são evidentes suas fragilidades e, enquanto é tempo, precisamos fazê-los repassar seus conhecimentos às novas e futuras gerações, uma vez que já estamos lutando contra o avançado estágio de vida dos mestres, a exemplo de Dona Maria da Conceição, Zé Baracho, Luiz de Julia, Cícero Américo (palhaço do pastoril) e tantos outros anônimos que precisam ser descobertos e protegidos do esquecimento.


Cícero Américo - Palhaço do Pastoril

Tenho Saudade do Pastoril de Dona Maria do Carmo. Estivemos juntos em várias apresentações aqui em Ceará-Mirim e em outras cidades do estado. Parece que estou vendo sua emoção quando a levei para gravar as músicas do brinquedo no estúdio. Ela estava muito feliz porque sabia que todo seu esforço estava gravado e ela poderia morrer tranquila, pois, pelo menos, o registro das músicas estava garantido.

Mestra Maria do Carmo e Gibson Machado

Infelizmente o Pastoril conduzido pela família Américo está desativado e restam algumas pastoras que resistem e estão tentando manter a dança folclórica com as músicas gravadas por mim em estúdio. Espero que o grupo coordenado pelo professor Renato Brandão tenha êxito para manter-se em atividade e estarei sempre disposto a contribuir para que nossas pastoras e brincantes se mantenham vivos.

ALTAS HORAS

ALTAS HORAS

À memória de
Maria Alves Correia;
Tia, madrinha e parteira.


RASPINHA de lua minguante; grilos trincando a friagem. Poste da esquina, abajourado de mariposas, sem dar bom vencimento ao pardume. Casaronas de escuros beirais, umas-noutras arrimadas, pareciam cochilar, enquanto o sereno brumoso punha-se orvalho, embaçando vidraças. Tirante a safadeza dos gatos rasgando o sossego dos telhados, nem viv’alma nas sombras da ruazinha quase beco.
Um vulto apressado, rente às paredes, virou a esquina. Na quarta casa, chegou-se ao vão duma janela. Batidas respeitosas soaram ladeira abaixo.
- Dona Neném?... – toque-toque – dona Neném... – toque-toque – dona Neném!...
- Quem chama?! – disse voz malacordada.
- Benedito... Ditim da Jacoca. – anunciou ainda maneiroso.
- Deus te salve, esse-menino! Em que te valho? – atendeu mais esperta.
- Zefa-minha entrou nas dores...
- Derna de?...
- Boquinha-da-noite.
- De tempo?
- Diz-que não...
Passos enchinelados trouxeram luz pras brechas da porta. Já destramelando, gritou pra dentro:
- Oh, Aleluia; te alui dorminhoca! Atiça o fogo prum cafezinho!
Rangeram as dobradiças. Lamparina mostrou setentona de alvura corada, bem-disposta, sem negar idade. Dureza do rosto e firmeza da fala não lhe escondiam a ternura. Ele sorriu uma careta encandeada.
- Bença?...
- Bençoe. Entra, senta e aguarda. Já lhe aprontam um esquenta-bofe.
- Tem precisão, não, madrinha.
- Acalma, home! Peguei teu pai, pego teu filho... Fhum!
- ...
- Quede transporte?
- Falei o jipe de Biel; não tarda, risca aí fora.
- Não carecia de tanto. Nem meia légua, daqui pra Jacoca... Bastava trazer montaria mansa.
- E minha madrinha inda se garante em riba dum cavalo?
- Ora pois!... No osso, não monto; daí que possuo todo arreamento, pra essas horas mesmo.
- Haja saúde, com a devida graça!
- Melhor deixar pro leite do menino que pra cachaça de Biel. Fhum!
Falou de mal, prepare o pau. Nisso, chegou o transporte; ringindo grilos, motor velho pigarrando. No que ele esbarrou, ela botou-se à porta. E foi dizendo, nos conformes da simpatia:
- Se apeie prum moca, compadre, enquanto me avio!
- Deixe proutra vez, minha madrinha; diacho desse carro anda mole de estancar e duro de pegar... Se tiro o pé...
Ela espiou pros faróis mortiços, como fossem o olhar do carro a confirmar tal desculpa.
- Então aguarde um pisco; já-já apronto meus troços! – recruzada a sala, embiocou na camarinha – Oh, essa-menina, vê um cafezim pra Biel!
E voltou de roupa trocada, caqueando tinidos de ferros e frascos numa bruaca de lona puída. Naquilo se dando por satisfeita, logo inquiriu mando.
- Vumbora?!
Adélia pediu abença e Ditim largou a xícara num caritó. Biel – vrum-vrum! – reatiçou o motor.
Sem mais tardar, embarcaram. Foi-se o jipinho, assim meio penso, aos traques e puns, fobicando madrugada afora...


