GALERIA HISTÓRICA
Engenho Verde Nasce
Texto: Professor Gerinaldo Moura
O Engenho Verde Nasce foi um dos primeiros engenhos fundados no vale do Ceará-Mirim, tendo como fundador o Dr. Victor José de Castro Barroca, ainda na primeira metade do século XIX, pois se tem registros de que entre os anos de 1845/1846, ele estava em pleno funcionamento e ainda hoje conserva parte de seu maquinário original.
Dr. Victor José Barroca era
um homem culto, nasceu no dia 15 (quinze) de junho de 1820 e em 1844 se tornava
Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Olinda (PE), sendo nomeado
para o cargo de Juiz Municipal de Ceará-Mirim além de ter sido eleito Deputado
Provincial na legislatura de 1846 a 1851, tendo falecido em Ceará-Mirim no dia
29 9vinte e nove) de outubro de 1881, aos 61 (sessenta e um) anos de idade.
Seus filhos foram
encaminhados para estudar na Europa, principalmente na França e Inglaterra,
como era costume na época, com um diferencial de que a maioria dos senhores de
engenho direcionava seus filhos para Portugal e França, pois esse era um
costume dos aristocratas do Brasil colônia e Império.
Várias peculiaridades marcaram a história desse engenho, desde o início. Uma delas se refere à casa-grande, que foi tombada pela Prefeitura de Ceará-Mirim em 22 (vinte e dois) de dezembro 1989, e hoje só existe o local sem nenhuma identificação em termos de placas indicativas, apenas parte do alicerce ainda está à mostra indicando o local da moradia.
Era uma casa-grande sem a
beleza, a grandeza e o fausto de outras residências da região como as casas dos
engenhos Cruzeiro, Umburanas e Guaporé por exemplo, seus vizinhos, mas ela teve
um grande valor histórico, social, político e econômico para Ceará-Mirim e o
Rio Grande do Norte.
Na casa-grande do Verde
Nasce, nasceu o escritor Nilo Pereira. Ela também foi local de grandes reuniões
políticas onde o Dr. Victor Barroca recebia seus amigos e políticos como o
Deputado Tarquínio Bráulio de Souza Amarantho. Foi dali que saíram grandes
decisões com relação à debelar a crise que se abatera sobre a cultura
canavieira do vale.
Era uma casa simples, sem
requintes nem ornatos que embelezavam as demais casas de engenho da região,
porém, era aconchegante e ventilada, pois tinha alpendres avarandados que a
protegiam do calor do sol, com uma porta principal e seis janelas.
Nessa-casa grande também
viveu a inglesa de religião protestante a anglicana Emma Barroca, casada com
Marcelo Olympio de Oliveira Barroca, que era o filho mais velho. Emma Barroca
faleceu ainda muito jovem aos 27 (vinte e sete) anos, prematuramente e não foi
sepultada no cemitério da cidade, pois, o mesmo havia sido construído pela
Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento, destinado apenas aos
sepultamentos católicos, tendo em vista a ausência de cemitério público.
E também pelo fato de na
época não existirem pessoas que propagassem outro credo religioso, e a cultura
ser outra, ela não foi sepultada no hoje Cemitério Santa Águeda, fazendo com
que seu esposo a sepultasse em uma pequena colina existente na propriedade,
mandando construir um túmulo para sua amada. O mesmo encontra-se em ruínas e
tomado pelo mato em seu entorno. Nesse local eles costumavam contemplar o
pôr-do-sol.
O Engenho Verde Nasce
continuou de fogo aceso durante todo o século XX, enfrentando crises cíclicas
que se abatiam sobre a economia açucareira, passando períodos parados e outros
funcionando. .A produção do Verde Nasce resumia-se basicamente ao açúcar
mascavo e ao mel, conhecido como o melhor da região.
A particularidade referente ao engenho, está na presença de uma cerca de ferro fundido trazida da Inglaterra e que foi erguida no ano de 1853, que dividia uma parte da propriedade, com um portão de ferro com acesso peculiar, que impedia a passagem de animais e marcava em nosso vale, a presença da Revolução Industrial, além das máquinas a vapor trazidas da cidade de Liverpol.
O engenho possuía também a
casa de purgar, onde ficava o açúcar mascavo em grandes tachos de madeira
escorrendo o mel, que recebia o nome de “mel de furo”, a balança de pesagem e o
secador, onde o açúcar era espalhado ao sol antes de ser ensacado para e
destinado à comercialização. O Verde Nasce era também fabricante de aguardente,
chegando a possuir um bom alambique, bem aparelhado.
O Engenho Verde Nasce ficou sob o comando administrativo da senhora Maria Amélia de Oliveira Barroca no período de 1835 a 1900, quando o mesmo foi vendido ao Coronel da Guarda Nacional Felismino Noronha do Rêgo Dantas, líder político e proprietário de outros engenhos como o Engenho União e o Engenho Guarani e após sua morte, o Verde Nasce foi passando para seus herdeiros de dona Maria Amélia Pacheco Dantas e depois ao Deputado Estadual Herbert Washington Dantas- (Betinho, in memoriam), que o administrou até o ano de 1991 seus filhos.
Segundo Senna 1972), no ano
de 1935 o Engenho Verde Nasce já pertencia ao Coronel Felismino Dantas e
produzira uma cota de 2000 sacos de açúcar mascavo de 60 quilos. O Verde Nasce
era registrado no IAA – Instituto do Açúcar e do Álcool sob o número 1361. No
ano seguinte, ele conseguiu aumentar sua produção para 3000 sacos de 60 quilos.
Só em 1940 é que os herdeiros do Coronel Felismino Dantas passaram a gerenciar
o engenho.
O conjunto arquitetônico do
Verde Nasce, mesmo incrustado na zona rural, sempre teve uma importância e uma
vinculação muito forte com a cidade do Ceará-Mirim, pois as suas atividades
econômica, política e cultural, o transformaram num núcleo ativo e participante
da vida urbana ceará-mirinense.
Fonte: https://www.facebook.com/profile.php?id=100047608250923
Uma pequena mostra da rica cultura desta encantadora e histórica cidade de Ceará Mirim.
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