domingo, 29 de janeiro de 2023

ARTESANATO DE BILRO ESTÁ EM EXTINÇÃO

REVISTA PREÁ – Natal/RN – Ano VI – Número 20 - Out/Nov/2008

Reportagem por Sergio Vilar

ARTESANATO DE BILROS ESTÁ EM EXTINÇÃO

                A renda de bilros está em franco processo em Ceará-Mirim. A confecção de renda surgiu na cidade pelas mãos das mulheres, nas praias de Muriu e Jacumã. Não se sabe ao certo qual a época. No Brasil chegou no século XVI, na região costeira, entre comunidades de pescadores. As rendeiras ceará-mirinenses, todas elas, aprenderam com as mães ou pessoas mais velhas. E nenhuma das mais de dez rendeiras de hoje, em meia-idade – tem descendentes interessados em perpetuar a tradição. O artesanato rendeiro já foi extinto em Muriu. Hoje a praia até tem um centro de artesanato para o turista – tradicional comprador do produto – mas as peças vêm de outros estados brasileiros. A Associação da Mulher Rendeira, em Jacumã, se mantém até que as atuais rendeiras desistam da prática. A artesã Elza Bezerra, 70, lamenta o desinteresse dos mais jovens, embora não os culpe: “É um trabalho custoso e demorado. Essa garotada estuda e trabalha. Não vai querer passar o dia com umas velhas”.

                O trabalho começa ás 13 h e termina às 17 h. Apesar da concentração necessária, a “fofoca” é de praxe. È diversão garantida, disse Sônia Bezerra, 47. “Só não vem trabalhar quando se está doente”. Em regime de escala, duas rendeiras vão ao restaurante comercializar o produto. Enquanto isso, na Associação – fundada há três anos em função de incremento do turismo na região – as rendeiras usam almofadas, a linha, bilros, papelão, alfinetes e espinhos de cardeiro para produzir rendas de enlaçados minuciosos. A habilidade no domínio de até 50 bilros é conquistada com o tempo. O ritmo das mãos é frenético, fruto de uma relação antiga entre arte e paixão pela arte.

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