REVISTA PREÁ – Natal/RN – Ano VI – Número 20 - Out/Nov/2008
Reportagem por Sergio Vilar
ARTESANATO DE BILROS ESTÁ EM EXTINÇÃO
A
renda de bilros está em franco processo em Ceará-Mirim. A confecção de renda
surgiu na cidade pelas mãos das mulheres, nas praias de Muriu e Jacumã. Não se
sabe ao certo qual a época. No Brasil chegou no século XVI, na região costeira,
entre comunidades de pescadores. As rendeiras ceará-mirinenses, todas elas,
aprenderam com as mães ou pessoas mais velhas. E nenhuma das mais de dez
rendeiras de hoje, em meia-idade – tem descendentes interessados em perpetuar a
tradição.
O artesanato rendeiro já foi extinto em Muriu. Hoje a praia até tem um centro de
artesanato para o turista – tradicional comprador do produto – mas as peças vêm
de outros estados brasileiros. A Associação da Mulher Rendeira, em Jacumã, se
mantém até que as atuais rendeiras desistam da prática. A artesã Elza Bezerra,
70, lamenta o desinteresse dos mais jovens, embora não os culpe: “É um trabalho
custoso e demorado. Essa garotada estuda e trabalha. Não vai querer passar o
dia com umas velhas”.
O
trabalho começa ás 13 h e termina às 17 h. Apesar da concentração necessária, a
“fofoca” é de praxe. È diversão garantida, disse Sônia Bezerra, 47. “Só não vem
trabalhar quando se está doente”. Em regime de escala, duas rendeiras vão ao
restaurante comercializar o produto. Enquanto isso, na Associação – fundada há
três anos em função de incremento do turismo na região – as rendeiras usam
almofadas, a linha, bilros, papelão, alfinetes e espinhos de cardeiro para
produzir rendas de enlaçados minuciosos. A habilidade no domínio de até 50
bilros é conquistada com o tempo. O ritmo das mãos é frenético, fruto de uma
relação antiga entre arte e paixão pela arte.
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