O
Batiputá é um arbusto encontrado, regionalmente, nos tabuleiros entre as bacias dos
rios Maxaranguape, Ceará-Mirim e Mudo.
A Ocnaceae, Ouratea parviflora conhecida
popularmente como batiputá, é encontrada nos tabuleiros (cerrados) do Nordeste
Brasileiro. O óleo dos frutos tem larga aplicação na medicina popular, por exemplo, na cura de
processos inflamatórios e enfermidades localizadas na pele. O trabalho foi
realizado com o óleo extraído dos frutos, cuja composição em ácidos graxos, foi
determinado por análise qualitativa e quantitativa, pelo processo de
cromatografia de fase gasosa. Através de ensaios microbiológicos "in
vitro", foi avaliada a atividade antifúngica e antibacteriana do extrato
bruto e de seus constituintes insaponificáveis, obtendo-se resultados
expressivos nas concentrações de 500 e 250 ug/ml.
Há um estudo sobre o Batiputá de
autoria, à época, da mestranda Talita Rocha de Miranda Pinto realizado pela Universidade
de Ceará em 2017. Escreve a mestranda que “o Batiputá (Ouratea fieldingiana
(Gardner) Engl.) de cujos frutos pode ser extraído um óleo que é utilizado
tanto na culinária, para fritar peixes e carnes, quanto na medicina alternativa
no combate a dores reumáticas, gripe, gastrite e inflamações. O nome popular
Batiputá é dado no Nordeste do Brasil às espécies do gênero Ouratea,
tratando-se de plantas pertencentes à família Ochnaceae que são plantas
essencialmente arbóreas ou arbustivas, também empregadas em ornamentação urbana
(BARROSO et al., 1986 apud ARAÚJO, 2010). A população costuma fazer uso das
espécies de Ouratea como tônicas e adstringentes (O. castanaefolia e O.
parviflora), como anti-inflamatório e em doenças da pele (O. parviflora) e no
tratamento de doenças gástricas (O. spectabilis) (CORREA, 1974; PAULO et al.,
1986; FELICIO et al., 2004 apud ARAÚJO, 2010)”.
A pesquisadora continua sobre o
estudo: “Avaliou-se o efeito do óleo de Ouratea spp. (Batiputá) sobre a
cicatrização de feridas cutâneas em modelos experimentais in vivo. O óleo
vegetal foi adquirido comercialmente em Fortaleza, Ceará, Brasil, e analisado
química e microbiologicamente. Camundongos (n=30) Swiss, machos, pesando cerca
de 30 gramas foram distribuídos em três grupos (n=10): Grupo I tratado com NaCl
a 0,9%; Grupo II tratado com óleo de Helianthus annus (grupo de referência) e
Grupo III tratado com óleo de Ouratea spp. Feridas cutaneas foram induzidas no
dorso de todos os animais que receberam 100 µL de cada tratamento aplicado na
lesão, diariamente, por 12 dias consecutivos. Parâmetros macroscópicos e a
mensuração da área da lesão foram realizadas diariamente e fragmentos das
lesões foram coletados nos dias 2, 7 e 12 para avaliações histológicas. O óleo
de Ouratea spp. apresentou como principais constituintes os ácidos linoléico
(40,88%) e oléico (28,29%). O óleo de Ouratea sp. iniciou o processo de
retração da área da lesão no 4º dia, enquanto que o óleo de H. annus e NaCl a
0,9% iniciaram o processo de retração da área da lesão no 7º e 6º dia, respectivamente
(p<0,05). O tratamento com o óleo de Ouratea spp. apresentou uma
colagenização mais acentuada quando comparado aos outros tratamentos
(p<0,05). Estes efeitos podem estar associados aos altos níveis de ômega-6 e
ômega-9 presentes nesse óleo. Concluiu-se que o óleo de Ouratea spp. apresenta
um grande potencial terapêutico para uso em cicatrização cutânea.
Palavras-chave: Ouratea spp., Ochnaceae, ácidos graxos, cicatrização, feridas
cutâneas”.
Em 2013 iniciei pesquisa sobre a coleta e produção do óleo de Batí na comunidade de Aningas, em Ceará-Mirim/RN. Saímos bem cedo para o tabuleiro (mata nas dunas) para a coleta do fruto do Batiputá. No tabuleiro, nessa região pesquisada, há predominância de mangabeiras e batiputá. O período da coleta foi no mês de abril de 2013 quando os arbustos de Butiputá estão todos com os frutos amadurecidos.
Seleção dos frutos do Batí - 2013 - Foto Gibson Machado
Após a coleta dos frutos, foi
iniciado o processo de seleção e posteriormente a trituração dos frutos através
do pilão. A trituração concluída, o material passa pelo processo de lavagem
para separar os resíduos de um óleo amarelado. Esse óleo é separado da água e
levado para apuração em um fogo à lenha. Após algumas horas, o óleo ainda quente, é passado em um tecido para retirar os restos de material que ficaram
misturados durante o processo. Finalmente o óleo de Bati está apurado e pronto
para consumo.
A produção e o uso do óleo de Batí é uma herança cultural dos povos originários que habitavam nos vales dos rios Ceará-Mirim, Maxaranguage e Mudo e seu processo de produção artesanal foi transmitido de geração a geração, por essa razão, é patrimônio cultural imaterial. Por ser sua fabricação artesanal muito trabalhosa, está ficando cada vez mais difícil encontra-lo no mercado.
Sobre o Batiputá:
https://repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/28011/1/2017_dis_trmpinto.pdf
https://saboresdacidade.com/chef-bel-coelho-ensina-receita-com-oleo-produzido-pelo-povo-indigena-tremembe-da-barra-do-mundau/
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