Ceará-Mirim, março de 2008
Bartolomeu Correia de Melo
Lembro de Dona Maria Correia... Ela fez o meu parto e de outros dois irmãos meus. Quando a encontrava na rua, obrigatoriamente, pedia sua benção: "Bença Mãe Maria"!
(Gibson Machado)

ALGUMA COISA ESTÁ FORA DE ORDEM

Publicado em 03/06/2008 às 20:33
Fonte: http://www.paraibanews.com/colunistas/alguma-coisa-esta-fora-de-ordem/

Alguma coisa está fora de ordem
Célia Leal

O escritor Ariano Suassuna em uma matéria publicada num jornal sobre o chamado forró estilizado, que está lotando casas de show e praças públicas, principalmente nas idades interioranas do Nordeste, ficou escandalizado ao ouvir algumas das músicas de várias bandas que seguem essa linha grotesca, do achincalhe e da desmoralização a mulher.
As suas considerações renderam críticas e durante uma das suas aulas-espetáculo, ano passado, ele foi bastante criticado, por ter ‘malhado’ uma música da banda Calipso, apontada de mau gosto. Quando mostraram a Ariano algumas letras das bandas desse tipo de ‘forró’, ele
exclamou: ‘Eita, que é pior do que eu pensava’. Do que ele pensava e do que muito mais gente jamais imaginou.
Para conhecer algumas letras e as respectivas bandas, Ariano foi na fonte e lá se deparou com “Calcinha no chão” (Banda Caviar com Rapadura),“Zé Priquito” (Cantor Duquinha), “Fiel à putaria” (Banda de Felipão Forró Moral), “Chefe do puteiro” (Banda Aviões do forró), “Mulher roleira” (Banda Saia Rodada), “Mulher roleira a resposta” (Banda Forró Real).
Encontrou também “Chico Rola” (Banda Bonde do Forró), “Banho de língua” (Banda Solteirões do Forró), “Vou dá-lhe de cano de ferro” (Banda Forró (Chacal), “Dinheiro na mão, calcinha no chão” (Banda Saia Rodada), “Sou viciado em putaria” (Banda Ferro na Boneca), “Abre as pernas e dê uma sentadinha” (Banda Gaviões do forró), “Tapa na cara, puxão no cabelo” (Banda Swing do forró) entre tantas “pérolas” desta artilharia que anda povoando a mentes de quem, parece não pensa, desconhece a boa música brasileira. Diante de todas essas possibilidades, Ariano Suassuna disse que toda essa esculhambação tem uma origem.
Veja o que escreveu o mestre:
‘O culpado desta ‘desculhambação’ não é culpa exatamente das bandas ou dos empresários que as financiam, já que na grande parte delas, cantores, músicos e bailarinos são meros empregados do cara que investe no grupo. O buraco é mais embaixo. “ Faço um paralelo com o turbo folk, um subgênero musical que surgiu na antiga Iugoslávia, quando o país estava esfacelando-se.
Dilacerado por guerras étnicas, em pleno governo do tresloucado Slobodan Milosevic surgiu o turbo folk, mistura de pop, com música regional sérvia e oriental. As estrelas do turbo folk vestiam-se como se vestem as vocalistas das bandas de ‘forró’, parafraseando Luiz Gonzaga, as blusas terminavam muito cedo, as saias e shortes começavam muito tarde.
Numa entrevista ao jornal inglês The Guardian, o diretor do Centro de Estudos Alternativos de Belgrado, Milan Nikolic, afirmou, em 2003, que o regime Milosevic incentivou uma música que destruiu o bom-gosto e relevou o primitivismo estético. Pior, o glamour, a facilidade estética, pegou em cheio uma juventude que perdeu a crença nos políticos, nos valores morais de uma sociedade dominada pela máfia, que, por sua vez, dominava o governo.
Aqui o que se autodenomina ‘forró estilizado’ continua de vento em popa.
Tomou o lugar do forró autêntico nos principais arraiais juninos do Nordeste. Sem falso moralismo, nem elitismo, um fenômeno lamentável e merecedor de maior atenção. Quando um vocalista de uma banda de música popular, em plena praça pública, de uma grande cidade, com presença de autoridades competentes (e suas respectivas patroas) pergunta se tem ‘rapariga na platéia’, alguma coisa está fora de ordem.
Quando canta uma canção (canção ?!!!) que tem como tema uma transa de uma moça com dois rapazes (ao mesmo tempo), e o refrão é “ E vou dá-lhe de cano de ferro/e toma cano de ferro!’, alguma coisa está muito doente. Sem esquecer que uma juventude cuja cabeça é feita por tal tipo de música é a que vai tomar as rédeas do poder daqui a alguns poucos anos, não precisa dizer mais nada.
A minha opinião comunga com a do mestre e de tanta gente que gosta da boa música brasileira. O que percebo é que essas “músicas” incentivam e estimulam a violência; tornam as relações banais e fazem acreditar que a porrada e a falta de respeito entre as pessoas estão “na crista da onda”.
Neste sentido, a vida perde toda a sua essência. O que nos move é o princípio do prazer.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

