sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

O MERCADO PUBLICO DE CEARÁ-MIRIM

 MERCADO PUBLICO DE CEARÁ-MIRIM

Jeanne Fonseca Leite Nesi

Jornal O Poti – 25/08/1991


Foto: Gibson Machado - 2021

o ano de 1845, o Ceará-Mirim, localidade então conhecida como Boca da Mata, não passava de um simples roçado de algodão e cereais. Manoel Raposo da Câmara, senhor de engenho, e o português Francisco Bernardo de Gouveia construíram suas residências naquele local. Entre as duas habitações, cruzavam-se duas estradas: uma delas seguia de Natal para o sertão, e a outra de Jacoca para os engenhos da margem esquerda do vale.

No ponto daquele cruzamento, na embocadura das estradas para a mata, Luciano Cabral construiu um pequeno estabelecimento comercial, que mais tarde constituir-se-ia num núcleo de comercio com a feira. Aquele núcleo foi gradativamente se desenvolvendo, até tornar-se das maiores povoações da província. Logo outras ruas passaram a compor o povoado. No centro da rua principal, onde se realizava a feira, foi erguido um cruzeiro, símbolo da crença de seu povo.

Na Rua Grande foi construída uma das casas de oração, sob a invocação de Santa Águeda. A povoação de Boca da Mata foi elevada à categoria de vila, pela Resolução Provincial nº 321, de 18 de agosto de 1855, sob a denominação de Ceará-Mirim. Aquela Resolução foi suspensa por uma outra, de nº 245, de 04 de setembro de 1856, sendo finalmente restabelecida em 30 de julho de 1858, pela Resolução nº 370.

A vila de Ceará-Mirim prosperou expressivamente, sendo consequentemente elevada à categoria de comarca, por lei de 12 de agosto de 1859. Finalmente a vila recebeu os predicamentos de cidade, pela Lei nº 837, de 09 de junho de 1882.

A construção do Mercado Público de Ceará-Mirim causou grande movimentação popular. O coronel Onofre Jose Soares obteve do governo provincial a concessão para construir e explorar durante vinte anos, o Mercado público. O prédio foi inaugurado em 1881, conforme inscrição existente na fachada. A feira, que até então se desenvolvia ao longo da Rua Grande, foi obrigada por uma postura municipal, a se transferir para o novo prédio do Mercado Público, fato que causou grande rebeldia popular. A mudança definitiva da feira para o mercado, somente ocorreu após a Proclamação da República em 1889.

O coronel Onofre José Soares, nasceu a 21 de julho de 1821. Sendo homem abnegado e generoso. Prestou relevantes serviços ao Brasil Imperial, ao conseguir grande número de voluntários, com o objetivo de servir e honrar a Pátria na guerra contra o Paraguai. O coronel pertencia ao Partido Conservador, tendo sido um leal e dedicado correligionário do cel. Bonifácio Câmara, nos pleitos eleitorais de sua época.

Além do Mercado, Onofre Soares construiu diversas casas e armazéns na praça do Mercado, a qual atualmente leva o seu nome, uma justa homenagem prestada àquele que realizou uma grande soma de benefícios ao seu Estado. Faleceu o coronel em 1º de maio de 1903, na casa-grande do seu engenho São José, no município de Touros-RN.

O prédio do Mercado Público de Ceará-Mirim guarda ainda seu traçado original, de aspecto simples, implantado no centro da praça. Suas fachadas, de composição simétricas, possuem características neoclássicas, com frontões e platibandas coroadas por elementos decorativos. O prédio apresenta partido de planta retangular, com cobertura de duas águas.

As fachadas principal e posterior do prédio possuem portões centrais de ferro, em vãos de arcos plenos, ladeados por dois óculos. As fachadas laterais apresentam cada uma, três portões de ferro, também em vãos de arcos plenos, intercalados por quatro óculos.

O prédio foi tombado em nível estadual, em 21 de janeiro de 1984, tendo sido restaurado pela Fundação José Augisto. Foi reinaugurado em março de 1987.

 

 

 

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