130 ANOS DE MADALENA ANTUNES
Por Franklin Jorge
http://www.franklinjorge.com/blog/category/o-santo-oficio/
Pertence Maria Madalena Antunes Pereira ao seleto grupo de escritores do Ceará-Mirim, que, pelas características que tem em comum configuram uma escola literária. A “Escola do Ceará-Mirim”, conforme a definição argutamente forjada pelo grande critico e ensaísta José Livio Dantas:
“O traço característico dessa escola é a síntese que seus membros fazem do particular com o geral, da aldeia com o mundo, do detalhe com a macrovisão. Nisso são magistrais. Olham para o pormenor e vêem a paisagem; falam de sua querência – para nordestinizar esse bonito vocábulo gauchesco – e se universalizam; voltam-se para dentro de si próprios e redescobrem a humanidade. Não é sem razão que são chamados de humanistas, ceará-mirimente humanistas.”
Madalena Antunes não apenas se inscreve nessa tradição: funda-a, ao restaurar em um livro delicioso seus primeiros anos de vida, o que significa dizer, sua infância e adolescencia vividas na casa-grande do Engenho Oiteiro, um dos muitos engenhos então em plena atividade no ubérrimo Vale do Ceará-Mirim.
Em conferencia que fiz no Ceará-Mirim, para cerca de 400 pessoas que compareceram ao Centro Social Urbano, há alguns anos, justamente sob o tema “a escola do Ceará-Mirim”, enfatizei essa contribuição fundadora de Madalena Antunes e me detive na apreciação da obra de seus dois mais ilustres discípulos, os escritores Edgar Barbosa e Nilo Pereira, que se notabilizaram como humanistas integrais.
Neste dia 25 transcorre o 130º. Aniversário de nascimento da autora de “Oiteiro, memórias de uma menina-moça”, obra que é como que o contraponto feminino de “Massangana”, do pernambucano Joaquim Nabuco. Publicado há pouco mais de 50 anos, não se inscreve entre as obras de ficção, mas do memorialismo, da etnografia e da sociologia, embora, neste aspecto, a autora não tenha procurado ser, deliberadamente, uma fria especialista.
Seu livro é fruto da memória, da observação e da experiência; além de constituir-se em um singular documentário e o registro de uma época. Nele, avulta a presença da escrava Patica, uma espécie de astuciosa Xerazade do Vale do Ceará-Mirim, e aquela página tocante em que a autora eterniza o 13 de Maio em que a Princesa Isabel aboliu definitivamente a escravidão no Brasil.
Agora a sua neta, a neta da escritora canônica do Ceará-Mirim, Lucia Helena Pereira, chama-nos a atenção para a importância desta data que de outra forma teria certamente passada despercebida: os 130 anos de uma autora que é sem duvida a fundadora da Escola do Ceará-Mirim, cujo traço particular, conforme a admirável síntese de José Livio Dantas, seria essa maneira de urdir com talento, cultura e sensibilidade admiráveis, “(…) a síntese que seus membros fazem do particular com o geral, da aldeia com o mundo, do detalhe com a macrovisão. Nisso são magistrais. Olham para o pormenor e vêem a paisagem; falam de sua querência – para nordestinizar esse bonito vocábulo gauchesco – e se universalizam; voltam-se para dentro de si próprios e redescobrem a humanidade. Não é sem razão que são chamados de humanistas, ceará-mirimente humanistas.”
Por Franklin Jorge
http://www.franklinjorge.com/blog/category/o-santo-oficio/
Pertence Maria Madalena Antunes Pereira ao seleto grupo de escritores do Ceará-Mirim, que, pelas características que tem em comum configuram uma escola literária. A “Escola do Ceará-Mirim”, conforme a definição argutamente forjada pelo grande critico e ensaísta José Livio Dantas:
“O traço característico dessa escola é a síntese que seus membros fazem do particular com o geral, da aldeia com o mundo, do detalhe com a macrovisão. Nisso são magistrais. Olham para o pormenor e vêem a paisagem; falam de sua querência – para nordestinizar esse bonito vocábulo gauchesco – e se universalizam; voltam-se para dentro de si próprios e redescobrem a humanidade. Não é sem razão que são chamados de humanistas, ceará-mirimente humanistas.”
Madalena Antunes não apenas se inscreve nessa tradição: funda-a, ao restaurar em um livro delicioso seus primeiros anos de vida, o que significa dizer, sua infância e adolescencia vividas na casa-grande do Engenho Oiteiro, um dos muitos engenhos então em plena atividade no ubérrimo Vale do Ceará-Mirim.
Em conferencia que fiz no Ceará-Mirim, para cerca de 400 pessoas que compareceram ao Centro Social Urbano, há alguns anos, justamente sob o tema “a escola do Ceará-Mirim”, enfatizei essa contribuição fundadora de Madalena Antunes e me detive na apreciação da obra de seus dois mais ilustres discípulos, os escritores Edgar Barbosa e Nilo Pereira, que se notabilizaram como humanistas integrais.
Neste dia 25 transcorre o 130º. Aniversário de nascimento da autora de “Oiteiro, memórias de uma menina-moça”, obra que é como que o contraponto feminino de “Massangana”, do pernambucano Joaquim Nabuco. Publicado há pouco mais de 50 anos, não se inscreve entre as obras de ficção, mas do memorialismo, da etnografia e da sociologia, embora, neste aspecto, a autora não tenha procurado ser, deliberadamente, uma fria especialista.
Seu livro é fruto da memória, da observação e da experiência; além de constituir-se em um singular documentário e o registro de uma época. Nele, avulta a presença da escrava Patica, uma espécie de astuciosa Xerazade do Vale do Ceará-Mirim, e aquela página tocante em que a autora eterniza o 13 de Maio em que a Princesa Isabel aboliu definitivamente a escravidão no Brasil.
Agora a sua neta, a neta da escritora canônica do Ceará-Mirim, Lucia Helena Pereira, chama-nos a atenção para a importância desta data que de outra forma teria certamente passada despercebida: os 130 anos de uma autora que é sem duvida a fundadora da Escola do Ceará-Mirim, cujo traço particular, conforme a admirável síntese de José Livio Dantas, seria essa maneira de urdir com talento, cultura e sensibilidade admiráveis, “(…) a síntese que seus membros fazem do particular com o geral, da aldeia com o mundo, do detalhe com a macrovisão. Nisso são magistrais. Olham para o pormenor e vêem a paisagem; falam de sua querência – para nordestinizar esse bonito vocábulo gauchesco – e se universalizam; voltam-se para dentro de si próprios e redescobrem a humanidade. Não é sem razão que são chamados de humanistas, ceará-mirimente humanistas.”
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