A renda de bilro é uma tradição nas praias de Muriu, Jacumã e Porto Mirim que estão localizadas no litoral de Ceará-Mirim. A arte de tecer a renda de bilro tem sido transmitida de geração à geração e, por muitos anos, as rendeiras têm lutado para que a arte não desapareça. Em 2003 havia sete rendeiras produzindo na praia de Jacumã. Atualmente o artesanato está muito difícil de ser encontrado, pois, a maioria das artesãs faleceram e outras, pela difícil comercialização dos produtos confeccionados, deixaram de fabricar as belas peças de renda de bilro. No passado a renda de bilro era parte do sustento das famílias que moravam na praia. Os pescadores saiam para a pesca e suas esposas ficavam em casa para cuidar da família, nesse tempo, passaram, também, a produzir a renda para que ajudasse nas despesas de casa.
É um trabalho feito manualmente
com muito amor e dedicação. As mulheres rendeiras sentem prazer em desenhar no
papelão, colocá-lo sobre a almofada e, posteriormente, trançar, sobre os
desenhos, as linhas com o jogo mágico feitos com os bilros e espinhos de mandacaru.
As peças produzidas são finas e maravilhosamente lindas, dependendo da peça a ser fabricada uma artesã leva até 03 meses para conclui-la e o retorno financeiro muitas vezes não é compensador, eis que a peça mais cara gira em torno de R$ 700,00 e o lucro obtido é rateado entre elas. Uma peça pequena leva em média 06h para ser confeccionada.
Na praia de Jacumã as poucas
rendeiras que estão em atividade colocam suas produções para comercializar em
um local no restaurante Naf Naf.
Na confecção das suas peças as artesãs utilizam um papelão grande e quadriculado de modo que não seja preciso limitar o tamanho das peças a serem feitas na almofada que fica sobre um suporte de madeira e que é feita de tecido (geralmente de algodão) e recheada com palha de bananeira. Os bilros são feitos da macaúba e com uma madeira leve, já as linhas são presas no papelão com espinhos de mandacaru.
É emocionante o depoimento da
artesã Marta quando diz que ama aquele ofício e fica muito triste porque tem
certeza que a renda se acabará em nossas praias uma vez que elas não poderão
repassar sua sabedoria às novas gerações. Marta além de confeccionar a renda,
cria todos os desenhos... É uma artesã completa. Atualmente está afastada de
suas atividades por problemas de saúde.
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