quinta-feira, 13 de maio de 2010

CEARÁ-MIRIM E O VERDE DO VALE

A crônica apaixonadamente romântica da Amiga Mariza descreve e ensina, o que todos cearamirinenses, novos e velhos, poderiam fazer para valorizar essa “Terra Mãe”, cujos braços estão sempre prontos para afagar e acolher seus filhos retirantes ou os rebentos que surgem daqueles legítimos ou adotados que aqui vivem.

Poderíamos nos espelhar no sentimento de Mariza para, assim, fortalecermos o respeito e o amor por esta terra tão padecida de promessas infactíveis, aleivosas em que a utopia maquiavélica floreia o sonho de um povo auspicioso por dias melhores.

CEARÁ-MIRIM E O VERDE DO VALE

Por Mariza Roque da Fonseca,
do blog Autorretrato


A magia do verde que cobre o Vale de Ceará-Mirim tem o dom de encantar pessoas, trazendo-as presas a sua beleza pródiga de um verde diferente. Que verde é esse que parece ser só seu e se espalha pelo Vale num tom especial, único, que muitos chamam “verde-cor-de-cana”.
Parece uma tela em que um pintor, num momento de delírio apaixonado, usou seus pincéis criando uma paisagem de beleza rara! Tudo deve ter começado na “Manhã da Criação”, como diria Nilo Pereira o poeta do Verde Vale. Uma manhã imaginária onde tudo foi possível, Deus escolheu o vale, a terra fértil para jogar as sementes vivas das plantas nativas da região e onde depois os colonizadores plantaram diferentes espécies de valor econômico, entre elas a cana-de-açúcar
O pintor supremo, presenteou nosso torrão com a vegetação típica de Mata Atlântica e o homem, por um interesse puramente capitalista, mesmo agredindo o meio ambiente, também deu as suas pinceladas e enriqueceu a paisagem, onde se destaca o canavial, transformando-a numa aquarela de beleza ímpar! O Vale de Ceará-Mirim, tem seu tom de verde misturado a outras cores.
As nuances do verde e o variegado das flores e frutos embelezam o quadro. Quem dos ausentes da terra mãe, dela não se lembra… com seu vestido colorido, onde impera o verde que inundou o Vale da saudade de Nilo Pereira, das evocações melancólicas de Edgar Barbosa e do deslumbramento do menino Franklin Jorge que nasceu à beira da linha do trem, no rés do Verde Vale.
Analisando as possibilidades de retorno econômico utilizando as terras do vale, o homem optou pelo cultivo da Gramineae - Saccharum officinalis. A cana-de-açúcar foi o introdutório da abastança, da nobreza outorgada que dominou por muito tempo os destinos do povoado que evoluiu, sagrando-se cidade.
Ali, aportaram pessoas advindas de outros recantos do Rio Grande do Norte e estados brasileiros com a finalidade de trabalhar na produção do açúcar, se estabelecerem como comerciantes ou se firmarem em outras profissões. Um exemplo foi meu pai, José Roque de Assis, que veio para trabalhar na Usina Ilha Bela. Um pernambucano “expert” no fabrico de açúcar que comprou um imóvel situado na Rua Grande onde morava com a sua família e posteriormente, vislumbrando estabilidade financeira, construiu o Restaurante e Hospedaria Central que, por situar-se paralelo à linha do trem (transporte mais importante daquela época), obteve sucesso por alguns anos. Criou raízes e certamente se encantou com a natureza prodigiosa desta terra privilegiada onde a mão de Deus se deteve com particular carinho. A Ceará-Mirim, cidade dos verdes canaviais, ele legou sua família que ainda hoje, através de filhos netos bisnetos e agregados, fazem parte atuante da sociedade Ceará-mirinense.
O Verde Vale, na verdade, para mim é um relicário que abriga o passado histórico de Ceará- Mirim. Um depositário de sonhos onde foram guardados os anseios das pessoas que respiraram o seu ar, que absorveram o oxigênio oriundo da sua vegetação sentindo o seu cheiro mesclado de flores e de rapadura.
Os sonhos daqueles que abriram clareiras à custa de muito suor e esperança para que homens empreendedores implantassem um dos complexos açucareiros do Brasil Colonial. Minha infância e parte da adolescência transcorreram em Ceará-Mirim. Sempre volto para energizar à criança que viveu e foi feliz lambendo os lábios lambuzados de mel de engenho, brincando na areia solta da Rua Grande, estudando no Colégio Santa Águeda e que, adolescente, extasiou-se com o Verde Vale avistado com o namoradinho da torre da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição - a padroeira da cidade – onde, lá do altar-mor, olha amorosamente para seus filhos.
Todo Ceará-mirinense é um eterno apaixonado pelo Vale que deu origem a cidade e quando a ela retorna é tomado de emoção que aumenta à medida que desce pelas ruas do Patú, São José e descamba na Rua Grande. Aí, é só atravessar a ponte e adentrar no Verde Vale de grandes poetas e senti-los porque eles permanecem ali encantados nos seus sonhos líricos: Madalena Antunes, Nilo Pereira, Edgar Barbosa, Rui Pereira e outros. Cabe aos seus aprendizes reverenciá-los, curvar a cabeça com sábia humildade porque eles foram os desbravadores que nos apontaram e apontam ainda os caminhos do escrever. De escrever o amor à boa Terra!
Saúdo a todos os escritores “encantados” ou vivos que brotaram da seiva poética do Verde Vale.
Do Verde Vale de Ceará-Mirim!