SARAU BAQUIPEANO VIRTUAL

DO AMOR QUE PASSA

Receba, nesta flor, minha proposta
que, parecendo tímida, é insistente.
Daquelas fantasias que mais gosta,
pretendo partilhar, discretamente...
Mais que sorriso, espero por resposta,
aquele suspirar que, então, pressente
cada arrepio, quando alguém lhe encosta,
na morna flor do corpo, um beijo ardente.
Mas, além da paixão, não queira laços
de saudade ou remorso e, sem dilema,
esqueça a flor, os versos, os abraços...
E aceite, assim sem juras, este amor
que apenas dura, intenso qual poema,
enquanto passa, frágil como flor.

Bartolomeu Correia de Melo

SARAU LÍTERO-MUSICAL

Professora Rizonete fazendo a abertura do sarau
A Escola Estadual Prof. Otto de Brito Guerra realizou no dia 23 de julho de 2010, o 1º sarau lítero-musical do ano letivo.

Alunos e professores

O evento foi organizado para a abertura do projeto de leitura da Biblioteca Escolar e envolveu atividades interdisplinares.

Professor Gerinaldo - convidado e homenagado
A professora de Língua Portuguesa Nere Elma orientou os alunos para o estudo de poesias produzidas por poetas como Vinícius de Morais, Fernando Pessoa, Mario de Andrade, Manoel Bandeira, Mario Quintana, entre outros.

Músico Shigiak fazendo sua participação

Para as apresentações musicais convidamos os músicos Shigiak, Kleiton e os cantadores de viola, Poeta Tavares e poeta José Faustino, cuja apresentação empolgou a platéia, pois, a maioria, não conhecia "cantoria de viola".

Os alunos que participaram do recital solicitaram que no segunto semestre fosse realizado outro encontro no mesmo estilo.

Jenilson quando recitava a poesia Bicho de Manoel Bandeira

Estamos programando um novo sarau cujos trabalhos serão direcionados para as poesias produzidas por poetas cearamirinenses, objetivando oportunizar o acesso à escola, desses produtores culturais.

Cantadores de Viola

Poeta José Faustino, Prof. Gibson Machado e Poeta Tavares

Queremos que o resultado dessas atividades possam possibilitar aos nossos alunos a oportunidade de criação e produção literária.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

COLONIA DE FÉRIAS DE IDIANA PRODUÇÕES


O artista Daniel Torres ensinado a fazer o brinquedo com fitas coloridas

Gostaria de agradecer e parabenizar, minha amiga e parceira de muitos eventos culturais, Idiana Rodrigues, pelo convite para participar da colônia de férias realizada na área de lazer de sua residência no dia 21/07/2010.

Gibson Machado testando o brinquedo


Nossa participação se deu através de oficinas de construção de brinquedos, desenhos e pinturas.

Artista plástico Daniel Torres - oficina de pintura

Para que as oficinas fossem possíveis convidei meus amigos artistas plásticos Vilela, Romualdo (Mestre Bocão) e Daniel Torres.


Artista plástico e mestre de capoeira Bocão - oficina de pintura

Durante as atividades as crianças participaram e tiveram oportunidade de desenvolver suas habilidades através da criação de desenhos e pinturas, proporcionando momentos de muita concentração e criatividade.


Artista plástico Vilela - oficina de pintura

Idiana está de parabéns por ter criado um espaço cultural de muita importância para Ceará-Mirim, uma vez que a cidade é muito carente com relação a espaços e eventos dessa natureza.


Professor de arte Gibson Machado - oficina de pintura

É necessário que a comunidade crie o hábito de participar dos eventos culturais que são realizados na cidade, pois, eles são raros e quando acontecem, são pouco prestigiados, principalmente pelas pessoas que se dizem bem informadas intelectualmente e entendem de cultura.


É fácil conferir o que estou dizendo, basta ir todos os últimos domingos do mês, a partir das 17 horas, na praça das Cinco Bocas onde se realiza o projeto cultural Boca da Noite, para verificar quantas dessas pessoas estão prestigiando o evento.

Os produtores culturais da província baquipiana são, como diz a música pernambucana, "madeira que cupim não rói" e vão continuar insistindo enquanto houver um espectador ou leitor prestigiando nossas atividades artísticas.

PALESTRA SOBRE PATRIMÔNIO HISTÓRICO


Gibson Machado falando sobre patrimônio histórico e cultural de Ceará-Mirim
Quero agradecer à Direção e professores da Escola Municipal Madalena Antunes Pereira pelo convite para fazer palestra cujo tema foi Patrimônio histórico e cultural de Ceará-Mirim a ao presidente do Centro Esportivo, Ubiratan Severo, por disponibilizar o espaço e equipamento de som.
O evento realizou-se dia 28 de julho de 2010 no Centro Esportivo e Cultural e a platéia estava bem representada por alunos e professores da escola.


Alunos e professores da Escola Municipal Madalena Antunes Pereira
Iniciamos a conversa falando sobre o que era patrimônio histórico e cultural e qual a sua importância para o município.
Os alunos estavam muito concentrados e atentos a tudo que estava sendo exposto.
Para encerrar a apresentação colocamos um vídeo sobre os diversos patrimônios da cidade de Ceará-Mirim de modo que todos fizessem uma reflexão a respeito de nossos valores e, também, da situação em que se encontra o município, cujos patrimônios históricos e culturais estão completamente em situação de risco de extinção e abandono.
Espero que o que conversamos naquele dia tenha despertado o interesse pela nossa memória em, pelo menos, dez por cento daquela platéia, pois, nesse sentido, cumprimos com nosso propósito plantando mais essa pequena semente.