2 comentários:

  1. Sr Gibson,
    Procurando pelo título deste texto, encontrei o seu blog e constatei que o seguinte comentário “O Ceará Mirim, por suas belezas naturais, tem despertado em seus filhos a sensibilidade artistica. Esta cronica de Mariza Roque (tia do escritor Franklin Jorge?) é prova disto.”, do Sr. José Eduardo Cunha no blog de Franklin Jorge , é a mais pura verdade pois aqui, encontro mais um filho desta terra com a sua sensibilidade artística despertada. Parabéns pelo seu blog e pelo amor que tem a sua terra!Aproveito, para colocar o mesmo comentário que fiz no blog de Franklin Jorge sobre este mesmo texto: “Tenho acompanhado o blog de Mariza e acho a sua sensibilidade artística uma dádiva para os seus seguidores. Tanto as suas crônicas quanto as suas poesias são de primeira grandeza. Mariza é uma artista sensível e, todos os seus textos, sejam em prosa ou sejam em verso, me surpreendem constantemente. Esta mulher tem a veia artística à flor da pele! Extremamente romântica, ela nos faz viajar pelos seus textos como se fôssemos nós, os protagonistas dos seus escritos.
    Quero hoje, desejar a Mariza Roque todo o sucesso do qual ela é merecedora e parabenizar a cidade de Ceará-Mirim por esta filha ilustre que valoriza a sua terra e a sua gente.
    Quero também, parabenizar você, Franklim Jorge, por ter esta jóia rara como tia.”
    Parabéns a vc também, Gibson, por tê-la como amiga
    Um grande abraço deste mais novo seguidor.

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  2. GIBSON

    Esta é para você!
    Para agradecer ao amigo que não ressurgiu na minha vida por acaso quando minha filha Edvane lhe enviou a poesia “Ceará-Mirim meu Amor” e que você publicou no seu blog. Daí por diante, comecei a pensar na possibilidade de criar o meu próprio blog. O que fiz e que graças a Deus me deixou muito feliz, pois teria um meio virtual de tocar o coração das pessoas mesmo sem conhecê-las (a maioria). Sentia necessidade de dar expansão a este meu singelo pendor literário. Através do blog fiz muitos amigos, renovei amizades e fiz muitos fãs como você disse. Recebi excelentes comentários e senti a presença de muitos que curtiram calados, porém identificados com o meu escrever.
    Depois vieram os reveses da vida e perdi “Autorretrato” mas que, ainda continua (mesmo parado) através de pessoas que acessam o seu blog.
    O Autoretrato 2, minha nova criação, também passou por um processo de silêncio causado por motivos de saúde. Foram 4 meses de ausência e também não consegui me comunicar com muitas pessoas para dar o novo site. Enviei e-mails para aquelas que comentavam através de seus endereços e, no entanto, poucos foram notificados.
    E você, como sempre, está presente... me incentivando a continuar. Por isso, quero lhe agradecer e dizer que você é uma pessoa muito especial e tem um coração muito bondoso, dizendo sempre as palavras necessárias que traz de volta a nossa confiança! Desejo que sejas sempre muito feliz com a sua família que por sinal é muito linda (já vi fotos). E parabéns pelo filho Rafael já mostrando que vai ser um grande filho de Ceará Mirim.

    Abraços da amiga, Mariza Roque.

    OBS – Peço, colocar no seu blog o meu novo endereço:
    “www.marizaroque2.zip.net” (estou sentindo a falta dos meus amigos).

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